Hematoma e curativo

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- Se afastem - alguém disse - ela precisa de ar.

Abri os olhos e vi os raios de sol. Senti uma dor instantânea e levei a mão no olho.

- Ela acordou - vozes de meninas diziam sem parar.

- Como ela está? - um menino se abaixou perto de mim e pude ver quem era.

- Jefferson? - o que estava fazendo ali? Senti minha mão molhada e quente e olhei com dificuldade por causa da claridade. Sangue.

- Parece estar bem - o outro homem respondeu - tem que prestar mais atenção, Jake.

- Laura, consegue levantar? - Jake perguntou.

- Acho que sim - ele me estendeu a mão e me ajudou levantar. Olhei em volta, tinha muita gente. As meninas estavam me olhando com cara de pena. Senti o sangue escorrendo e passei a mão novamente.

- Vem, vamos lavar isso - ele disse me inclinando para frente e passando água no machucado.

- Ai, ai - reclamei quando ardeu.

- Desculpa, lava sua mão - ele segurou meu pulso e esfregou minha mão até limpar.

- Vem aqui, filha - o mesmo homem de antes disse colocando uma bolsa de gelo na minha testa - temos que estancar isso. Leve-a à enfermaria, garoto.

- Obrigado, Senhor Oakley - Jake segurou meu braço - Vamos, se apoia em mim.

- Eu consigo andar - disse para Jake - obrigada, senhor Oakley.

Eu e Jake fomos andando até a enfermaria sem trocar uma palavra sequer.

- Olá, Senhorita Dickson. Essa mocinha foi atingida por uma bola de baseball levada e precisa de você - a mulher olhou séria para ele e analisou meu machucado.

- Jesus Cristo, criança. Você fez isso com a coleguinha?

- Sem querer - ele respondeu e eu soltei o ar dos pulmões num riso sarcástico.

- Você preenche essa ficha com as informações que souber e você vem comigo - ela me conduziu até uma salinha e começou a manusear o machucado - você se importaria se ficasse uma cicatriz aí?

- O quê? Vai ficar cicatriz? - falei liberando um pouco da raiva que estava sentindo - desculpa. Não é culpa sua.

- Tudo bem - ela falou rindo fraco - está muito inchado, vai ficar um hematoma com certeza, mas eu posso dar um pontinho só e talvez a cicatriz suma.

- Ponto? - falei triste - Foi tão grave assim? - minha voz estava embargada, queria chorar de tanta raiva.

- Não. Eu estou brincando - ela riu fraco - vou fazer um curativo, o corte foi superficial, é que esse local é hiper irrigado, tem muitas veias pequenas em volta dos olhos. Está com dor de cabeça?

- Sim. Muita.

- Vou te dar um comprimido, mas você não pode dormir - ela me deu o comprimido e terminou de fazer o curativo - preciso ligar para os seus responsáveis, não durma! - disse saindo da sala.

Olhei para a parede branca, ela parecia ter uma mancha preta, olhei para o relógio e percebi que a mancha acompanhou o movimento dos meus olhos.

- Ótimo - disse baixinho batendo a mão na testa. O sono estava me tomando aos poucos.

Meu celular começou vibrar, eram mais mensagens dos meus "papais", mas eu não queria responder.

Nem vi quando adormeci, mas foi por pouco tempo. Até Jake me acordar.

Fog StormOnde histórias criam vida. Descubra agora