Capítulo 3

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Aviso de gatilho: Cenas gráficas de violência.


Jungkook estava com fome. Ele via as pessoas entrando e saindo da lanchonete, seguindo suas vidas sem o enxergar ali, no canto da calçada, pedindo dinheiro para se alimentar. Aquela já era uma sensação tão conhecida por ele que às vezes era fácil ignorar, porém naquele momento estava no auge, seu estômago já estava dolorido por estar a quase dois dias sem comer nada e quando comia era tão pouco que não seria possível saciar-se. Mas, o que poderia fazer, certo? Emprego não conseguia. Escola não havia terminado. Talento? Não tinha nenhum, então o melhor era contar com a bondade de uma ou outra pessoa.

Ele então voltou a pedir dinheiro, implorando aos céus para uma alma caridosa o ajudar.

A alma caridosa somente apareceu a Jungkook bem mais tarde naquele dia, após as dezesseis horas, quando já pensava que iria desmaiar de tanta fome. A pessoa não deveria ter mais de doze anos de idade e lhe estendeu o que parecia ser um sanduíche embrulhado.

— Mamãe pediu para te entregar.

O rapaz piscou confuso por um instante, até seguir o dedinho da menina, que apontava para uma das funcionárias da lanchonete, acenando na sua direção.

— Você parece doente. Anda coma logo. Eu... acho que deveria ter trago mais de um.

Jungkook já conhecia a garçonete, ela sempre o dava comida, mas nunca tinha visto a filha dela. De certa maneira, ele estava feliz por ela confiar suficiente nele para mandar uma criança para perto, provavelmente se soubesse tudo o que já tinha feito e como era uma pessoa ruim, nunca deixaria tal coisa.

— Obrigado — Ele respondeu, delicadamente aceitando a oferta a garotinha.

— A mamãe disse que você pode tomar banho lá se quiser. É só esperar até a hora de fechar e ir para a parte e trás.

— E-eu agradeço, mas não vou atrapalhar o trabalho dela.

— Só esteja na parte detrás. Você sabe o horário que fecha, não sabe?

Jungkook sorriu da melhor forma que conseguiu.

— Você é bem teimosa para uma menininha tão pequena.

— Aprendi com mamãe.

Ele riu, agora realmente com sinceridade. A menina era tão pura, ele sentia saudades de estar em um ambiente com crianças, sendo de certa maneira, uma. Mas agora, aquilo era uma lembrança do passado.

— Esteja mais tarde na parte de trás.

A menina então se virou e foi até a mãe, que deu um sorriso para Jungkook antes de fechar a porta de saída dos funcionários. O rapaz sorriu, agradecendo pela bondade da mulher e sem demora comeu o sanduíche, sentindo a fome se apaziguando por algum tempo.

Após terminar de comer, ele resolveu andar pelos arredores, tentando talvez encontrar mais comida ou alguém para lhe dar uma esmola. Como sua vida tinha parado naquilo? Nem o rapaz sabia explicar.

Ele então seguiu por um caminho já conhecido, pedido por comida ou dinheiro, contudo era bastante difícil conseguir algo, mas às vezes, quando conseguia, era por mulheres, que mesmo sempre com medo do que lhes poderia acontecer perto de um morador de rua, ainda assim lhe entregavam algumas moedas ou cédulas, ele sempre seria grato, mesmo que nunca pudesse agradecer.

Quando já passavam das vinte horas, ele fez o caminho de volta, indo para a lanchonete, pois sabia que o estabelecimento fechava às vinte e uma horas e mesmo negando, gostaria muito de um banho; há tanto não podia tomar um desses que já tinha sujeira agarrada como crosta no seu corpo. Era horrível, o rapaz quis chorar somente em pensar em tal coisa.

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