1|"Essa princesa é você"

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Primeira dia do calendário lunar ─ Lua Nova

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Primeira dia do calendário lunar ─ Lua Nova.

Aldeia Luz.

Safira passou os dedos pelas pratilheiras empoeiradas, nervosa e pensativa. Há pouco tempo seu pai lhe chamou para uma conversa importante, sem ao menos dizer o porquê, porém, os assuntos do castelo e da aldeia inundavam sua agenda de afazeres, fazendo com que o tal assunto fosse adiado. Sem transparecer o quanto ficou aliviada disse que poderiam conversar mais tarde. Não sabia exatamente o que ele queria dizer, e também não fazia questão de ficar fantasiando o que a aguardava.

Encontrou um livro de feitiços e logo o pegou fascinada. O caderno de capa dura com mais ou menos trinta centímetros de largura e quarenta e cinco de altura pesava em seus braços magros. Possuía pequenos detalhes metálicos em suas pontas e um desenho de brasas queimando ao centro com letras cursivas que escreviam: ignis. Que na tradução do Latim, a língua morta dos bruxos, significava fogo.

Mesmo que já não existisse magia naquelas terras, seu pai ─ o rei ─ decidiu ensiná-la. Tinha fé que em algum momento tudo voltaria a ser como antes. Safira gostava de ouvir sobre o quanto tudo era lindo e parecia majestoso. Queria sentir os raios de sol sobre sua pele arder, assim como o fogo que queimava na lareira. O cheiro gostoso das rosas, e o toque suave de suas pétalas. Gostaria de tomar banho de rio, de pular sobre a grama verde, ouvir os pássaros cantarem, e mais uma série de coisas que ficava registrados em seus livros na biblioteca.

Quebrando a distração sobre o livro a porta grande foi aberta.

─ Alteza! ─ O servo curvava-se.

Revirando os olhos indignada com o que via, Safira disse mais uma vez o que repetira toda sua vida.

─ Não se curve para mim, Jimin. Somos amigos desde a infância e sinceramente não faz sentido toda essa formalidade entre nós.

Mesmo que lhe dissesse inúmeras vezes, o jovem tinha essa mania de se curvar como forma de respeito a ela. Afinal, um dia ela seria a rainha. Pelo menos era o que ele pensava. Já a princesa detestava aquela cena. Nem parecia que quando crianças corriam em volta do castelo brincando de pega-pega, sujavam-se na lama e ouviam bronca de seus pais. Parecia que aquelas lembranças eram sonhos, e que apenas ela tinha.

─ Perdão, mas não posso lhe tratar informalmente. ─ Disse baixo, para que só ela escutasse. ─ Somos sim próximos, mas continuo sendo filho da serva.

Olhando em volta nos corredores e constatando que não havia ninguém que pudesse chamar sua atenção naquele momento, entrou no cômodo espaçoso e largou as roupas que trazia nos braços sobre um móvel acolchoado. Ele evitava tocá-la, mas Safira parecia gostar de atrair problemas para si e correu para abraçá-lo.

─ Estamos sozinhos ─ murmurou no ouvido alheio. ─ Sei que sua mãe lhe xingou por estar no meu quarto tarde da noite, mas somos amigos!

Ela era incontestável. Não aceitava receber não's. Então, o garotos suspirou cansado de brigar e passou os braços sobre sua cintura, apertando-a em um caloroso abraço.

O Rei Impostor  ─ JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora