Capítulo 01

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Any Gabrielly

3 meses antes...

— Doutora Soares, você já está a par do caso do senhor Urrea, é de estrema importância que a senhorita siga a risca o cronograma.

— Sim senhor.

— Essa é uma grande oportunidade Any, geralmente casos importantes assim, damos para médicos mais experientes, mas você foi muito bem recomendada pela universidade.

— Prometo não decepcionar.

— Sei que não, agora você pode ir.

Levanto e me retiro da sala. Eu não consigo acreditar, me formei a exatos seis meses e já consegui um paciente importantíssimo tão rápido.

Mal posso esperar para contar a Sabina, minha melhor amiga e irmã de coração. Dividimos o mesmo apartamento. Ela é toda maluquinha, enquanto eu, sou o completo oposto. Não sou santa, nem certinha, só que preciso gostar muito da pessoa para me abrir de verdade com ela. Já tive alguns namorados, mas nunca me apaixonei, por isso já fui chamada muitas vezes de coração de gelo. Sabe quando as pessoas dizem que se apaixonar é algo mágico? Que elas veem fogos de artificio, ouvem sinos tocando, pombas brancas voando em um céu pintado de rosa com um arco íris no fundo? Quando você vê a pessoa seu coração dispara, suas pernas ficam bambas e seu corpo se arrepia? Eu nunca senti nada disso com ninguém. Não tenho a ilusão do príncipe encantado, que vai vir me buscar em seu cavalo branco e me levar para o seu castelo encantado. Mas eu penso que em algum lugar do mundo, existe a minha cara metade. Alguém que vai fazer com que eu me sinta completa. Não quero sinos, nem fogos de artifício. O que eu quero, é um amor, um amigo, um companheiro, alguém com quem eu possa contar em todos os momentos. Saio dos meus devaneios e me encaminho para o quarto em que está o senhor Urrea.

Devo admitir que não faço ideia de como ele é. Já ouvi falar dele, mas também, até quem mora em uma caverna já escutou algo sobre Noah Jacob Urrea. Jogador de futebol, atacante do time dos Black Eagle, garoto prodígio, estrela do time. Dizem que é lindo, rico, famoso, mulherengo e arrogante. Eu já não gosto desse ser humano só pelas coisas que eu ouvi. Mas ele é meu passaporte aqui no hospital, se eu cuidar dele e der tudo certo vou ser reconhecida e reconhecimento gera pacientes importantes que me farão uma médica renomada e assim vou poder abrir meu próprio consultório.

Noah quebrou cinco costelas, um braço, as duas pernas, sendo que em uma ele quebrou o fêmur e na outra a tíbia e a fíbula, teve traumatismo craniano, um pulmão perfurado e várias escoriações  por todo corpo. Noah está vivo por um milagre. Seu quadro é bastante delicado. Ele passou por três cirurgias e está em coma. Meu trabalho é cuidar para que ele tenha uma recuperação de cem porcento.

Chego em seu quarto, entro e me encosto na porta fechada. Vejo seu corpo todo coberto por gesso, ataduras, hematomas, tubos e fios. Meu Deus... Um sentimento estranho se apossa do meu peito ao olhar ele naquela situação. Me aproximo de seu leito para poder vê-lo melhor. Seu rosto esta todo machucado e inchado, mas mesmo assim ainda é possível ver sua beleza. Checo todos os sinais vitais e faço todos os procedimentos com um aperto no peito. Sinto uma lágrima rolar pelo meu rosto e um nó se formar em minha garganta.

O que diabos esta acontecendo comigo?

Preencho seu prontuário e me coloco ao seu lado novamente. Fico observando o subir e descer do seu peito a cada respiração. Vejo sua mão e sinto uma necessidade de toca-la. Quando nossos dedos se encostam, uma corrente elétrica passa por todo meu corpo e solto sua mão como se ela fosse brasa viva. Olho para sua mão como se ela fosse vinda de outro planeta.

Que raios aconteceu aqui?

Seguro sua mão mais uma vez e novamente sinto a corrente elétrica passar pelo meu corpo.

— Como você pode causar isso em mim, sendo que nem consciente você está? - Acaricio seus dedos, sua pele está muito pálida e fria. — Você precisa ser forte garotão. Estudos dizem que um paciente em coma pode nos escutar, então espero que você seja forte o bastante para abrir logo seus olhos. - Só espero que quando isso acontecer, você não lembre da medica doida que ficou acariciando sua mão.

— Amanhã eu volto. Promete pra mim que vai acordar logo?

Certeza que ele vai te responder "Sua lesada!"

— Acho que foi uma pergunta meio idiota não é mesmo? É que gostei de conversar com você. Você é um bom ouvinte. E a leseira só aumenta.

— Eu vou embora agora, antes que eu passe mais vergonha. - Solto sua mão e caminho até a porta, dou uma última olhada e saio.

O que acabou de acontecer comigo?

Eu & Você - NoanyOnde histórias criam vida. Descubra agora