Jeon JungkookEu andava pelas limpas ruas de forma despreocupada. Todos sabiam que eu era um bom homem, daqueles que todos sonhariam em ter como pretendente e tê-lo em sua casa, apenas para admirar. Meu grande sorriso estava estampado no rosto para todos que passavam por mim. Era conhecido como uma das pessoas mais simpáticas dessa cidade. Também, pudera, todos eram tão sem vida que, ao menor sinal de sentimentos (ainda mais vindos de um homem), se assustavam. Não gostava do comportamento das pessoas hoje em dia, era como só se preocupassem com seus trabalhos e mais nada. Eu espero que tudo isso mude em um futuro próximo. Geralmente não falo com muitas pessoas estranhas, mas hoje o meu humor estava grandiosamente positivo, o que me permitia ser gentil com qualquer um que cruzasse meu caminho. Esses dias eram raros, porque eu normalmente estaria ocupado com outras coisas. Reclamo do trabalho excessivo, mas vivo com o trabalho em mente. Um pouco hipócrita? Sim, talvez.
Eu precisava de umas férias, não vou mentir. Uns dias em casa não fazem mal à ninguém, mas eu simplesmente não posso sair do meu trabalho e dizer para o meu chefe que irei descansar em casa, por tempo indeterminado. Queria que fosse assim, mas, infelizmente, nada é como eu quero. Há toda uma burocracia por trás de tudo nesta vida. Como eu queria poder nascer em uma época descomplicada, sem muitas restrições. Tenho que seguir um padrão, ser aceito pela sociedade como um "homem". Não posso usar as roupas que quero, não posso ser muito próximo de outros homens sem estar livre de julgamentos alheios, não posso ser sensível. Para todos, tenho que ser uma pedra e nada mais. Isso me assusta, as vezes. É doentio o jeito como as pessoas são tratadas. Mulheres são obrigadas a seguir as ordens de seus maridos, cozinhar e lavar para eles, como suas escravas pessoais e sexuais. É, definitivamente, não é nada bom.
Sem contar que as crianças já são doutrinadas a seguir uma religião desde quando bebês. Isso não é certo, nada é certo por aqui! Por que me sinto tão fora de meu próprio tempo? Essa é a pergunta que me vem a cabeça a cada maldito dia que se passa. Minha cabeça é cheia de fantasmas, que me assombram todos os dias, por conta de sempre ter sido uma criança muito rebelde, como sou agora. Porém, com o tempo, aprendi a esconder este meu lado, mas isso não significa que essas coisas ainda não me enojam. Ver a minha mãe ser surrada por meu pai e ter de calar a boca noutro dia apenas para não apanhar também, era uma das coisas que mais doía. Meu pai sempre fora um alcoólatra, que acabou por morrer de overdose com o tempo. A idade avançada levou minha mãe também, me deixando completamente sozinho após isso. Meus tios me criaram, mas eles também não ligavam muito para a minha pessoa. Estavam muito ocupados com suas vidas chatas de adultos.
Eu passava a maioria do meu tempo trancado em meu quarto, estudando. Diziam que eu estava estragando minha vida, somente me enfiando nos livros. Também me disseram que eu não iria conseguir alcançar nada em minha vida e que toda essa luta era inútil. Bem, não estou querendo me gabar, mas estou numa posição muito melhor que a dessas pessoas hoje. Me orgulho do meu trabalho duro, pois ele me deu resultados incríveis. Eu sou alguém realmente muito incrível, somente por ter passado por tudo isso e ter resistido até hoje, sem reclamar uma vez sequer. Não gostava do meu passado, mas é por conta dele que eu sou quem sou hoje, então... Eu sou parcialmente grato a todos aqueles que entraram em minha vida pois, sem eles, eu nunca conseguiria tudo o que tenho hoje.
Já tive que ouvir que nasci em "berço de ouro" de algumas pessoas e, sinceramente? Eu não ligo nem um pouco. Eu sei muito bem de minhas raízes. De onde vim, para aonde estou indo e em que lugar quero chegar. O meu destino é apenas convencer a mim mesmo do que sou capaz de ter tudo aquilo que me foi negado em meu passado. Eu sinto que, sempre provar que eu estive errado é o meu passatempo favorito de hoje, e eu não acho isso algo ruim, e sim desafiador. É como se eu tivesse algo pelo qual lutar todos os dias em que acordo, até o último dia em que viverei. Isso me assusta as vezes, porém também me encoraja. Faz sentido? Em minha cabeça sempre fará, e muito. Já passei por muitas coisas humilhantes para estar onde me mantenho no momento.
Mas, as vezes, mesmo tendo tanto, me sinto vazio. Alguém ao meu lado para me apoiar, me ajudar nas coisas em que prometi conquistar sozinho... Eu não quero ser só pelo resto de minha mísera vida. Dói saber que as pessoas deste século não tem compatibilidade comigo, elas são completamente diferentes do que procuro. Não quero alguém para trabalhar para mim, quero alguém para ser meu amigo e parceiro. Não importa a cor, sexo, ou gênero. Amor é o que está faltando em minha vida. Sempre combati todos os obstáculos que passei, mas a carência era o maior. Nunca tive carinho paterno e, da parte materna, pouco me lembro. A realidade é que eu sinto falta de alguém que nunca tive. Para abraçar, trocar carícias e dizer o quanto amo essa pessoa até o infinito. Para passar horas vendo a luz do luar e, as vezes, ficar ali até amanhecer.
São diversos tipos de lacunas que foram abertas em minha vida e eu não sei quais delas são as piores, porque é realmente difícil decidir o que te machuca mais quando se está no meio de uma roseira cheia de espinhos. Não era isso que eu gostaria de admitir, mas é a verdade. A carência me sufoca e me torna vulnerável nos momentos de fraqueza. Tudo o que eu queria era alguém para ser meu guarda-chuva em dias ruins. Porém, terei que aprender a conviver com as trovoadas, pelo menos por hora.
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929; jjk+pjm
FanfictionO ano era 1901 e Jeon Jungkook estava com os seus nervos a flor da pele. Estava apto a receber pretendentes, quaisquer que fossem eles. Mesmo sendo criado em uma época completamente sombria, a qual nunca apoiaria a homossexualidade, não via problema...