Meu Melhor Lugar

Capítulo 17

DIAS DEPOIS

Lucero tentava seguir sua vida da melhor forma possível. Apesar de Manuel ainda viver em casa e aos olhos dos outros, casado com ela, ela nem o olhava. Lucero se concentrava em retomar sua carreira e cuidar dos seus dois filhos que eram a sua única alegria. Mas ela não havia desistido de encontrar Fernando, em segredo, contratou um detetive particular para procurá-lo pelos quatro cantos do mundo, mesmo correndo o risco de Fernando não querer ser encontrado por ela. Depois de uma reunião cansativa sobre a sua marca de sapatos que ela soube por Ernesto, seu empresário, ser seu maior sonho antes do acidente, Lucero viu que já estava na hora de buscar seus filhos na escola, mas quando entrou no carro, ele não ligou e ela bufou, esmurrando o volante.

− Mas isso só pode ser brincadeira mesmo. – Lucero resmungou e pegou o celular discando para o mecânico de sua confiança.

Depois de explicar rapidamente o que aconteceu ao mecânico, Lucero ficou o esperando em pé próximo do carro até ele chegar e levá-lo, fazendo com que ela caminhasse um pouco para encontrar um táxi. Enquanto andava apressadamente pela calçada, seu celular tocou e quando ela foi tirá-lo da bolsa, derrubou tudo no chão e revirou os olhos, mas atendeu a ligação ao ver que era Lucerito quem ligava.

INÍCIO DA LIGAÇÃO

− Hola, hijita. – Lucero atendeu carinhosa.

− Mamá, donde estás? Faz meia hora que minha aula acabou. – Lucerito reclamou.

− Eu sei, querida, mas é que o carro da mamãe quebrou. – Lucero fez careta coçando a nuca. – Fica tranquila, eu já estou procurando um táxi. Seu irmão está com você?

− Sim. Não demora, mamãe, por favor. – Lucerito falou manhosa.

− Mamãe promete que logo estará aí, princesa. – Lucero sorriu. – Beijos, te amo muito.

FIM DA LIGAÇÃO

Após desligar o celular, Lucero se abaixou para apanhar suas coisas, até que uma mão forte se juntou a sua, a ajudando. Lucero sentiu sua pele se arrepiar completamente, levantou a cabeça devagar e seus olhos marejaram ao ver Fernando bem próximo a ela. Fernando se sentiu observado e também a encarou, sentindo seu coração acelerar.

− Fernando. – Lucero sussurrou.

− Toma. – Fernando entregou a bolsa a Lucero e endireitou sua posição, ajudando-a a fazer o mesmo.

− Obrigada. – Lucero falou pendurando a bolsa no ombro.

Ambos perceberam que não tinham mudado nada desde a última vez que se viram, exceto Fernando que havia cortado o cabelo e a barba, ficando ainda mais lindo na opinião de Lucero. O homem, então, decidiu quebrar o silêncio.

− Então eu já vou. Foi bom te ver. – Fernando falou sorrindo de leve e virou as costas para sair, mas Lucero segurou seu cotovelo, fazendo-o parar.

− Fica. Eu preciso conversar com você. – Lucero pediu com a voz embargada.

− Você é uma mulher casada. – Fernando falou seco, virando-se para Lucero.

− Eu não sou mais casada. – Lucero abaixou a cabeça, mas logo encarou Fernando. – Por favor, eu vou te explicar tudo. Só aceite tomar um café comigo.

− Tudo bem, podemos ir. – Fernando suspirou. – Você está de carro?

− Não, meu carro me deixou na mão hoje, acabou de ir para o conserto. – Lucero riu sem graça. – Mas eu conheço um café aqui perto, se você quiser podemos ir caminhando mesmo.