Surreal.

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Park Jimin

Após finalmente sair da casa de meus bisavós, o meu destino agora eram as ruínas. Não havia nada de melhor para se fazer hoje e a curiosidade estava quase me matando, então... Era para lá o lugar para o qual iria. Mas teria que mentir para a minha mãe, já que seria ela quem me levaria. Diria a mesma coisa que disse àqueles que me abrigaram em suas casas até agora, sobre o trabalho. Caso ela não acredite, pedirei para que contate eles para confirmar. Como eles não vão me contrariar, ela terá que me levar. Primeiramente direi que apenas serão algumas fotos e que não passará de dez minutos, mas provavelmente demorarei uns cinco minutos a mais. Eu não quero ser pressionado, então terei que dizer também que quero tirar fotos de qualidade alta, então demora um pouco para encontrar um ângulo bom e que sirva, já que, na mentira que será contada,  os professores são bastante exigentes. Tem tudo para dar certo e eu espero que dê, ou eu irei surtar com tudo e todos.

O carro de minha progenitora então para no portão e eu entro, sentindo-me aliviado por ter conseguido enganar vovó e vovô. Eles nem desconfiaram... Pelo menos espero que não. Bem, se acharam algo estranho, minha mãe me perguntará, pois eles sempre contam as coisas para ela, de alguma forma me perguntar o que está havendo. Então, cedo ou tarde, ela me dirá se eles acharam os assuntos em que entrei estranhos ou não, mas espero que tenha passado batido desta vez. O carro então começa a se mexer por conta de estar sendo ligado e, quando estávamos fora da vista daquela casa, resolvi perguntar à minha mãe se ela poderia me levar até onde queria.

— Mãe... Você conhece as ruínas? De uma praça da cidade? — Pergunto, fingindo entusiasmo.

— Sim, eu acho. Meus pais me apresentaram quando eu era pequena. Mas por que você quer saber disso agora? O que te disseram? — Ela olhou para mim, porém voltou seus olhos na estrada.

— Não, ninguém me disse nada. — Tiro o seu foco dos dois em que pensava. — Eu tenho que ir lá, por conta de uma pesquisa pessoal que estou fazendo, nada de escola, só queria conhecer o lugar e tirar algumas fotos, mesmo. Estou interessado na história da cidade. Vovó achou que fosse algo de escola... Mal sabe ela que já terminei a escola há um "tempinho". — Rio, fazendo aspas com as mãos.

— Ela deve estar ficando esquecida, é o que a idade faz em alguns. — Ela sorri. — Eu vou te levar lá, mas não fique muito mais do que vinte minutos. Se ficar mais do que isso, eu te coloco de castigo, e não me venha falar que é maior de idade, pois não importa.

— Tudo bem, senhora "mimimi".— Ela me dá um leve tapa em meu braço e ri junto a mim.

O rumo então começa a se tornar diferente, já que não estávamos indo para a casa. Estava animado, nunca viera até esta parte da cidade, era considerada um pouco perigosa, mas parecia ser normal, como todas as outras. Existiam buracos na rua e nós presenciamos um deles quando o carro colocou suas rodas dentro do mesmo, nos dando um solavanco de leve. Pelo menos não foi dos grandes. Se fosse, minha cabeça teria ido pro teto. Minha mãe ainda estava lá, desviando deles e tentando não ir muito por conta de estar tomando cuidado para não passarmos por um em alta velocidade e algum acidente acontecer por conta disso, como furar o pneu. Se ficássemos nesta estrada por conta disto, ela me culparia, provavelmente. Errada ela não estaria, já que fui eu quem a fiz chegar até aqui por conta de curiosidade. Ela provavelmente diria "sabia que devíamos deixar isso enterrado, passado é passado", num tom filosófico. Brincadeiras à parte, pelo menos tivemos a sorte de passar pela pior parte ilesos.

O Sol alaranjado da tarde batia nos vidros e trazia o brilho até meus olhos, o que me incomodava um pouco, mas não podia fazer nada contra isso. Conforme fomos chegando até onde queríamos, o carro desacelerou e as portas destravadas. Agora eu já poderia descer. Menos mal... Achei que minha mãe nem me traria até aqui, é impressionante que ela nem tenha questionado demais. Enfim... Preciso aproveitar este raro fenômeno.

— Não demore muito lá para voltar, mocinho. Apenas tire as fotos e já volte. Aqui é perigoso. — Ela diz, me avisando e eu rio, concordando.

— Tudo bem, no máximo vinte minutos e eu já estarei de volta.

Cheguei perto das ruínas e vi apenas destroços do que um dia parecia ser um lugar lindo. Vinhas tomavam certas partes e parecia ser algo muito antigo. Me trazia uma sensação de que eu me encontrava em outro século, agora mesmo. Praticamente todas as árvores estavam mortas, mas ainda continuava bonito, de alguma forma. Tirei algumas fotos, para enganar minha mãe de que realmente vim apenas para tirar e ir embora. Mas uma árvore me chamou a atenção: ela estava totalmente verde e não sofrera as consequências do tempo, o que era impressionante, já que todas ao seu redor estavam secas. Vi algo escrito em seu tronco: Jk e Jiminnie. Ok, Park Jimin, não surte, são apenas as visões de novo. Parecia uma escrita muito antiga, porém muito atual também. Não sabia explicar, porém comecei a ouvir vozes em minha cabeça quando cheguei mais perto. Era estranho, porém pareciam as mesmas vozes das crianças que vi no espelho.

— Isso vai ser pra sempre, Minnie? — Um garoto que deduzi ser "JK" pergunta.

— Sim, Jeon. Seremos melhores amigos pra sempre. — A pessoa que parecia ser eu, respondeu. — Eu e você, para sempre. Além das estrelas e através dos espelhos.

— Isso foi fofo.

As falas se acabaram. Eu não tinha mais saúde mental para continuar ali. Tirei as últimas fotos, tremendo e então me retirei. Pareciam ter passado horas, porém, quando olhei, foram apenas dez curtos minutos. Eu não sabia o que dizer e muito menos o que fazer. Eu apenas precisava processar toda essa pilha de informações quando chegasse em casa. Isso tudo é surreal demais para ser verdade... Uau.

929; jjk+pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora