18|"Revelação perigosa"

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Demorei dessa vez, mas saiu!

Capítulo corrigido pela FabysZu ♥

Capítulo corrigido pela FabysZu ♥

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Jeon Jungkook

Engoli em seco, afastando-me do corpo de Safira, quando fomos interrompidos por meu pai. Com sua aproximação repentina, só deu tempo de esconder o diário entre os tecidos da minha roupa. Em seu olhar pude ver a decepção, como se dissesse "não se atreva a fazer merda", mas que logo foi direcionado à princesa com desprezo.

─ Seu pai estava coberto de razão quando disse que ambos não poderiam ficar sozinhos por aí. Imagine que vexame seria se fosse um dos guardas!

Meu corpo, que antes estava quente de desejo, naquele momento, aumentou ainda mais sua temperatura. Porém, agora, pela raiva. O controle demoníaco sobre mim nunca apagou as lembranças que desejaria esquecer, como todas as vezes em que fui humilhado por meu pai em algumas de nossas discussões. E a verdade é que nunca me importei de fato com a gritaria e as palavras duras direcionadas à mim. Mas com ela, eu não admitiria.

─ Não estávamos fazendo nada demais! Não haja como se não fôssemos nos casar em poucos dias.

─ O que você vê como "nada demais"? ─ Questionou com escarnio ─ Pois, se eu não os conhecesse, denunciaria o ato promíscuo de mais cedo ao concelho do reino.

Quis revirar os olhos, mas era infantil demais de se fazer em frente ao rei que tentava me ganhar com argumentos bons. De fato, estávamos até com as mãos nas partes íntimas alheias. Portanto, poderíamos sim ser denunciados por qualquer um que nos visse. Mas, olhando bem para Safira, e vendo que já tinha as bochechas coradas pelo constrangimento, resolvi finalizar aquele assunto de vez.

─ Chega. Entendemos o erro. Não vamos deixá-la mais constrangida.

─ A mesma não estava nenhum pouco envergonhada quando...

─ Chega, pai! ─ Aumentei a voz impondo respeito ─ Não precisamos falar sobre cada um de nossos atos, pois está bem recente em nossas lembranças. Se nos dá licença, voltaremos cada um para seu respectivo aposento. 

Deixando Jihoon para trás, puxei a mão delicada de Safira em direção a saída. Tinha a clara noção de que o deixaria furioso por tamanha insolência, mas não me importava. Queria mesmo era me desculpar por tudo que ela precisou ouvir e passar na biblioteca, e por isso, a levei até a porta de seu quarto para dar tempo de conversarmos no caminho.

─ Me perdoe.

A jovem estava distraída dentro de seus próprios pensamentos, mas direcionou suas orbes castanhas até mim ao ouvir minha voz. Nunca esteve tão bonita quanto naquele momento.

─ Pelo que exatamente? ─ Notei o tom brincalhão em sua voz. ─ Pelo beijo, por passar a mão em mim, ou será que é por colocar a minha onde não devia?

─ Não posso me desculpar nem pelo beijo, nem por tocar em você e, muito menos, por tê-la feito me sentir, pois foi tudo incrível. ─ recebi um tapa no meio do peitoral e uma risada sem graça da mesma. ─ Mas posso pelo meu pai, que foi muito babaca.

─ Acredite em mim... Se fosse meu pai no lugar dele, as coisas teriam sido bem piores. Acredito que já teria te colocado no calabouço e só o tiraria de lá no exato dia do nosso casamento.

Rimos com sua fala, mas respirei fundo sentindo um pouco de verdade naquilo tudo. Que os deuses pudessem me proteger caso o rei Jung descobrisse o que houve.

─ Então, não ficou chateada?

Suspirando, Safira se colocou à minha frente, ao lado da porta de seu quarto, e segurou meus braços na altura do cotovelo.

─ Fique tranquilo! Estou acostumada com esses comportamentos. Além do que, ao invés de se preocupar com isso, deveria ler o diário e me dizer o que acha. Precisamos resolver tudo o mais breve possível.

Concordei com o que disse, puxando-a para um último beijo antes de nos despedirmos. Guardei o gosto de seus lábios, quando os puxei contra os meus, e afastei-me indo pela direção contraria da qual vim. Minha ansiedade transbordava no peito para devorar cada palavra daquele diário e, justamente por isso, tomei um banho rápido, com a água fria mesma, para me livrar do calor que sentia pelo corpo, e me aconcheguei entre os lençóis macios dando início a leitura.

Meu coração se apertava por imaginar um fim trágico ao relacionamento que Hwasa desenvolveu com o general do Reino das Sombras, pois ambos pareciam se completar como almas gêmeas. E não nego que, a cada página lida, meus olhos transbordavam de emoção e um misto de sentimentos que não conseguia distinguir. E continuou assim, até que uma parte específica me chamou atenção:

"A mulher apareceu novamente e voltou a gritar. Porém, dessa vez foi possível enxergar outro alguém ao seu lado, um homem. Ela parecia estar com muito medo, e ao mesmo tempo, decepcionada. Ao contrário dos meus outros pesadelos, que sempre acabavam naquele momento, eu consegui ir além e ver o que acontecia depois. Ele a empurrou.

Seu corpo foi jogado de um enorme penhasco. Caiu em queda livre por alguns segundos, antes de bater em algumas rochas. Ela ainda estava viva e o via olhando-a com um sorriso perverso no rosto.

"Você. Não. É. Ele." Conseguiu sussurrar antes de dar o último suspiro."

─ Não pode ser! ─ Assustado com a possibilidade de ser minha mãe, joguei o diário para longe e respirei fundo tentando não surtar.

O suposto suicídio de minha mãe sempre me pareceu suspeito, pois me lembrava claramente do sorriso sincero que recebi momentos antes da briga começar.

Na noite em que ela morreu, fui dormir com medo, sem uma explicação plausível, e achava que fosse morrer quando despertei em meio a um terrível pesadelo. Chamei seu nome muitas vezes e chorei, até que uma das criadas veio até mim me acalmar. A manhã seguinte foi a pior que poderia ser, pois recebi a notícia triste de seu falecimento. Como qualquer criança, não me atentei ao fato de que não voltaria mais, e por isso, esperei que fosse me colocar para dormir como todos os dias e me oferecer um beijo de boa noite. Mas isso não aconteceu. Chorei diversas vezes, sufocado pela saudade avassaladora que sentia, sem poder recorrer ao meu pai, que me chamava de fraco por demonstrar fraqueza.

Lendo a visão que Hwasa teve, não tive duvidas. Tinha sido ele.

Sem ter controle do meu choro, me senti livre pela primeira vez em anos para colocar tudo que sentia para fora. Derrubei alguns quadros da parede no processo, puxando alguns fios de cabelo ao enroscar meus dedos entre eles, mas não me importei. A dor era minha única aliada naquele momento e me impedia de fazer uma besteira grande. Se meu pai fosse mesmo o demônio, teria que tomar cuidado em dobro, para que não descobrisse que eu sei.

Fiquei de joelhos, sentindo o chão frio castigar minha pele enquanto lágrimas grossas caiam sobre ele. E como se pudesse sentir exatamente o mesmo que eu, Safira perguntou se estava tudo bem ao lado de fora e sem minha resposta, tomou a iniciativa de entrar no cômodo, vendo a minha situação desagradável.

─ O que houve?

Tomando-me pelos ombros tive seu calor acolhendo meu corpo.

─ M-meu pai ─ gaguejei buscando fôlego.

─ O que tem ele?

Subindo meu olhar, que até então estava sem foco, pelo assoalho, encontrei os seus que pareciam desesperados.

─ É o demônio. Ele matou minha mãe.

O Rei Impostor  ─ JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora