Another voice.

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Park Jimin

                                xxx

Eu estava na casa de meus bisavós. Os dois me ligaram repentinamente, alegando que fizeram um bolo para que eu os visitasse. Como eu sabia que minha bisavó cozinhava como uma chefe, eu não pude negar o seu pedido. Quando se tratava de guloseimas, ela era a número um, para mim. Cresci com a sua comida, isso foi uma parte de minha infância que eu nunca me esquecerei. As tardes que passei sentado nesta pequena mesa, não foram poucas. Eu me sentia como uma fonte de nostalgia agora, borbulhando e com reviravoltas em meu estômago. Não eram ruins, mas sim muito boas. Significava que a criança que habitava em meu corpo ainda estava aqui, muito viva e se lembrava do que viveu, ainda bem. Eu me sentia em pequenas nuvens de algodão agora, de tão leve que meu corpo estava. Era como se as coisas ruins fossem expulsas de minha aura e somente as coisas boas ficassem enquanto estava aqui, nesta pequena e simples casa. Não sabia explicar, mas isso era uma parte muito marcante de minha vida. A felicidade emanava deste lugar, eu podia sentir. Quase como um conto de fadas, eu me sentia completo.

Acordo de todas as lembranças quando vejo aquele bolo sendo posto em minha frente sobre a mesa de cor amadeirada. O cheiro era incrível, eu sabia que seria o mesmo daquele que senti quando era pequeno. Várias coisas passaram em minha mente mais uma vez e eu não pude deixar de viajar nessas sensações. Eu poderia estar exagerando, mas eu adorava sentir como era a nostalgia. Eu sentia muita falta daquela época, por conta de ser muito mais fácil do que hoje, mas, ao mesmo tempo, eu apenas gostaria de ficar no passado mesmo e deixar tudo como está, lá atrás. Talvez se eu tivesse que viver isto novamente, não iria ser tão bom quanto foi, então não posso dizer que quero estar lá, pois, se estivesse, possivelmente não seria a mesma coisa que me lembro hoje e provavelmente não seria tão especial.

Peguei um dos pratos feitos de porcelana que estavam na mesa, com cuidado. Não queria os quebrar, pois eles raramente eram usados para comermos, apenas em ocasiões especiais. Então, como eu não estava vindo para cá frequentemente, isso era uma coisa incrível para minha "Bisa". Peguei a faca pelo seu cabo e meus dedos deslizaram sobre ela, indo até o fim de seu cabo e então levei-a até aquela massa que estava assada, cortando uma fatia e trazendo para o meu prato rapidamente, para que nada pudesse cair pelo chão ou em lugares indesejados. Peguei um daqueles talheres que eu já havia citado, aqueles antigos. Eles pareciam brilhantes, muito mais do que a última vez que pude vê-los. Provavelmente eles limparam-os, tudo estava muito preparado. Peguei o garfo e, com os dedos ao seu redor, cortei um pedaço da fatia que possuía, posicionando de forma que não pudesse cair, abrindo a boca e colocando de uma vez o pedaço ali. Mastiguei e era como eu imaginava. Aqueles arrepios vieram novamente. Eu estava muito feliz de poder estar nesse lugar de novo, era tão confortável.

— Isso aqui está divino, como sempre. Você arrasa muito no que faz, vovó! — Uso um apelido carinhoso com ela para me referir ao bolo.

— Obrigado, querido. Que bom que gostou, fiz especialmente pensando em você e nos dias em que você vinha aqui, anos atrás. Faz muito tempo, mas é sempre bom relembrar, não concorda? — Pergunta e eu assinto, com certeza.

— Óbvio! Aquele tempo foi um dos melhores que já vivi e nunca vou me cansar de falar isso. — Sorrio.

Não me contive e, depois de comer o primeiro pedaço, tive de pegar outro. Era irresistível, não podia controlar meus desejos. Mamãe também teria que vir hoje, porém ela resolveu não vir. Disse que era algo apenas para mim e que eu tinha que aproveitar, apenas com eles, porque ela gostava muito de mim e seria melhor que ela não viesse e apenas continuasse em casa. Não iria obrigá-la também a vir para cá, mas só acho que ela deveria. Enfim, não quero pensar muito sobre isso para não me aborrecer facilmente e estragar tudo o que foi preparado apenas para mim. Quero manter-me feliz na presença deles o máximo que posso, para que eles também se sintam do mesmo jeito e possam ser livres para ficar felizes também, visto que eu já estava sorridente. Os raios de Sol batiam na janela, parecendo estar nos saudando mais um dia, apenas fazendo parte daquele café tão maravilhoso. Uma brisa fresca também não poderia faltar, não? O vento estava favoravelmente bom hoje, um dia quase perdeito, daqueles que você pensa que nada pode o estragar. Tudo tem como piorar, porém nada parecia tão ruim assim agora com eles ali.

Porém, tudo muda quando ouço passos do lado de fora. De primeiro, pensei que pudesem ser os cachorros, porém eram muito fortes para serem de qualquer animal possível que estivesse aqui. Foram ficando cada vez mais fortes, como se alguém estivesse pisando no chão com um grande sapato, de propósito. Não estava ouvindo mais nada além disso, até que...

— Jiminnie! — A voz infantil fez-se presente com um eco em minha mente quase insuportável. Coloquei as mãos em meus ouvidos, porém acordei logo em seguida, vendo que meus bisavós ainda estavam ali.

— Está tudo bem, meu neto? — Vovó chega perto e eu largo as mãos de minhas orelhas.

— Claro que sim! É apenas uma pequena dor de ouvido que tenho tido há uns dias atrás, mas já está sarando, não precisa nem se preocupar. — Tento me livrar de dar explicações complexas à ela.

Apenas aceita a desculpa e continua a comer. Para ser o mais convincente possível, também me apressei em tentar parecer o mais normal possível. O que estava acontecendo comigo? O que foi aquilo!? Um sinal ou qualquer coisa do tipo seria fácil de destinguir. Minha mente não se lembra de nada disso, não dessa voz infantil. Ué... Estranho. Muito estranho, de uma forma que eu não gostaria.

929; jjk+pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora