O Tempo Passa!

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-Vamos Andrea, o voo não vai nos esperar- eu peguei minha mala e arrastei até a sala olhando para a expressão brava dele e sua mala de mão afinal ele só ficaria lá até amanhã.

-Já estou aqui, podemos acabar com a tortura de me chamar pra lá e pra cá né- ele levantou o rosto e eu passei ao seu lado com minha mala indo para fora da casa, dei um suspiro fundo olhando para o jardim embaixo dos meus óculos de sol franzindo o cenho vendo o carro a minha frente.

-Senhores Torricelli, boa tarde, levarei vocês ao aeroporto- eu coloquei minha mala no porta-malas com ajuda do motorista e me pai colocou a dele, entrei no carro e o calor deixou de me atingir por conta do ar condicionado.

-Por que diabos você está vestindo essas blusas de frio mesmo no calor Andrea?- ele pegou meu braço e eu puxei de volta para mim dando um encontrão contra meu corpo.

-Não mexa no meu braço- ele me olhou estranho e fechou o vidro que nos dividia do motorista.

-Andrea deixa me ver esse braço adesso!- ele sempre fala italiano comigo quando está bravo e dessa vez não foi diferente, estendi meu braço e ele segurou levantando a manga até a metade do meu braço expondo os cortes no começo do braço e se estendia até a metade- Andy...- eu puxei meu braço e voltei a manga no lugar e olhei para baixo.

-Tá tudo bem pai, essas são antigas já- ele me puxou para um abraço meio desajeitado e eu retribui- Chega pai- ele me soltou e segurou minha mão.

-Desculpa por não ter te dado atenção o suficiente e ter que chegar nesse ponto- eu sorri amarelo me encostando na janela olhando para o dia ensolarado lá fora, um bom dia para ir a Paris.

Chegamos e tiramos as malas do carro, iríamos no jatinho do meu pai, subimos as escadas e eu me sentei no meu lugar e pedi um suco de uva para a aeromoça que logo trouxe junto com o whisky do meu pai, ele tem bebido muito ultimamente.

Eu dormi o tempo todo, nem notei quando chegamos, senti meu pai me chacoalhar e passar as mãos nos meus cabelos até eu acordar, pisquei meus olhos e olhei lá pra fora vendo o aeroporto de Paris.

-Bora filhão, hora de ir- me levantei e cocei meus olhos logo saindo atrás do meu pai.

-Paris!- inspirei fundo puxando o ar quente do verão e comecei a andar em direção ao carro que veio nos buscar para levar o hotel.

O hotel era grande, de arquitetura antiga e todo branco com algumas colunas douradas. Entramos para fazer o check-in, depois fomos para o restaurante almoçar, tínhamos saído muito cedo e não almoçamos.

-Eu quero um risoto de funghi- fiz um sinal de vômito para o pedido dele.

-Eu quero macarrão com molho branco e um suco de abacaxi- o garçom anotou nosso pedido e levou os cardápios da mesa. 

-O quarto que pegamos é muito bom, na esquina do prédio, da pra ver tudo de lá- ele bebeu um gole do vinho tinto que ele tomava.

-Imagino que seja, posso experimentar?- apontei para a taça na mesa.

-Garoto você tá abusado, pode- peguei a taça e girei fazendo o vinho mexer, coloquei ela perto do nariz e cheirei, amadeirado, dei um gole e deixei descer pela garganta colocando a taça no lugar.

-Uma delícia, parece aquele Poggio Al Tesoro que você comprou uma vez para o aniversário da mamãe- ele bebeu um pouco da taça e levantou as sobrancelhas.

-Você gostou daquele, eu lembro, você e sua mãe dividiram a garrafa e eu tomei só uma taça- rimos do comentário e nossa comida logo chegou, eu terminei de comer primeiro então fui até o quarto ver a vista e deixei ele pagando a conta. Peguei o elevador com uma mulher de cabelos longos e brancos me lembrando da Meli, mas impossível ser ela. Ela vestia uma roupa formal, saltos e parecia nervosa, batia o salto e batia a chave no dedo indicador. 

Saí do elevador, andei pelo longo corredor e fui até a minha porta, o quarto era incrível, tinha uma grande sala e duas portas que eram os quartos, era um apartamento e não só um quarto, sentei no sofá e repousei minha mão em cima de algo, levantei rápido e vi um chocolate embrulhado, abri e comi.

-Típico belga- levantei e fui até a varanda, abri as portas e olhei para fora, ouvi as buzinas e olhei para a cidade a fora, tudo era branco, vi alguns carros esportivos andando pela cidade e inspirei mais uma vez o ar quente do verão e fechei meus olhos deixando o vento bagunçar meus cabelos que já estavam grandes.

Me sentei no sofá e liguei a TV logo me entretendo com um desenho animado, pedi algumas sobremesas para suprir minha vontade de pegar uma lâmina e refazer os cortes, lembrei das marcas de cigarro que tinham nas minhas costas e passei a mão por umas das que ficavam no pescoço, tirei meu casaco e minha camiseta e deitei de volta no sofá, acabei dormindo com a TV ligada.

Eu acordei já no dia seguinte, meu pai disse que eu dormi tão gostoso que resolveu não me acordar pra jantar. Me levantei do sofá meio doído, fui no banheiro, fiz minha higiene matinal e fui me trocar. Coloquei uma camiseta manga longa cinza, uma calça preta e meu all star preto que eu pintei uma caveirinhas, peguei meu óculos de sol e minha mochila e fui tomar café com meu pai lá embaixo.

-Bom dia pai!- eu me sentei em frente à ele e ele comia bolo e tomava suco de laranja.

-Bom dia campeão!- ele continuou comendo e tomou o café logo após o suco.

-Eu vou pegar o que eu quero lá no self service- eu peguei bolo de chocolate, iogurte com granola, suco de laranja e biscoitos amanteigados- Sabe que faz tempo que eu não como esses biscoitos- apontei pros biscoitos no prato e me sentei.

Comemos rindo e conversando sobre como funcionaria as visitas na Instituição, ele viria as sextas e ficaríamos juntos durante o fim de semana, eu faria o terceiro ano lá dentro e teria acompanhamento psicológico e psiquiátrico, seria como uma casa de repouso, mas eu não poderia ver meus amigos, não levaria fone de ouvido, sem fios, sem cordões ou lâminas. Terminamos de comer e saímos no Audi, coloquei meu fone de ouvido que deixaria no carro quando chegasse e o motorista nos levou. A cidade estava agitada, mas quando chegamos na estrada para o interior era calmo e dava para ouvir os passarinhos.

Estacionamos e eu desci do carro pegando minha mochila e encarando as moças do lugar percebendo que era a moça do elevador, ela olhou espantada quando meu pai saiu do carro e se virou. Melinoe, era ela em carne e osso.

-Massimo- ele se surpreendeu e colocou as mãos no meu ombro.

-Melinoe?- ele tirou os óculos mostrando os olhos verdes arregalados e surpresos, mas felizes, eu sorri pequeno lembrando da mulher que era uma parte tão importante da minha vida.

Oii gente como vocês estão? Espero que bem, essa quarentena cada vez mais longa . Tenho tido muito cansaço e por esse motivo não postei esse capítulo mais cedo, consegui terminar por hoje e aqui estamos nesse reencontro épico. Vocês torcem para Melisso voltar agora que Meli dispensou o cafajeste do Dave? Um beijão pra vocês viu, espero que gostem e muito obrigada por todo carinho🖤🌻. Até o próximo.




























































Hades DaughterOnde histórias criam vida. Descubra agora