Não tire as mãos do volante, Jisoo!

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Ela nunca tinha se arrependido tanto em toda a sua vida, mais uma vez sua tentativa de ser uma boa esposa a havia levado pelo cano, ou melhor, estava prestes a leva-la diretamente para sete palmos debaixo do chão. Jisoo no volante, perigo constante. Ela estava segurando o cinto de segurança com toda força que estava prestes a rasga-lo, nunca na vida Jennie Kim sentiu tanto medo de passar dessa pra melhor.

– Relaxa, amor, não vai acontecer nada, eu prestei atenção em como você dirige, e esse carro é semi automático, vai dar tudo certo! – pra ela era fácil falar, quero ver dizer o mesmo dos eletrocardiogramas que Jennie faria se saísse dali viva.

– [...] Santificado seja o Vosso Nome... – sim, ela estava mesmo rezando, não que achasse que Jisoo poderia bater o carro, ela não achava isso, ela tinha era certeza! Jisoo não gostou muito de saber que ela já estava encomendando a própria alma, se estava com tanto medo assim nem deveria ter entrado no carro. Mas convenhamos, ela estava mais preocupada com o carro que custou uma fortuna do que com ela mesma.

– Jennie, para de ser medrosa, não vai acontecer nada!

Elas estavam em uma rodovia bastante parada, era uma das estradas que dava acesso à cidade vizinha, mas não era muito usada já que as pessoas da outra cidade não se davam muito bem com as pessoas de Seul, eu não sei dizer porque, a vida é assim mesmo. Mas como ela sabia que tinha azar por natureza, tinha quase certeza de que um carro poderia aparecer do nada, não tinha uma única nuvem no céu, mas um raio poderia cair e derrubar uma árvore no caminho, algum poste poderia cair na sua cabeça, qualquer coisa, ela sabia muito bem com quem tinha casado.

– Tudo bem, já pode dar a partida. – falou Jennie por fim enquanto se benzia e beijava um amuleto que tinha colocado no pescoço.

– Cuzona.

Ela não se importava de xingar a esposa, e ela não estava mais nem aí, ia morrer mesmo, e aliás, ela estava mesmo com medo, nem tinha pra que ficar dizendo que não, porque estava. Jisoo deu a partida e Jennie mais uma vez apertou o cinto de segurança com as duas mãos, tentou respirar, mas nem isso ela estava conseguindo, e quando sentiu o carro saindo do lugar que o coração quase saiu pelo nariz. E a Jisoo lá se achando a piloto de fórmula 1, Lewis Hamilton em pessoa! Tudo bem, o carro estava andando devagarinho, tudo nos conformes, 10km/h pra ter certeza de que nada sairia do planejado, Jennie já estava começando a se acalmar quando as ironias da vida – ai que vida – lhe pregaram mais uma dessas peças de matar a mais velha. Uma ladeira surgiu do além e o carro começou a descer e a ganhar velocidade. Jennie quase teve um surto, e Jisoo ficou toda atrapalhada. E o que era 10km/h foi pra 40km/h e o que era 40km/h foi para 60km/h. E o que era uma pessoa completamente segura de si foi para uma pessoa que já estava concordando com a esposa de que as duas iriam morrer!

– Jisoo, não tira as mãos do volante! – ela gritou ao mesmo tempo que o coração trocava de lugar com o fígado, quando viu que Jisoo já tinha largado o volante e desistido da vida.

– A gente vai morrer! – ela gritou que nem uma louca, que basicamente é o que ela já é.

– Pisa no freio!

Claro animal, a inteligência do mundo todo aqui nem tinha pensado em pisar no freio ainda. E como vocês sabem que ela é a pessoa mais atrapalhada e azarada do planeta Terra – ou Júpiter, ainda não situamos em que planeta ela realmente vive – no lugar de pisar no freio, o pé dela foi diretamente no acelerador. E o que era 60km/h foi na velocidade da luz para 120km/h. Agora sim o estomago tinha virado do avesso. E o "A gente vai morrer" tinha virado uma certeza absoluta entre elas. Mas como nós aqui pessoinhas saltitantes amantes de unicórnios sabemos, protagonista não morre, protagonista tem que ficar vivo até o final da novela. 

Ta, eu sei, isso não é uma novela, mas por favor, me deixem ser feliz e fingir que é – cara de sonho frustrado – eu sei que no futuro eu terei minha própria novela. Desculpa, eu fico só chateando a vida de vocês com meus desabafos, parei. Jennie conseguiu meter o pé no freio antes que o carro começasse a capotar. Foi uma parada tão brusca que as duas ficaram estáticas só olhando para o além e pensando em como escaparam fedendo dessa. Dois segundos depois o Air Bag abriu. Se fosse um acidente de verdade elas teriam morrido, eu estou achando que uma certa concessionária vai receber um processinho gostosinho essa semana. A morena estava lutando para enfiar o Air Bag de volta, mas a missão estava fracassando, Jennie com raiva meteu uma de suas médias unhas feitas nela e estourou, queria mais nem saber de nada. 

– Vamos pra casa, eu vou matricular em uma autoescola, dessas que as pessoas não têm amor pela própria vida.


(...)


Jisoo estava frustrada, a primeira tentativa de aprender a dirigir nem tinha sido tão ruim assim, ta tudo bem, foi ruim, mas teria saído tudo bem se aquela ladeira não tivesse aparecido ali no meio da estrada. Quem coloca uma ladeira no meio da estrada? Esquece. E como toda mulher faz quando está triste ou com raiva, ou os dois. Ela estava comendo, agarrada com um pote de sorvete querendo matar um guaxinim de tanta raiva que estava pelas coisas nunca darem certo com ela, e pra completar estava assistindo um capítulo bem meloso da novela das sete. Foi aí que Jennie passou por ela como quem nem queria nada, não devia ter passado.

– Jennie ! – ela chamou, eu falei que ela não devia ter passado pela sala.

Por três segundos Jennie pensou se ia ou se continuava andando em direção à cozinha, ela olhou pro calendário e descobriu o problema, dia 13, três dias antes "das regras de mulher", porque eu amo falar que nem a minha vó. E isso significava o quê? 

TPM. 

Tempo Para Matar. 

É ela já estava com raiva depois do que aconteceu com o carro, Jennie não podia arriscar que acontecesse mais nada. Não queria dormir no sofá de novo. Então a mais velha foi até ela, sentou no sofá ao lado dela com o coração na mão.

– O que foi, meu amor?

Gente, Jisoo olhou com uma cara de cachorro com fome.

– Você acha que eu sou um desastre? – ela perguntou já começando a chorar, se agarrou na cintura dela e escorregou pro colo que nem manteiga derretida. Jennie estava no meio daquele impasse mental, ou fala a verdade e apanha, ou mente e tenta manter a mentira até enquanto der, até porque o mundo inteiro sabe que Jisoo é mais desastre do que o furacão Katrina.

– Claro que você não é um desastre. – ela escolheu mentir, não é nem louca de falar a verdade e perder o pescoço e ela estava perto de um pedaço dela que era muito precioso.

– Então por que as coisas vivem dando errado comigo?

Ah minha filha, você está perguntando isso pra Jennie, ela ainda não se tornou uma mãe de santo de ultimo nível pra conseguir responder isso.

– É só impressão sua. – ela não sabia o que falar.

A morena continuava triste e chorando como se o mundo fosse acabar. E Jennie não estava conseguindo pensar em nada que pudesse alegra-la, ela não queria dormir do lado de uma mulher que chorava e fungava a noite toda.

– O que eu posso fazer pra te alegrar?

Ela estava tão sem ideia que achou melhor perguntar, não tinha como ser muito caro, mais caro que o carro não tinha.

– É que eu queria ter um filho

Como NÃO ser a mulher perfeita {ADAPTAÇÃO JENSOO} G!POnde histórias criam vida. Descubra agora