Park Jimin
Voltei até o carro e minha mãe parecia estar impressionada, provavelmente pelo fato de eu ter voltado dentro do horário combinado, já que eu sempre desobedecia a mesma, toda vez. Fechei a porta e então mostrei a ela uma das fotografias que tirei. Ela olhou com dificuldade, já que sua visão não era das melhores e sorriu levemente, parecendo lembrar de algumas coisas.— Lembro que diziam que era um lugar mágico. — Comenta. — Havia muitas lendas sobre o local, mas uma delas era que ele foi incendiado por conta das leigas pessoas que diziam que estava enfeitiçado por conta de uma escritura em uma das árvores. Era algo de dois garotos, uma coisa do tipo. E disseram que eles foram separados pelo tempo por conta de que as relações homossexuais são "proibidas" por Deus. Eu realmente acho isso uma bobeira, já que não há o porquê de Deus se preocupar com a sexualidade alheia. Disseram que eles seriam punidos de maneira pior, mas eram seres puros, ainda crianças. Mas essa é a versão mais forte e sem sentido, tem aquela que faz mais sentido do que apenas pessoas sendo julgadas por serem elas mesmas.
— Bem, e qual seria essa outra história? — Me encontrava arrepiado por conta das coincidências.
— É bem longa, então vamos começar do topo. Essa praça é antiga, até demais, como você já sabe e eu sei que os seus avós te contaram algo. Uma pessoa construiu ela com o intuito de que pessoas se apaixonariam se entrassem ali e olhassem os seus reflexos no lago, dizem que ele até pode ter colocado um encanto no lugar. Porém isso era raro, mas não para duas crianças. Diziam que elas não se desgrudavam, sempre estavam indo de um lado para o outro de mãos dadas e brincando das mais variadas brincadeiras que já existiram. Eram praticamente a atração principal da cidade, bem conhecidos. Quando eles se olharam no lago, apenas inocentemente, um sentimento entre eles cresceu. A mágica estava feita, e eles foram os escolhidos. Agora eles estavam inseparáveis.
— Uau...
— Bem, continuando... Nem todas as histórias têm um final feliz, e essa é uma delas. As pessoas começaram a enojar o comportamento, que em suas antigas visões era perverso, mas não diziam nada, não até o momento em que foi escrito o nome dos dois nas árvores. Você deve ter visto esse detalhe agora há pouco, quando foi lá. Então, eles queimaram o lugar, pensando que ele estaria com alguma coisa de ruim, já que muitas pessoas entravam ali e mentiam e diziam tinham uma sensação estranha dentro de si, que algo ruim estava vendo. O complô foi tanto que manifestantes chegaram e incendiaram tudo, sem piedade alguma. Porém, algo sobreviveu, e você já deve imaginar o que: a árvore. A única que não foi queimada e nem destruída, no meio do lugar inteiro. Tentaram cortá-la, mas ela era muito forte para os machados não afiados da época, então resolveram deixar e nunca mais voltaram a tocar no assunto do que houve ali. — Olha para mim.
— E as crianças? — Pergunto, me sentindo com o coração acelerado.
— Ok, essa é uma parte um pouco triste. Uma delas nunca mais foi vista, porém há boatos também sobre isto. Um deles é que ela foi embora após chorar muito e se perdeu no matagal, passando noites chorando e então faleceu. E a outra é que elas foram separadas, de forma mística, porque elas não poderiam mais se amar com aquelas pessoas ao redor e o destino sentiu pena disto, então colocou-as em épocas distintas. Para ser mais exata, dizem que foi exatamente 929 anos de distância um do outro. — Arruma seu cabelo.
— Mas por que exatamente essa quantidade?
— Porque o número 929 significa que você está sendo apoiado num momento difícil, na busca do equilíbrio espiritual e interno, que seria quando as pessoas se encontrarem e puderem estarem juntas. Mas até hoje ninguém sabe onde está a outra pessoa. Porém, elas nunca se separariam, já que eram almas gêmeas e sempre se lembrariam de um passado que já viveram, que foi aquele em que estiveram um lado da outra, e isso foi algo que nem sequer o tempo separou. — Termina a história. — Mas enfim, são somente lendas. Nada é confirmado até que há provas. Só estou te contando porque essas fotos me lembraram o que me foi contado há anos, e eu sei que você está procurando por respostas por causa disto também. Nunca se sabe, vai que você é o garoto que está perdido e foi mandado para a outra época.
— Acho bem improvável, mãe. Só queria saber a história mesmo, já que vovó conhecia o lugar. — Tento descontrair, brincando, porém eu estava surpreso sobre como isso refletia as coisas que eu estava pensando agora.
Não tinha certeza se eu realmente era aquele que estava sendo procurado por conta de termos sido separados, ou se eram apenas loucuras que minha mente estava criando. Eram infinitas as possibilidades, muitas mesmo.
— E como esses dois voltariam a se ver? — Pergunto, tentando retirar mais informações.
— Eles nunca mais se verão, segundo todos. Mas a árvore é o que conecta eles, já que existe em ambas as épocas. Talvez eles possam tentar algum tipo de contato por ali, se o universo permitir. Mas ele não é tão misericordioso assim, então não sei. Mas, enfim, vamos voltar para casa. Agora você sabe de tudo, está feliz? — Ela pergunta e eu rio de forma falsa, pois não estava totalmente feliz agora.
— Estou, muito. — Respondo, num tom de brincadeira.
Minha cabeça parecia querer explodir agora, eu não estava acreditando. Isso era muito para mim. As coincidências eram muito grandes para serem apenas coisas extremamente parecidas. A esse ponto, acreditava em qualquer coisa que me tirasse fora disto, mas isso não havia como me defender. Com certeza era algo que me envolvia e provavelmente eu fui aquele que foi mandado para longe da pessoa que eu deveria amar. Isso era muito triste, porém a única saída agora era tentar me comunicar com ela, mas não sabia o mínimo sobre isto. Sem contar que não tinha noção de como chegar aqui de forma segura, a noite, sem que ninguém veja.
Talvez seria agora que a minha coragem teria de ser o suficiente para andar por aqui a noite.
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929; jjk+pjm
FanfictionO ano era 1901 e Jeon Jungkook estava com os seus nervos a flor da pele. Estava apto a receber pretendentes, quaisquer que fossem eles. Mesmo sendo criado em uma época completamente sombria, a qual nunca apoiaria a homossexualidade, não via problema...