O Dia Que Jisoo Foi Embora

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Quando se é rica, não existe fila de hospital, não existe SUS, não existe tristeza e agonia de espera para ser atendido, ser rico é só alegria! E lá estavam elas, sentadinhas calmamente – só a Jennie estava calma – enquanto o médico analisava os últimos papéis.

Ter um filho é uma coisa muito importante, e como Jisoo já tinha 26 anos e tinha dado pra caramba e nunca engravidou, as duas decidiram ir ao médico pra saber se tudo estava nos conformes. Só pra não se encher de esperança e depois ter seus pobres corações quebrados.

– É, pelo que estou vendo aqui a senhora não vai poder engravidar pelos próximos 12 meses ou mais. – o médico falou enquanto olhava alguns papeis, Jisoo já estava pronta para começar a chorar e convencer Jennie a adotar uma criança – Porque a senhora já está grávida!

Jennie está D-E-S-M-A-I-A-D-A!

– Amor, ouviu isso? – é claro que ela ouviu, monga – Nós vamos ter um bebê!

– Onde fica a sala do cardiologista?


(...)


Depois que Jennie passou no cardiologista e tomou uns remédios aí, elas foram pra casa. Jisoo não cabia dentro de si e já estava até conversando com o próprio umbigo. Vocês sabem que a Jennie é muito insensível e já estava querendo interna-la no primeiro hospício que encontrassem pelo caminho. Era alegria demais pra uma pessoa só, parecia até que ela tinha roubado o Oscar por melhor atuação – delírio total – e quando chegou em casa...

– A gente tem que comprar as coisinhas, berço, guarda-roupa, os brinquedos, Ai! As roupinhas! – ela não estava falando, estava gritando mesmo.

– Jisoo – vamos contar quantas vezes ela vai tentar chamar a atenção dela.

– E tem que ter um abajur combinando... – e ela falando.

– Jisoo – segunda vez que ela chama.

– Ah! E nós podemos pintar as paredes com cores coloridas... – ela realmente não estava nem aí pra ela.

– Jisoo, você está me ouvindo? – perdeu a paciência já.

Ela parou, ficou quieta por uns dois segundos olhando pra ela, no fundo se sentindo um pouco culpada por estar a ignorando assim tão na cara dura. Jennie respirou fundo, passou as mãos pelos longos cabelos e se sentou no sofá, ela parecia estar nervosa, impaciente como quem queria falar, mas ao mesmo tempo não falava. Jisoo apenas a observou, sabia exatamente como ela estava se sentindo, era sua mulher, ela a conhecia bem. Sim, ela a conhecia bem, talvez nem se desse conta do quanto a conhecia, sabia que ela queria falar, sabia que ela estava sem jeito. Jennie era complicada, mas ela gostava tanto daquela complicação toda.

– Jisoo, será que você ainda não se deu conta de onde chegamos? – ela perguntou, estava séria e olhava pra ela como quem nem sabia que sentimento usar. Que sentimento cabia.

– O que quer dizer com isso? – ela ainda não estava entendendo muito bem, aquela pergunta poderia ser referente a qualquer coisa. Ela ficou distante, de pé, não queria olhar diretamente pra ela, parecia até mesmo estar com vergonha dela.

– Ta tudo errado. – ela respondeu – Não era pra ser assim, as coisas não deveriam estar dessa maneira, não foi assim que eu planejei.

Plano, pra ela tudo ainda era um plano, e não conseguia acreditar que Jisoo estava mesmo gravida, um filho era uma ligação eterna, pra sempre Jisoo estaria em sua vida, e não era isso que ela queria, ou apenas fingia não querer. Ela estava confusa, mais do que confusa, não sabia que sentimento ter, que sentimento se deixar ter, logo ela que sempre foi tão livre e fez tudo que queria, agora tudo que queria era ficar em casa com seu filho e sua esposa. Nem parecia mais consigo mesma.

– Eu não planejei isso, Jennie, tudo o que eu queria era encontrar alguém legal pra ficar comigo, ter uma família, tudo o que eu queria era ser feliz! – uma lágrima escorreu solitária em seu rosto, ela estava mal, não queria estar se sentindo triste justamente naquele momento, mas ela estava, estava triste, magoada com ela, Jennie parecia  querer ficar distante, como se ela não fosse o suficiente para si.

Então ela se foi, deixou Jennie sozinha na sala e tomou seu rumo para o quarto. Estava muito magoada. Deitou-se na cama, encolheu e abraçou seus joelhos, olhava para o vazio, e simplesmente chorava, chorava calada, deixando apenas que suas lágrimas caíssem, tudo o que queria naquele momento era fazer Jennie sentir o quanto ela era importante pra ela. E sabem o que a louca fez?

 As malas.

Isso mesmo, ela pegou uma mala enorme e saiu colocando tudo o que via pela frente, suas roupas, suas joias, tudo o que achou por lá. E depois de arrumar tudo, ela ainda foi até o quatro de Haneul e pegou ele, simplesmente pegou algumas coisas do bebê, colocou Haneul no colo e partiu. Passou pela sala e Jennie ainda estava lá sentada, quando ela viu aquela cena quase coloca os bofes pra fora, coitada.

– O que você vai fazer? – ela perguntou perdida da Silva.

– Eu estou indo embora! – disse ela, arrastando a mala até a porta com Haneul e tudo – Se você for continuar com essa de "eu não planejei isso", eu que não vou ficar aqui com você, adeus, Jennie! – ela abriu a porta.

– Mas Jisoo... – ela ia falar alguma coisa.

– Agora é tarde demais. – ela já estava ficando convencida – Estou indo.

– Mas Jisoo... – ela tentou falar de novo.

– Adeus, Jennie! – e ela fechou a porta na cara sem deixar ela terminar a frase.

Isso não faz sentido! 

– Mas Jisoo... – ela queria terminar aquela frase, nem que fosse só para a porta – O filho é meu, você não pode levar.

Mas já era tarde demais, Jisoo já tinha ido embora com Haneul e tudo, sem se importar com o fato de que ele não era filho dela, e de Jennie poderia acusa-la de estar raptando seu filho, ela poderia ser presa, mas não estava nem aí, tudo o que queria era mostrar para Jennie Kim que ninguém magoa os sentimentos dela.

Ninguém. 

Como NÃO ser a mulher perfeita {ADAPTAÇÃO JENSOO} G!POnde histórias criam vida. Descubra agora