Running.

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Park Jimin

Estava anoitecendo e eu já estava me preparando para sair. Para a minha sorte, minha mãe estava dormindo há um tempo e seu sono é daqueles profundos. Não sei se ela iria reparar em alguma coisa, mas somente sei que não iria demorar. Estava me arriscando? Demais, mas não quero ficar com esse monte de pensamentos ao redor de minha mente, me assombrando para sempre, então a minha única chance é ir até lá e resolver isto por minha própria conta. Sem ninguém, totalmente no silêncio e com poucas pessoas por perto, ou senão nenhuma, já que ninguém vai lá até aquele lugar há anos. Não iria levar nada de importante além de uma lanterna para caso de emergência, até porque se levasse o meu celular ele poderia ser pego por alguém que estivesse passando na rua com más intenções. A janela era um pouco alta, porém não era uma queda que eu não conseguia aguentar. Tentei descer com calma, sentindo a brisa fria entrar em minha blusa. Ao me impactar com o chão, sinto um pouco de dor em uma das pernas, mas era temporária. Não que eu esteja acostumado a ser tão radical assim, mas também não sou tão ruim ruim em ser rebelde, estou fazendo bem o meu papel como adolescente revoltado. Brincadeiras a parte, eu apenas queria respostas, pois aquilo que minha progenitora comentou com minha pessoa foi extremamente coincidente com o que aconteceu/ está acontecendo em minha vida agora, e são histórias muito próximas para se tratarem apenas de uma mera situação idêntica. Não iria aceitar uma desculpa vazia vinda de minha mente e continuar a minha vida como se nada tivesse acontecido, isso é loucura.

Se eu cheguei tão longe, não deveria parar por aqui agora. Tenho que fazer valer a pena a minha longa caminhada, porque não foi fácil conseguir tudo isso e ficar imaginando todos os dias se isso tudo é coisa da minha cabeça ou algo parecido. A questão era: eu estaria enlouquecendo? E a resposta eu descobriria agora, pois, se eu tiver algo a ver com isso, a verdade será mostrada através das gravuras que existem na árvore que restou. Apenas ela pode me dar o que quero, se eu realmente acho que faço parte de tudo isso. Mas não faz sentido que eu não faça parte disso, pois se eu não fizesse, provavelmente ninguém viria atrás de mim, até porque não tenho nada a ver e nunca nem ouvi o nome de alguém que possa ter a ver com tudo isso. Provavelmente há um motivo e eu não sei se estou tão ansioso para descobrir ou para ver o que acontecerá. Se nada acontecer, posso dormir em paz e pensar que tudo isso foi um grande erro e que levei apenas demais para a minha mente, pensando que eu seria uma pessoa importante o suficiente para que o universo escolhesse e tivesse que me separar de meu parceiro de uma vida que nunca vivi por conta de olhares cheios de preconceito. Isso é tão louco... Porém também faz muito sentido. As forças superiores tiveram piedade do garoto (que supostamente sou eu) a ponto de não deixarem-os sofrer apenas por dó. É realmente uma bela história, emocionante e de encher os olhos de lágrimas.

Mas por enquanto teria que esquecer tudo isto e apenas continuar andando, não era hora de ficar remoendo esta tristeza. Teria que resolvê-la de uma vez, e não remoer para sempre. Mesmo que isso possa doer também, mas eu tenho que saber o que está acontecendo com minha vida, pois eu já estou totalmente perdido e não consigo mais continuar sem que isso seja resolvido de uma vez. É impossível para mim, pois agora já que me chamaram para fazer isso desaparecer, eu não posso apenas voltar atrás. Já estou fazendo o impossível para isso, e continuarei a fazer mais, até quando eu puder. E, se eu não puder mais, pelo menos serei grato por saber que não apenas fiquei sentado em minha cama, surtando a cada dia. Apenas as tentativas valerão a pena, até os riscos poderiam ser "bons" nesta situação. Todos aqueles riscos que corri poderiam ser apenas mais um incentivo para correr mais contra o tempo, tentando fazer um tipo de competição com o relógio. Sei que ele sempre passaria em minha frente, mas pelo menos isso me serviria de impulso para que eu pelo menos não desistisse, afinal, não importava o quão eu fosse rápido, e sim se eu chegaria até o fim ou não. A minha alma gêmea talvez poderia estar procurando por mim também, eu nunca saberia até tentar, então cá estou eu em uma rua perigosa me colocando em risco por conta disto: um segredo do passado. Valia a pena? Sim, muito. Não acho justo que eu não saiba do meu possível passado que nunca vivi, seria burrice me manter parado aqui e não fazer nada contra isto.

Já estava perto e podia ver a entrada das ruínas de longe. Apressei meus passos por mais uma das incontáveis vezes anteriores e então cheguei perto, olhando para o outro lado da calçada e conferindo se ninguém estava perto. Após esperar um carro passar e ir para fora do meu campo de visão, eu finalmente me senti seguro para poder entrar. A noite estava muito escura, mas mesmo assim eu ainda possuía uma noção de espaço, mínima, mas ainda era válida. Peguei a minha pequena lanterna e então iluminei o local, indo até à árvore, que ainda estava ali, nada de muito especial e novo além disto. Mas agora não sabia direito o que fazer... Me sentia confuso, pois o que deveria mover ou dizer para que isso, de alguma forma, ativasse? Cheguei aqui, mas não sei como fazer isto funcionar. Não é uma máquina, mas deveria vir com algum tipo de instruções, não posso passar a noite toda aqui, apenas encarando um pedaço de madeira. Talvez se eu esperasse um pouco, algo iria acontecer. A esperança é a última que morre, no final das contas, e isso é nada mais do que a verdade.

E a única coisa que espero neste momento é encontrar a verdade.

929; jjk+pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora