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Índia 🧚‍♀️

O Cobra tava fo-di-do.

Todo acabado. Um tiro no braço e outro de raspão na perna.

— Meu Deus — Murmurei assim que entrei na casa da menina. Lua o nome dela. — A quanto tempo ele apareceu? — Me ajoelhei do lado dele no sofá.

— A uns quinze minutos antes de vocês chegarem. Eu não tava conseguindo desbloquear o celular dele.

— Thiago — Dei dois tapinhas na cara dele. — Você tá me ouvindo.

— Hm.

— Você lembra de mim? Quem sou eu?

— Tatá. — Ele sussurrou.

Pura que pariu. Partiu meu coração. Ele estava começando a agonizar.

— Luan — Chamei. — Segura o braço dele. Não deixa se mexer mais. Desculpa o incômodo moça, mas eu preciso lavar a mão pra não infeccionar.

— Vem. — Eu segui ela. Lavei a mão e voltei. — Precisa de ajuda? Eu vou me formar em enfermagem.

— Sim. Preciso que estanque o sangue assim que eu tirar a bala.

Repeti o mesmo processo do Lobão: Enfiei a pinça e procurei a bala. Dessa vez com muito mais dor no coração. Cobra estava desesperado e não parava de tentar se mexer o que fez tudo demorar mais.

No fim, quando Lua começou a estancar o sangue, eu fui examinar o de raspão na perna. E tudo indicava que inflamaria logo.

— A ficha dele é limpa? — Perguntei com a voz embargada.

— É. Sabe que ele entrou na hora da raiva.

— Põe no carro. Vou levar pro hospital. Vai inflamar e eu não tenho como cuidar.

— Aí — Ele gemeu e vi levar a outra mão atrás da cabeça. Levantei na mesma hora. Tava sangrando.

— Coloca no carro agora, Luan. Se esse menino morre eu vou junto.

— Eu vou contigo. — Lua falou e saiu correndo. Provavelmente indo buscar algo.

— Pega o número dela. Vou mandar trocar o sofá. — Ele carregou o Cobra e eu fui na frente pra abrir a porta da casa e do carro.

— Avisa pra minha mãe o que aconteceu. Diz pra ela não deixar a Ayla sair.

Lua veio, entrou comigo. E dei partida com ele gemendo no banco de trás.

— Thiago — bati de novo quando estacionei. — Ainda tá aí? Quem sou eu?

— Tainá... Tô fodi...do.

— Não tá não.

— Você consegue levantar? — Lua perguntou e ele fez que não. — Vou chamar alguém.

— Me des...culpa. Eu não queria...te... deixar sozinha.

— Tudo bem. Tá tudo bem. — Olhei pra trás procurando ela e ele agarrou minha mão.

— Promete que vai falar de mim pra ela.

— É só um tiro no braço. Você não vai morrer. — tentei me confortar.

— Minha cabeça... bateram muito forte.

— Já vai chegar ajuda. Aguenta firme cara.

Tive que manter firme na sua frente. Mas assim que levaram ele, um aperto me tomou, e eu comecei a me perguntar se eu era algum tipo de maldição.

Depois que cheguei, só atrai desgraças.

Essa semana tem mais. Juro.

DE VOLTA [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora