The truth.

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Jeon Jungkook

Corri para fora, tentando achar de onde estava vindo os gritos. Eles eram imparáveis, mas não até o momento em que cheguei finalmente na trilha. A criança estava lá, com um escorpião em sua frente, desesperada e com medo de ser picada. Eu não podia ajudar, já que isso apenas era uma visão, então eu sabia que o meu "eu do passado" ajudaria, então não precisaria me preocupar com isto. Alguém puxou-o para longe do pequeno bicho e então jogou fortemente um sapato em direção a ele, o que acabou por o matar. Os dois então se olharam, como se tivessem sentido que venceram, e realmente haviam feito isto. A felicidade apenas se instalou ali conforme o tempo passou e tudo ficou melhor desde então. Mas ainda não tinha acabado, pelo visto eles ainda tinham mais coisas a falar, já que eu ainda estava vendo-os juntos. Quando as coisas acabam, eles somem, e desta vez não foi o que aconteceu. Respiraram fundo para que pudessem se reanimar e ficarem bem novamente. Pareceu ser um momento bem tenso, no sentido de que os dois estavam com medo.

— Você poderia ter morrido, ele estava perto dos seus pés. Por que não correu? — A criança que provavelmente era a minha pessoa, perguntou.

— E-eu não sei. Sabia que você me salvaria, de algum jeito. — Responde.

— Mas, mesmo assim foi perigoso, um risco muito alto.

Os dois pareciam um pouco maiores aqui, em idade e em maturidade, mas não muito também. Pareciam ter um ou dois anos de diferença desde a última vez em que os vi. Praticamente iguais, porém alguns aspectos os tornavam diferentes do que aquelas pessoas que vira na praça. Lá eles estavam mais infantis, e aqui mais maduros, o que era estranho. Parecem muito maduros para a idade que aparentam, até demais. Como se tivessem sido obrigados a amadurecerem, não de forma saudável. O jeito que falam sobre perigo parece um jeito que alguém mais velho que eu falaria, mas eles parecem cuidar um do outro de uma forma preciosa. Nunca iria entender como eles conseguem serem tão carinhosos assim, até em seus sermões. Eu já teria dado uma bronca grande, se fosse comigo. Se bem que eles parecem mais compreensíveis do que eu, então está além de meu entendimento, por enquanto. Erros acontecem. Tudo muda quando eles continuam a sua rota até a saída da trilha. Então quer dizer que o segredo não estava na casa? Para onde eles me levariam, então? Apenas comecei a seguí-los para ter certeza. O caminho levava de volta para a cidade, para o centro, para ser mais exato.

Os dois estavam muito juntos e andavam com suas mãos dadas uma a outra. Por um segundo, eu conseguia ver os olhares dos outros a eles. Eram feios e repudiavam o ato de ambos, como se aquilo fosse errado ou ruim. As duas crianças agora tinham caras medrosas e tentavam a qualquer custo protegerem um ao outro caso alguém dissesse algo. Olhares tristes estavam em seus olhos, nem pareciam mais aqueles dois que eu vira brincando perto do lago.

— Não ligue para eles, Minnie. — A criança diz. — São muito cegos por tudo, não conseguem entender que isso é normal entre amigos. Apenas finja que eles não existem e tá tudo bem.

Apesar de minha versão pequena parecer ser mais nova que o outro ao seu lado, ela parecia ser a personalidade que era a que protegia o maior. Talvez por conta desses olhares em sua relação pura e inocente de apenas amizade/quase amor, foram obrigados a crescerem mais rápidos do que as crianças normalmente crescem. Isso era muito triste, mas foi o que aconteceu comigo também, com ou sem esse tal de "Jimin" ao meu lado nesta minha realidade. Por conta de muitos acontecimentos que já vivenciei, fui forçado a encarar o mundo da forma que ele é muito cedo. Muitas vezes também por conta de preconceito ou situações piores como brigas e também agressão que se vê nas ruas, já que meus responsáveis não ligavam para os lugares em que eu iria, então eu acabei vendo muitas coisas inapropriadas para a minha idade, então por conta disso certos traumas existem em mim, mas não vem ao caso. O que importa é que talvez eu tenha resolvido o porquê de eles agirem de uma maneira tão adulta, mesmo sendo tão pequens: o mundo estava os cobrando muito cedo.

Continuei seguindo o caminho que eles tanto andavam e então eles me levaram novamente até a praça. Lá os dois sentaram em um dos bancos e então Jimin começou a chorar, muito. Como se um desastre tivesse acontecido contra ambos e, sim, isso realmente havia acontecido.

— Que droga! Isso de novo, eu não aguento mais. — Disse ele, dentre as lágrimas.

— Se acalma, Jimin. Já disse que eles não têm nada a ver com o que fazemos, somos amigos e sabemos que não há nada demais nisso. — Tenta confortar.

— Sabe, Kook, eu espero que nada separe a gente. Se um dia eu for para longe, por favor, me promete que você vai vir até essa árvore todo dia. Ela é a única coisa que temos para nos "comunicar" mesmo de longe. — Afirma, chorando mais.

— Tudo bem, eu prometo.

De repente, uma das cenas mais assustadoras de minha vida pôde ser vista. Os dois garotos sumiram misteriosamente e agora eu estava no meio do mesmo lugar, só que agora o fogo o consumia, pouco a pouco o destruindo. Gritos de pessoas raivosas podiam ser ouvidos do lado de fora, elas pareciam ser as culpadas deste crime.

— Matem estas árvores! — Um grito cheio de ódio se destacou no meio de todos. — Duas crianças inocentes do sexo masculino foram  infectadas com um tipo de encanto que lhes fez ficarem apaixonadas uma pela outra. Isso é repugnante e não podemos aceitar isto! Acabem com todas essas coisas, salvem nossas crianças e toda a cidade antes que mais disso se espalhe.

— Jungkook-ah! — A criança gritava pedindo por ajuda, parecia estar sendo levada para algum lugar, como se tivesse visto algo.

— Jiminnie! — O garoto respondeu ao seu grito com outro, só que agora havia dor em seu tom. Dor emocional.

Isso era inacreditável.

929; jjk+pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora