Dispensam apresentações

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- Eles não estão aqui, estão? - eu nem sabia qual resposta queria ouvir.

- No aeroporto? Não. Eles estão bem perto daqui e tem um motorista esperando a gente.

Mais a frente havia um homem baixinho com uma plaquinha escrito "Suzy Müller and Laura Campos".

- Seriamos uma bela dupla Sertaneja. Olha esse nome! - disse dando risada e ela também riu.

- Não precisava da plaquinha, Robert. Eu te reconheceria até do outro lado do aeroporto. - Suzy já tinha ativado seu inglês e meus ouvidos estavam atentos, eu podia ouvir cada batida do meu coração. O homem levantou as mãos pra cima e deu dois passos para trás, lançando a plaquinha na lixeira e sorriu ao acertar em cheio.

- É um prazer revê-la, senhorita Müller. E seja bem-vinda a Califórnia, senhorita Campos - ele me estendeu a mão.

- Obrigada! É um prazer te conhecer, Robert. - estendi minha mão pequenina para cumprimentar.

- Mãos geladas. Ar condicionado? - ele perguntou enquanto soltava minha mão. 

- Que nada! Ela vai conhecer a banda agora e tá tremendo igual vara verde. Olha a cara dela - Suzy disse e eles olharam para minha cara rindo. Eu coloquei as mãos nos olhos e fiz uma encenação de um choro de manha.

- Se ela soubesse o quanto eles são uns manés. - Robert inclinou a cabeça lateralmente ao dizer isso.

- Ah, ela tem tempo pra descobrir - respondeu Suzy.

- Eu tô aqui. Vocês podem falar comigo e me incluir - disse dando de ombros e rindo com eles. 

Até que não estava sendo tão difícil entender e falar inglês até aquele momento, mas eu sabia que os caras da banda falavam bem rápido.

Pegamos nossas malas e levamos até o carro. Robert dirigia em alta velocidade. Não tinha dado dois minutos que havíamos saído do aeroporto e ele estacionou na frente de uma casa.

Olhei para o lado, e vi o portão da garagem abrindo. De repente, vi umas silhuetas sendo reveladas, através da claridade que adentrava o local. Eu já podia ouvir os anjos cantando num coro celestial e então ELES estavam bem ali, a 12 metros de mim.

- Não consigo respirar – sussurrei em português com os olhos cheios de lágrimas.

- O quê? – perguntou Robert em inglês, virando para trás, pra me olhar. Ele tinha um sorriso enorme estampado no rosto. E eu não conseguia me mexer.

- Não consigo respirar – repeti olhando para Suzy.

- Ai meu Deus, ela tem asma, Robert! Abre a porta do carro pra ela respirar – nesse momento ela e o homem saíram do carro. Suzy revirava a bolsa em busca da minha bombinha, Robert me puxou para fora do carro e me sentou na calçada – Não estou encontrando. Merda!

- Na minha mochila tem uma – disse com muita dificuldade, o ar não conseguia entrar, nem sair dos meus pulmões. Suzy puxou minha mochila de dentro do carro e jogou tudo no chão. Ela estava em pânico, não poderia culpá-la se algo tivesse sido quebrado. No meio das minhas nécessaires¹, lá estava a bombinha sorrindo para mim.

Assim que ela me entregou, inalei 3 vezes o conteúdo da bombinha e pude sentir um formigamento nas minhas pernas e nos meus braços. Adrenalina.

- Tá tudo bem – disse Robert abaixando na minha frente – eles não são uns manés, eu tava brincando – o homem tentou descontrair. Comecei a rir enquanto ele me ajudava a levantar.

Robert olhou atrás de mim, onde a banda estava, dentro da garagem.

- Ela não morreu! – ele gritou jogando os braços pra cima.

Fog StormOnde histórias criam vida. Descubra agora