01

2K 108 5
                                    

Índia 🧚‍♀️

— Ayla, eu não vou repetir. — Olhei pra ela brava.

— Eu só quelo ver, mãe.

— Vê sentada — Fiz uma curva. — Não pode ficar em pé no carro, filha.

Garotinha atentada viu? Teimosia pura.

Quer por que quer ficar em pé no carro, aí depois caí e chora.

— A gente vai ver o papai?

— Já conversamos sobre isso — Olhei pra ela rápido. — Não é?

— Sim, mamãe.

— Não fica triste princesinha. Você quer comer alguma coisa mais tarde?

— Sorvete — Se animou. — Um potão assim. — Abriu a mão e eu ri.

— Tá tentando se aproveitar de mim, garota?

Ela riu e ficou balançando os pezinhos e olhando pra rua.

Respirei fundo quando chegamos na entrada da favela.

Deus, que eu não encontre ele.

Parei quando fizeram menção e virei pra Ayla.

— Não fica com medo das armas tá bom? Ninguém vai fazer nada. — Ela assentiu e bateram na janela.

— Quem é a madame? — Um deles se apoiou na minha janela e eu reconheci logo de cara.

— Mudei tanto assim?

— Fala logo, mina. — Cruzei os braços e encarei ele.

— Qual foi, Mau-mau? Tá mandado?

— Ih, qual foi tu? Quem te contou meu vulgo? — Revirei os olhos. — Revira isso pra mim não hein. Fala logo quem tu é antes que eu perca a paciência.

— Filha da Andressa, desgraça.

— Filha da Andressa? Que Andressa? Andressa do Grego? Tainá? Brinca com isso não doidona. — Disparou a falar e eu ri.

— Quer ver meu RG? — Debochei.

— Você não perde esse jeito né? Depois ganha um coça e fica reclamando. Quem é a guria? — Apontou com o queixo.

— Eu sou Ayla — Ela voltou a ficar em pé e esticou o braço fazendo um toque com ele.

— Ayla, eu vou precisar repetir?

— Não, mamãe. — Se sentou e sorriu pro DG.

— De quem é?

— Te interessa? — Rebati.

— Tá mandada mesmo.

— Vai deixar eu subir ou não?

— Grego tá sabendo? — Concordei. — LIBERA — Gritou pros moleque. — Fica esperta hein, toma cuidado com ele. Tchau princesa do tio.

— Tchau. — Ela gritou e eu respirei fundo dando partida.

Toma cuidado com ele.

Eu tenho que tá maluca mesmo de aparecer aqui ou ter tirado coragem do cu pra isso.

Caralho, quando ele me ver, eu tenho certeza que vou tá fudida.

— Onde a vovó mora?

— Naquela casa ali — apontei. — Mas vamos pra nossa casa primeiro, tá bom?

— Tá bom.

Estacionei na frente do beco e antes de sair do carro dei uma olhada na biqueira do outro lado da rua.

Graças a Deus ele não está. Pelo menos não na frente.

— Vem amor — abri a porta do carro e ela desceu. — Toma sua mochila. — Abri a porta do banco de trás e peguei a minha e a dela. Depois eh pego o resto das coisas.

Segurei na mão dela e abri a porta.

Abençoada seja a senhora minha mãe e seu vício em limpeza. Mona deixou minha casa um brinco.

Eu: cheguei Andressa
Casa um brinco hein bonita
Esculachou

Mainha: mais tarde colo
Eu sei amor
Eu arraso mesmo

Eu ri com a resposta, se acha mesmo.

Mostrei a casa toda pra ela, até porque quando eu saí daqui ela ainda tava dentro de mim.

Subi pra lage e sorri quando vi ela se jogar na espreguissadeira.

Me encostei no muro e meu sorriso foi morrendo aos poucos quando eu vi ele.

Que Deus tenha piedade de mim.

de volta.

DE VOLTA [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora