Quando o "Por Acaso" se torna Amor

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Jisoo encarou a TV por longos segundos, enquanto a entrevista com Jennie prosseguia, não conseguia acreditar no que tinha acabado de ouvir, era como se aquilo tivesse sido um soco bem no meio do seu estômago. Não conseguia acreditar, ela deveria ter dito só da boca pra fora.

– Você não acha que já ta na hora de acabar com essa birra e voltar pra casa de uma vez por todas? – Rosé perguntou bastante séria, ao mesmo tempo que se levantava para pegar Haneul, já que Lalisa tinha dormido no chão com a criança em cima dela.

– Não sei se ela estava falando a verdade quando falou que me amava, se me amasse teria ao menos ligado, mas não ligou. – a morena estava séria, e nem olhava para Rosé.

– Só tenta dar uma chance, Jisoo, pelo menos uma vez assuma que o problema pode ser você, e não os seus casamentos!

Rosé foi embora com Haneul, deixando Jisoo completamente estagnada, nunca tinha visto Rosé falar com ela daquela maneira, nunca tinha parado pra pensar que o problema podia ser ela mesma. Claro, sempre foi tão incompreensível, nunca deu chance para que se defendessem, era sempre ela, sempre ela que se achava com razão. Sim, o problema era ela, e nunca tinha conseguido assumir isso, tudo o que Jennie queria era que ela a compreendesse, aquilo estava sendo pressão demais, ela já havia sofrido demais com a perca da mãe de Haneul, tudo o que menos queria naquele momento era que acontecesse novamente, mas ela só conseguiu compreender naquele momento. E torcia para não ser tarde demais. Amava Jennie, só então conseguiu perceber, e estar longe dela feria seu coração, Jennie se tornara muito para ela, não uma simples aventura louca, mas um "por acaso" que se tornou amor.

– Mas o que eu vou fazer?

Sua atenção se voltou novamente para a TV, viu que a entrevista ainda não tinha terminado, e que tinha acabado de voltar dos comerciais, Jennie ainda responderia mais perguntas.

– Então, Jennie, animado com o segundo filho? – a apresentadora perguntou já mais normalizada.

– Bastante, espero que seja uma menina dessa vez, ela vai ter um irmão mais velho pra ficar de olho nela.

Jisoo riu sozinha em casa, Jennie realmente pensava em tudo, até em como estragaria os possíveis relacionamentos de uma filha que não tinha nem nascido ainda.

– E o que você vai fazer se a sua esposa não voltar?

Aquela era a pergunta que Jisoo estava esperando, ficou aflita por longos segundos, segundos que pareciam ser uma eternidade, Jennie estava demorando para responder, uma demora que era torturante para ela. A morena meneou a cabeça para ambos os lados algumas vezes, encarou a câmera, ela podia sentir como se ela a estivesse encarando bem de perto.

– Eu vou busca-la, e vou traze-la de volta, nem para que para isso eu tenha que amarra-la e coloca-la no porta-malas do carro. – ela estava séria, mas depois que sorriu de canto, Jisoo não duvidava que ela fosse capaz de fazer isso – Sabe por que, Jisoo? Porque eu amo você, e vou te provar isso, nem que eu tenha que fazer uma loucura, por você eu sou capaz de tudo, me peça o que você quiser, que eu te darei, só por amor a você. 

Nesse momento ela se lembrou de tudo o que já haviam vivido, de todos os seus momentos felizes, de todos os sorrisos, e de todas as noites de amor, de seus caprichos, de suas manias, como conseguiu viver longe dela por cinco dias? Que loucura era essa de a abandonar sem mais nem menos? Amava Jennie, e não podia viver mais nem um segundo sem ela. Levantou-se do sofá em que estava e foi correndo até o quarto onde estava Rosé e Haneul, pegou a criança no colo, e as chaves do carro – ela já tinha tirado carteira, graças a um milagre muito grande – encarou Roseanne de forma determinada, respirou fundo e caminhou em direção à porta.

– Pra onde vai? – Rosé perguntou meio confusa com a cena.

– Eu estou indo agarrar a minha mulher! – falou ela, de maneira absoluta, e nada no mundo iria impedi-la de fazer isso.

Rosé sorriu, aquela sim era a mulher que conhecia.

– Boa sorte.

– Obrigada.

Jisoo prendeu bem o cinto de segurança da cadeirinha do menino, deu marcha ré e saiu da garagem da casa da irmã. Ligou o rádio para tentar relaxar, mas não relaxava de maneira nenhuma, só conseguia pensar no que iria fazer, até mesmo a imagem da estrada sumia de seus olhos, ela só conseguia enxergar os olhos de Jennie, era como se ela olhasse profundamente dentro de sua alma, como se a tocasse, tudo o que ela queria era chegar logo, poder abraça-la e beija-la, e dizer que nunca mais iria embora. Mas o trânsito não ajudava, então teve que adiar um pouco mais esse momento, e parada naquele sinal, ela teve a sensibilidade de ouvir a canção que tocava, e por acaso, talvez destino, era a mesma musica que Jennie costumava cantar para ela. 

"Se a vida é um filme, você é a melhor parte". 

Ela sorriu, o tempo todo ela declarou seu amor, mas era cega demais pra poder enxergar isso. Ela não era do tipo que simplesmente dizia "eu te amo", ela demonstrava isso, demonstrava que a amava, cantava de seu amor, ela só precisava ouvir, ver. Não, não foi por acaso, foi por pura sorte, sorte de encontrar alguém que a completasse, que a fizesse feliz.

– Jennie.

Ela acelerou quando o sinal abriu, e ao longe conseguir ver a torres da emissora onde Jennie estava, não sabia nem como conseguiria entrar, mas sabia que iria entrar de algum jeito, nem que tivesse que agredir o guarda. Seu carro parou na frente da cancela listrada, o guarda veio em sua direção, ela já esperava pelo grande "Não tem autorização para entrar" que ele diria. Mas não, o guarda simplesmente a encarou e sorriu.

– Sra. Kim. – claro, ele a reconheceu, e tinha como não reconhecer? Ela estava estampada na maioria das capaz das revistas ultimamente, e agora com a noticia da gravidez, estaria ainda mais vezes – Sinto muito, não fomos avisados que a senhora viria, vou fazer uma ligação. O rapaz se afastou mais um pouco enquanto falava em uma espécie de comunicador com alguém, não demorou muito para voltar novamente com um grande sorriso no rosto – Alguém virá para acompanha-la até o estúdio onde sua esposa está, estacionaremos seu carro.

Ela saiu do carro, pegou Haneul e entregou as chaves para o guarda. Um carrinho – desses que vemos no vídeo show – veio busca-la, com outro rapaz nele. Ela subiu com Haneul no colo e foram em direção ao estúdio. Não demorou muito e logo ela viu as paredes estampadas com o nome do programa e umas coisas bem coloridas, não podia ser outro lugar. Seu coração palpitou mais forte ao sentir que Jennie estava perto, logo não teria mais que ficar longe dela.

– Por aqui, senhora. – o rapaz disse.

Ser esposa de Jennie Kim tinha muitas vantagens, outra pessoa não entraria com tanta facilidade ali, nem pensar. Teve que tomar cuidado para não tropeçar em nenhum cabo e nem esbarrar em nenhum câmera, estava lotado de pessoas que caminhava de um lado para o outro, o programa era ao vivo e nada podia dar errado ou estragaria tudo. Foi quando ela a viu, sentada naquele sofá tentando responder mais uma pergunta que com certeza seria bem complicada. Sorriu, ainda daria tempo de dizer tudo a ela, de falar que a amava de verdade, chegara a hora, a hora de assumir de vez que não conseguia viver sem ela, assumir que era amor.

Entregou Haneul para o rapaz que estava ao seu lado, pois com certeza o soltaria de tão trêmula que estava. Suas pernas travaram, ela ficou parada a poucos centímetros do chão do cenário, como se seu ar saísse de seu pulmão, como se seu coração não conseguisse mais bater, como se suas pernas não respondessem mais, queria tanto se aproximar, mas não conseguia, algo a travava. Mas ela olhou para ela, ela a viu, como se o destino a chamasse, ela a viu ali parada, sorrindo para ela, ela estava ali, estava ali por ela, estava ali pra ela, pra nunca mais a deixar sozinha. 

Ela se levantou do sofá, correu em sua direção como se o mundo não mais existisse ao seu redor. Ela a abraçou, a olhou em seus olhos e por fim a beijou, beijou como se fosse o ultimo beijo do mundo, como se precisasse daquele contato para sobreviver, como se aquele fosse o seu ar. Como sentiu falta daquele beijo! Era tanta saudade contida, quanto amor guardado, o suficiente para sufoca-la se não a beijasse novamente. Quando seus lábios se desgrudaram, sorriram novamente uma para a outra.

– Eu te amo, Jisoo, nunca mais fique longe de mim. 

Como NÃO ser a mulher perfeita {ADAPTAÇÃO JENSOO} G!POnde histórias criam vida. Descubra agora