(+18) Há séculos, uma guerra entre as aldeias Luz e Sombras, deixou rastros de sofrimento e destruição por todos os lugares e uma profecia foi criada para punir todos que participaram dela. A mesma dizia que cada herdeiro de seu reino deveria se uni...
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Safira
Revirava-me na cama, incomodada. Não tinha certeza do motivo, mas sabia que algo estava errado. Ouvi alguns barulhos vindo do quarto ao lado e, imediatamente, coloquei-me em alerta. Vesti o roupão, que estava pendurado no gancho ao lado da porta, e calcei meus sapatos, saindo do quarto em seguida para questionar se estava tudo bem com o príncipe. O chamei duas vezes, não obtendo resposta, aumentando ainda mais minha preocupação com o mesmo. Correndo o risco de não ser nada e o pegar em um momento constrangedor, entrei no cômodo vendo-o ajoelhado no chão com a mão na cabeça.
Seu corpo tremia em um choro forte, sem som. Era notável que tentava se conter ao puxar os fios de cabelo sem parar. Fechei a porta de nossos quartos, antes de caminhar em sua direção para abraçá-lo. Não queria que ninguém me pegasse ali, especialmente o rei Jihoon, ou a cena da biblioteca se repetiria e seria muito pior. Perguntei o que havia acontecido, começando a me desesperar ao vê-lo tão abalado, ficando completamente desnorteada com sua resposta.
─ C... Como? ─ Ignorei a palpitação em meu coração, tentando assimilar o que acabara de ouvir. Jungkook, que ainda tremia sob meus braços, conseguiu me encarar para repetir sua fala.
─ É. Ele... ─ Tinha certeza que, naquelas condições, o mesmo não conseguiria me contar nada e por isso, o puxei para cima, tirando-o do chão, e o fiz sentar na cama. ─ Matou...
Busquei a jarra de vidro com água e enchi o copo que ele sempre deixava ao lado da cômoda. Segurei seu queixo, encostando o objeto em seus lábios, fazendo com que bebesse lentamente. Sem querer, Jungkook esbarrou sua mão no meu braço, fazendo o líquido virar em uma quantidade maior e assim derramar no canto da boca e escorrer pelo pescoço.
─ Eu posso segurar. ─ Ele disse, tomando, com cuidado, o copo de minhas mãos.
─ Está mais calmo?
O príncipe balançou a cabeça positivamente.
─ Sim. Agradeço por se preocupar comigo, princesa. ─ Involuntariamente arqueei a sobrancelha direita. Era a primeira vez que o "princesa" não saía em tom de ironia. ─ Tenho que te contar algo sobre meu passado, mas creio que aqui não seja o local adequado. Acho que seria melhor sairmos um pouco.
Concordei, entendendo que fosse algo relacionado ao demônio. Mesmo usando pijamas, fomos até a área externa do castelo, mais especificamente ao curral.
─ Acha que aqui é seguro? ─ Perguntei, imaginando o motivo de ter escolhido justo aquele local.
─ Para ser bem sincero, não creio que haja de fato um lugar seguro, mas sei que não tem vistoria aqui durante à noite. Desejo que não sejamos interrompidos por ninguém mais hoje.
Caminhamos para a parte mais limpa do ambiente, ouvindo os relinchos dos animais que acordaram graças a nós quando abrimos a porta de madeira grande e pesada. Acalmei-os com minha voz, evitando que fossem ouvidos por alguém que estivesse próximo dali. Relâmpago demorou a se calar, mas notando a presença de Jungkook atrás de mim, voltou a se deitar. Indignada, olhei para o príncipe que apenas levantou os ombros.
─ Estou ouvindo ─ avisei, esperando que começasse a me colocar a par de seu passado aparentemente conturbado.
─ Vamos começar pela minha infância, que não foi fácil ─ suspirou, e pelo seu olhar, já sabia que vinha algo triste. ─ Meu pai sempre foi um homem frio, incapaz de demonstrar sentimentos por mim além do desprezo. Mas com minha mãe era diferente, ele cuidava dela. No dia em que a mesma morreu, ambos tiveram uma briga feia, que foi ouvida por todos que estavam no castelo, inclusive por mim. No dia seguinte, recebi a notícia de que ela teria "se jogado" do penhasco, cometendo suicídio. Alegaram que as discussões eram frequentes entre os dois, mas que sempre tentaram me poupar de escutá-las.
"Uma das minhas criadas me contou que, durante as brigas, meu nome entrava em pauta, e quando o questionei sobre isso, ele a mandou para a prisão do reino por inventar mentiras, sem me explicar nada, dizendo que aquele assunto não me dizia respeito."
Ouvi tudo atentamente sem questionar, ficando impressionada com aquelas informações. Minha pele se arrepiou ao me imaginar em seu lugar. O achava incrível por se manter firme durante todos esses anos.
─ Pelos malditos deuses. ─ Ralhei para ninguém em especial. ─ Então a visão que Hwasa teve foi com sua mãe.
Jungkook abaixou a cabeça por alguns segundos e assentiu.
─ Os detalhes me levam a crer que sim. O que me faz questionar sobre onde estaria meu verdadeiro pai. Afinal de contas, se o demônio está se passando por ele, onde estaria o verdadeiro?
Segurei com os dedos indicadores as laterais da minha cabeça, tentando conter a dor aguda que chegou de repente. Os problemas sempre pareciam aumentar e já não sabia o que fazer.
─ Acha que ele está...
─ Vivo? ─ Hesitante, o encarei.
Talvez não tivesse sido o momento ideal para questioná-lo sobre isso. O príncipe apenas sorriu, mas não de felicidade. Era sincero e triste. Com as lágrimas acumulando nos cantos dos olhos.
─ A essa altura, duvido muito.
Tentei segurar a emoção, mas foi impossível. Vê-lo se quebrar na minha frente, em um choro silencioso, fez com que me quebrasse também. Segurei seu rosto, trazendo-o para perto do meu e o limpei enquanto sussurrava:
─ O faremos pagar por tudo.
Beijei sua testa e o mantive perto de mim. Naquele momento, apenas queria cuidar dele como se fosse uma pedra rara.
─ Precisamos ir até o Yoongi. ─ Ele disse, e concordei balançando a cabeça.
─ Amanhã bem cedo.
─ Não, amor. O quanto antes resolvermos essa situação, melhor. Ele deve saber o que fazer para acabar com meu pai... Quero dizer, o demônio. ─ Se levantou limpando as vestes.
Talvez por estar tão abalado, o príncipe não tenha notado o apelido carinhoso sair espontaneamente de seus lábios, mas minhas pernas fraquejaram. Prendi a respiração por alguns segundos, tentando me recompor. Levantei-me do chão com sua ajuda, rapidamente tirando os fenos grudados em minha roupa, para ajudá-lo a retirar Relâmpago para fora e colocar sua sela.
A cavalgada até a aldeia seria rápida, já que pelo horário avançado, não teria ninguém transitando pelo caminho que faríamos. A rapidez seria fundamental para que ninguém detectasse nossa ausência pela manhã. Deveríamos estar à mesa quando o dia se iniciasse e agir normalmente.
Como de costume, deixei que Jungkook tomasse a frente no animal e subi logo depois, agarrando-me ao seu corpo, desta vez, sem medo de tocá-lo demais. Desejava que Yoongi não ficasse irritado por nossa visita noturna, e que pudesse nos dar uma luz sobre o que fazer.
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Vindo no finalzinho para dizer que é aqui que as coisas começam acontecer de fato...
