Capítulo 12

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Quando Fernando entrou, viu Lucero sentada na cama com a cabeça abaixada enquanto lutava contra as lágrimas. Ele suspirou se sentando ao lado dela, infelizmente a hora mais temida havia chegado. Eles passaram alguns minutos em silêncio, até que Fernando resolveu começar.

− Eu menti. – Fernando falou baixo.

− Bom, isso eu já percebi. – Lucero riu irônica e se levantou, deixando as lágrimas escaparem. – O que eu quero saber é por que você fez isso.

− Por que eu me apaixonei! – Fernando se levantou exaltado, mas suspirou e passou a mão no cabelo, abaixando a voz. – Eu me apaixonei assim que coloquei os olhos em você.

− Como, Fernando?! Como você pode se apaixonar por alguém que viu pela primeira vez?! – Lucero perguntou nervosa, gesticulando com as mãos.

− Eu não sei, tá?! – Fernando falou igualmente nervoso. – Afinal você já sabe que foi a primeira mulher que eu amei e tenho certeza que será a única.

− Quem ama não trai. – Lucero falou fria.

− E o que você queria que eu fizesse? Porque você é uma mulher casada, famosa, bonita e nunca ia querer nada com um pé rapado que não tem nem onde morar direito. Eu queria que você se apaixonasse primeiro para que depois as nossas diferenças não viessem a ser problema para nós dois.

− Só que você fez tudo errado. – Lucero fungou. – Seria tão mais fácil se você estivesse me contado desde o começo.

− Para você voltar correndo para os braços do seu marido? – Fernando ergueu a sobrancelha.

− Para ser menos doloroso quando eu descobrisse que o homem que eu amo mentiu para mim. – Lucero enfatizou voltando a chorar.

Fernando arregalou os olhos. Se fosse em outro momento estaria dando pulos de alegria, pois era a primeira vez que Lucero dizia que lhe amava.

− E não seria pelo meu marido, eu nem o conheço, ele não está em discussão aqui. – Lucero continuou. – O fato é que você tirou uma mãe de duas crianças, os meus próprios filhos juravam que eu estava morta e eu posso imaginar como deve ser difícil.

− Eu sei, nisso eu errei, mas... – Fernando tentou falar, mas foi interrompido.

− Me deixa terminar. – Lucero falou calma e Fernando assentiu quieto. – Você também via todo o meu sofrimento por não saber de nada da minha vida.

− Sim, mas eu achava que você poderia ser feliz e construir uma nova vida aqui.

− Eu fui muito feliz aqui, não nego. – Lucero enxugou as lágrimas. – Mas sempre faltou uma parte de mim. Eu queria saber de onde vim, qual era o meu nome verdadeiro e se eu tinha ao menos um parente com quem contar.

− Você quer saber o seu nome verdadeiro? – Fernando perguntou olhando para Lucero e ela assentiu. – É Lucero Hogaza de Mijares ou León, que era seu nome de solteira.

− Lucero. – Lucero sussurrou como se estivesse feito a melhor descoberta do mundo. – E como você sabia disso?

− Porque você é uma cantora, atriz, apresentadora e empresária mundialmente famosa. – Fernando desviou o olhar ao ver a expressão chocada de Lucero. – Logo que você chegou e foi devidamente cuidada, Charlene e Mariana lhe conheceram de algumas revistas que elas acompanham.

− Então todo mundo sabia? – Lucero se levantou ficando de costas para Fernando.

− Sim, mas não os culpe. – Fernando se levantou e segurou nas mãos de Lucero. – Fui eu que pedi para não contarem nada pelo mesmo motivo que já falei antes.

Lucero simplesmente se soltou e caminhou até uma malinha que Charlene havia a dado junto com algumas roupas. Ela estava disposta a reassumir a sua responsabilidade como mãe e esposa, querendo que também fosse fácil de esquecer Fernando, assim como se esqueceu da própria família.

− Você pode me dar licença? Eu preciso arrumar minhas coisas. – Lucero falou mexendo na mala.

− Você vai embora?! – Fernando perguntou desacreditado e com os olhos marejados.

− Óbvio, eu tenho minha família para cuidar. – Lucero falou andando de um lado para o outro, guardando as coisas enquanto Fernando a seguia.

− Espera. – Fernando segurou Lucero pelos ombros. – E quanto a nós dois? – ele engoliu o nó que se formou na sua garganta.

− Uma relação não pode ser construída a base de mentiras e infelizmente foi o que aconteceu com a nossa. – Lucero falou com a voz embargada e pendurou a mala no ombro, saindo com Fernando em seu encalço.

~ ♥ ~

Ao saírem, Lucero e Fernando encontraram os desconhecidos sentados enquanto o restante das pessoas cochichavam os olhando estranhamente. Mas foi só ver Lucero que Manuel se levantou sorrindo.

− Vamos, amor?

Fernando engoliu o seco ao ouvi-lo chamar o seu amor assim, mas não encarou nenhum dos dois.

− Eu vou só me despedir dos meus amigos. – Lucero sussurrou sem olhar para Manuel.

Lucero abraçou cada uma das pessoas que lhe desejaram muitas coisas belas, deixando-a emocionada. Até que ela chegou em Charlene e Mariana, que haviam se tornado suas melhores amigas, e abraçou as duas ao mesmo tempo.

− Eu vou sentir saudades, suas malucas. – Lucero brincou com a voz embargada.

− Desculpa. A gente não queria mentir para você. – Charlene soluçou.

− Não se preocupem, eu entendo que a culpa não foi de vocês. – Lucero soltou Charlene e Mariana, enxugando suas lágrimas.

Lucero sentiu duas mãozinhas puxarem a sua calça e ela sorriu já sabendo quem era, abaixando-se para ficar do tamanho de Arthur.

− Tia Lu, para onde você vai? – Arthur perguntou inocente.

− Para minha casa, meu amor. – Lucero forçou um sorriso.

− Mas a sua casa é aqui.

− Eu também achava que era. – Lucero abaixou a cabeça, mas logo olhou para trás. – Crianças, venham aqui. – ela chamou seus filhos com as mãos e eles se aproximaram. – Arthurzinho, esses são meus filhos e meu lugar é com eles.

− Então por que eles não ficam aqui com você? – Arthur perguntou querendo chorar.

− Você ainda é muito pequeno para entender. Agora me dá um abraço? – Lucero começou a chorar, abrindo os braços.

Arthur se jogou nos braços dela que o apertou, acariciando seus cabelinhos louros e cacheados. Lucero sentiria tanta falta daquele menino, ela o amava tanto e apesar da pouca idade, ele a ajudou muito a superar os seus traumas do acidente.

− Comporte-se, meu anjo. – Lucero beijou a cabeça de Arthur e o soltou. – Obedeça sempre a sua mãe. – ela falou olhando para Mariana.

Lucero se levantou e segurou nas mãos dos filhos, encarando a todos.

− Eu acho que isso é um adeus. – Lucero forçou um sorriso. – Obrigada pela amizade de vocês e por terem cuidado de mim quando mais precisei. Eu nunca vou me esquecer de nada, prometo.

Dito isso, Lucero virou-se de costas e saiu sendo abraçada por Manuel. Ela não olhou para trás para que Fernando não visse que ela chorava, sem ver também que ele fazia o mesmo que ela. Daquela vez ele não conseguiu ser forte na frente de todos, afinal o amor da sua vida havia lhe deixado.

                                                                                                    ~ * ~

Será o fim do nosso casal? :(

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