Capítulo 18

127 15 3
                                    


DIAS DEPOIS

Tudo seguia exatamente como era. Se antes era Lucero quem inventava qualquer coisa para fugir da conversa sobre a separação, agora era Manuel que fingia ter saído de casa quando a loira o procurava. Mas mesmo ainda estando casada, Lucero se encontrava às escondidas com Fernando e estava feliz ao lado dele. Até que um dia, ela chegou cansada do estúdio, passou o dia inteiro trabalhando no seu novo CD e nem conseguiu ver Fernando. Ela subiu para o quarto a fim de tomar um banho e procurar seus filhos para saber como eles estavam, mas antes que ela se despisse, Manuel entrou em seu quarto batendo a porta e a assustando.

− Não te ensinaram a bater na porta do quarto dos outros antes de entrar? – Lucero debochou.

− Eu já estou cansado dos seus joguinhos! – Manuel esbravejou agarrando os dois braços de Lucero. – Agora eu quero saber por que você anda se encontrando com aquele sem teto, hein?!

− Manuel, você está me machucando. – Lucero falou com medo.

− Eu não estou nem aí! Os chifres também me machucam. – Manuel gritou apertando mais Lucero. – Eu fui paciente por tanto tempo, Lucero, eu deixei que você se acostumasse a viver comigo novamente, não te cobrei nada do que um marido espera da sua mulher, mas o pago que você me deu foi com traição.

− Me desculpa, mas foram várias as vezes que eu quis conversar com você e pôr um fim na nossa situação, mas tudo que você fez foi fugir. – Lucero finalmente conseguiu se soltar de Manuel e caminhou para longe dele. – E a mentira também é uma forma de traição, portanto você me traiu quando não me contou toda a verdade sobre a nossa história.

− É, só que eu não vou ser mais bonzinho porque eu já vi que você não merece. – Manuel voltou a se aproximar devagar enquanto Lucero caminhava para trás até bater a cintura numa cômoda. – Hoje você será minha como há tempos não é e como vive sendo do sem teto.

Manuel tentou se aproximar mais de Lucero para beijá-la, mas ela tentava afastá-lo com as mãos, já chorando. A mulher sabia que ele não era mal, mas o conhecia o suficiente para saber como ele muitas vezes agia de cabeça quente.

− Manuel, você não é assim. Para, por favor. – Lucero suplicava ofegante.

− Agora eu sou. Não é de homem ignorante que você gosta? Pois é o que você vai ter!

− Me larga! – Lucero gritou e bateu na cara de Manuel com toda a força que podia, fazendo com que ele a soltasse.

O silêncio reinou por alguns segundos enquanto Manuel a encarava com a mão no local do tapa, sentindo arder. Ao invés de fazê-lo voltar a si, Lucero só conseguiu com que ele ficasse com mais ódio.

− Sua vagabunda! – Manuel devolveu o tapa.

Lucero arregalou os olhos sentindo o sangue escorrer da sua boca. De repente, Manuel percebeu o que havia feito e se arrependeu. Não era do seu feitio bater em mulheres, muito menos na mãe dos seus filhos.

− Lu... – Manuel tentou se aproximar, mas Lucero o interrompeu.

− Não se aproxime de mim. – Lucero falou entredentes sem olhar para Lucero. – Sai daqui.

− Meu amor, por favor, me escute. Eu... – Manuel tentava falar desesperado, mas foi interrompido novamente.

− Chega, Manuel! – Lucero perdeu a paciência e gritou. – Você não vê que a nossa relação está insustentável?! Olha a que ponto nós chegamos. – Lucero apontou para si e para Manuel. – Você realmente quer continuar numa vida onde nenhum de nós está feliz? Daqui um tempo nossos filhos vão perceber tudo o que está acontecendo e a culpa será toda nossa por os fazermos sofrerem com um problema que só nós podemos solucionar.

Meu Melhor LugarOnde histórias criam vida. Descubra agora