Jeon JungkookSaí rapidamente do local, já que eu não estava acreditando no que acabara de ver. Era surreal, não podia ser deste planeta e muito menos da minha cabeça. Por que minha mente criaria tudo isso, sendo que eu ao menos conheço a criança que acabei de olhar quase no fundo nos olhos? É difícil pensar em uma resposta válida, mas o que mais me atordoava é que: ela sabia meu nome. Não sei se foi apenas uma cena criada por devaneios aleatórios, mas a criança (ou melhor, o resultado de uma loucura momentânea), sabia meu nome. Na verdade, aquilo era um apelido que poucos usavam comigo. A não ser que me conhecessem, não podiam usar aquilo comigo. Tinham de ser íntimos, de verdade. Apenas pessoas que faziam parte da família podiam usar isso como apelido carinhoso ou qualquer coisa do tipo, qualquer outra pessoa que usasse para me chamar, eu considerava ofensivo, já que significava muito para mim, então não queria que qualquer um por aí pudesse usar. Se eu quisesse, já falaria na hora que gostaria que a pessoa me chamasse daquela forma, somente então ela poderia se sentir livre para dizer "o que quiser" quando se trata de mim.
Parece um pouco esnobe, mas, para mim, nada mais é do que um pouco de respeito. Se não é alguém que eu considere importante, não tem o porquê me chamar dessa maneira tão próxima, mas parece que era só uma criança, portanto, ela deveria estar chamando uma outra criança, que no caso seria eu. Mas isso parecia ser algo que eu me lembraria muito facilmente e não uma coisa misteriosa na mente. Se eu tivesse passado alguns momentos com algum amigo nessa praça, seria fácil para mim reconhecer a voz, o nome e até como o local em si era na época em que a lembrança se passou. Mas é muito suspeito que eu não lembre de praticamente nada, apenas desse flashback que acabei de ter, que mais pareceu uma coisa macabra do que real. Talvez seja alguma artimanha que meu próprio cérebro está criando para me avisar de algo, deve ser isso, tenho quase absoluta certeza. Mas não podia parecer suspeito, esqueceram? Porém, quando vi, estava parado no meio da rua, olhando para o nada, fitando o chão. Nada suspeito, Jeon... Quase nada. Qualquer pessoa acharia super normal alguém estar olhando para o concreto como se fosse comer aquilo, não tenho dúvidas.
Aos poucos o calor do momento foi se tornando menor e eu pude mais uma vez esfriar a cabeça. Ainda estava tonto por conta de todas as coisas que pensava, mas, com o passar do tempo, consegui filtrar tudo e focar em apenas uma coisa, que era voltar para a minha casa. Não importava mais o que tinha que fazer hoje, eu não estava com um pingo de paciência e saúde mental para lidar com mais pessoas falando perto de mim, ainda mais se fosse para aturá-las me pedindo algo. Queria paz, apenas isso poderia me curar agora e me deixar melhor. Não sei que tipo de coisa está me fazendo ter alucinações, mas espero que não seja nada grave, pois a última coisa que quero fazer é consultar um médico. Ele provavelmente irá querer me tirar de meu cargo por eu possivelmente ser um louco e incapacitado de exercer minha função. Pessoas invejosas inventam coisas para derrubar as outras, sempre vi isso durante a minha vida toda. E eu não quero em hipótese alguma, ter de ver tudo isso que construí ser desmoronado por uma coisa boba. Preciso ter certeza do que isto é e como fazer para parar.
As pessoas falavam sobre suas vidas e até a vida alheia aos montes perto de meus ouvidos. Minha audição era aguçada, então não podia evitar de ouvir o que eles tanto falavam. Tentava não prestar atenção, mas a cada lugar em que passava haviam duas pessoas (ou até mais) falando sobre coisas paralelas de seu dia. É nisto que dá viver no meio da maior cidade, atualmente. Pessoas e mais pessoas... Tão fúteis. Não vêem que gastam sua vida e tempo com essa bobeira de não cuidar de suas próprias vidas, apenas falando sobre o que tal pessoa vestiu ou com quem esteve na noite passada. Essa é uma das coisas que mais me cansa e que penso que nós poderíamos evoluir.
Aliás, o tempo. Deste, nada tenho a falar. Tão apressado, corre como o vento e não há de parar nunca. Não reclamo, pois não queria que parasse também. Quero que tudo passe, mas certas coisas mal se esperam. O tempo não espera, as vezes penso que ele seja nosso verdadeiro vilão. Se tivéssemos mais tempo, poderíamos aproveitar mais, conhecer mais pessoas e até nossa "cara-metade", seja lá onde ela esteja. A vida é curta, para ser gasta a custo de nada. Não achei ninguém que fosse interessante o suficiente ainda para mim. Me pergunto se essa pessoa poderia não estar viva agora ou... Estar em outro plano, como dizem as pessoas supersticiosas. Eu nunca a conheci e tenho medo de que ela nunca venha a me conhecer também. É alguém que eu nunca vi, mas sinto que tenho uma conexão forte, até demais. Daria tudo para ter a minha "alma gêmea" ao meu lado, agora. O amor não tem obstáculos, ele vence todos. Mas ainha única preocupação é: e se eu não possuir alguém? E se meu destino for apenas ficar só? Esses pensamentos amedrontam-me dia após dia, pois quanto mais envelheço, menos tempo passarei com esta pessoa. Não quero esperar por ela a vida toda e não conseguir tê-la, ou conseguir só no fim da vida. Isso não vale a pena. Mesmo que fossem os poucos dias/meses/anos mais intensos da minha vida, eu não quero que essa pessoa chegue no fim.
Quero crescer juntamente a essa pessoa, como se estivéssemos juntos desde a infância, mesmo que eu não tenha a conhecido nesta época. Ver a sua evolução e ficar orgulhoso de o ter ao meu lado. Como duas crianças que andam por aí, despreocupadas e rindo.
— Duas crianças... — Sorrio para mim mesmo, porém minha cara logo fica séria e pensativa. — Espera, pode ser essa a resposta! — Digo, baixo, surpreso com meu próprio raciocínio.
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929; jjk+pjm
FanfictionO ano era 1901 e Jeon Jungkook estava com os seus nervos a flor da pele. Estava apto a receber pretendentes, quaisquer que fossem eles. Mesmo sendo criado em uma época completamente sombria, a qual nunca apoiaria a homossexualidade, não via problema...