(+18) Há séculos, uma guerra entre as aldeias Luz e Sombras, deixou rastros de sofrimento e destruição por todos os lugares e uma profecia foi criada para punir todos que participaram dela. A mesma dizia que cada herdeiro de seu reino deveria se uni...
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Safira dava passos largos e pesados na direção do animal, este que não se importava com nada além do capim seco a sua frente. Relâmpago era um cavalo de pelos negros, com os olhos amendoados e brilhantes; sua estrutura era forte e grande. Poderia deixar qualquer um amedrontado só de chegar perto, menos a garota, é claro. Em outro momento se preocuparia em equipá-lo decentemente para que nenhum dos dois se machucasse, todavia, aquele era um dos momentos em que fugir para seu cantinho especial era a melhor escolha a se fazer e não tinha tempo para perder.
─ Vamos ─ acariciou a crina enquanto lhe dava cubos de açúcar. Aproveitando que o animal se animou com o doce subiu em suas costas e segurou no pelo que pelo frio se mantinha grande. ─ Vai, garoto!
Duas batidas de calcanhar na traseira de Relâmpago foram suficientes para que o mesmo saísse do lugar, galopando em velocidade média até a mata a frente. O reino luz não era tão grande, então se locomover de um lado ao outro era rápido. A floresta encantada, que não tinha nada de especial além de folhas secas, árvores mortas e um lago imundo era o melhor lugar para se esconder e fugir da realidade por um tempo. Safira gostava de se enfiar entre uma pedra e outra e olhar para o céu. Era difícil imaginar que aquele mesmo ambiente já fora um dos lugares mais bonitos de todo o reino, mas que agora carregava a marca da dor.
E foi pensando exatamente nisso, que a jovem desceu de seu cavalo e deitou-se no lugar de sempre.
Tudo seria melhor se a profecia fosse verdade, certo?
Questionava-se o porquê de seu coração bater tão forte com a possibilidade de se casar com aquele príncipe. Não teve nenhum relacionamento anteriormente para comparar, não sentia nenhuma vibração percorrer seu corpo como naqueles livros românticos de sua biblioteca. O único sentimento que foi capaz de identificar foi medo, pois sabia que seria um caminho sem volta. Por algum motivo, ela queria saber se valeria a pena trilhar por ele.
O dia estava calmo até ali. O vento não soprava com tanta força e isso era perfeito para tirar um cochilo sobre as gélidas pedras. Olhando para seu cavalo constatou que o mesmo parecia confortável do outro lado da floresta, sem nenhuma amarra ele vasculhava o terreno e tentava encontrar comida. Pareca fascinado com a pequena borboleta azul que passou voando por cima de seu corpo. Então sem nenhuma preocupação, ela fechou os olhos.
Abrindo-os novamente após escutar um barulho muito alto, sentou-se rapidamente. Assustada, olhou na direção em que Relâmpago deveria estar, mas não o viu. Tudo bem, ele só deve ter se distanciado. Confortou-se em pensamento, o que não demorou muito visto que o barulho novamente foi escutado. Não dava para explicar exatamente o que deveria ser, relinchos, e depois os cascos batendo contra a terra seca diversas vezes, com um som agudo que fazia seus canais auditivos doerem. Seria seu cavalo? Mas porque estaria fazendo aquilo?
Desdendo da rocha com cuidado, caminhou na direção do lago. Percebeu que o dia estava chegando ao fim e não pôde não ficar confusa. Afinal, por quanto tempo aquele cochilo tinha durado?
