C A P Í T U L O 3

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Algo me dizia que aceitar podia acabar não dando certo. Eu sabia que nada de mal iria acontecer mas sabia também que Jade e meu pai não iam gostar nada daquilo.

Penso um pouco antes de responder e adoraria que não tivesse demorado tanto pois percebi que a feição de Dylan já havia mudado um pouco e não estava tão feliz assim.

- Sim. -Respondo finalmente.

Sorrio e começo a andar devagar para Dylan caminhar ao meu lado. Estávamos em silêncio, mas não era um daqueles super desconfortáveis. Era algo bom, na verdade.

Percebi que Dylan me olhava e fiz de tudo para fingir que aquilo não estava acontecendo para não precisar olhar para o lado. Provavelmente meu rosto entregou que eu estava envergonhada.

- Estou ansioso para conhecer sua madrasta e tirar minhas próprias conclusões sobre ela. -Dylan quebra o silêncio.

- Não esteja. -Falo enquanto reviro os olhos. - Ela provavelmente não vai ser a pessoa mais simpática que você vai conhecer.

- Não pode ser tão ruim assim.

- Tudo bem. Se minha palavra não conta, vai ter mesmo que tirar suas próprias conclusões.

Chegando em frente a casa, eu não fazia ideia do que iria acontecer a partir daquele momento.

Abro a porta amarela gigantesca e coloco as chaves em cima de uma mesinha com vasos de flores.

- Isso parece ser bem caro. - Dylan fala assim que passa por um objeto em cima do balcão.

Passo pela cozinha e novamente o silêncio se instala. Estava tudo tão quieto que provavelmente dava para escutar as batidas nervosas do meu coração.

Devo admitir que estava nervosa então fiz de tudo para que a sala não fosse o primeiro cômodo que Dylan iria conhecer. Tentei pensar em algo para falar para poder demorar mais por ali mas uma hora ou outra, a bruxa iria me escutar.

Chegando na sala, escuto uma voz masculina. Estava baixa mas ainda dava para escutar.

- Sim, cabelo longo e escuro.

Era a voz de meu pai. Ele estava ao telefone e andava de um lado para o outro.

- Se continuar assim, vai abrir um buraco no chão. - Falo deixando minha bolsa em cima do sofá.

- Emma! -Meu pai corre até mim. - Por onde esteve? Eu estava falando com a polícia.

Que drama. Eu sei.

- Eu estou bem. -Olho para Dylan. - Só fui comer algo com ele.

Meu pai não havia notado a presença de Dylan até aquele momento. Seus olhos passavam de mim até o garoto parado na porta.

- Quem é esse? -Meu pai quase sussurrava.

- Calma, é só um amigo.

Neste momento, Jade entra na sala com uma bandeja cheia de cookies e copos com suco.

- Emma! -Minha madrasta deixa a bandeja na mesa de centro. -Ah, meu Deus. Eu estava muito preocupada.

Jade me abraça enquanto Dylan me encarava com um sorriso de lado.

- Tudo bem. -Digo me afastando dos braços de Jade. - Estou aqui.

Ando até a porta da cozinha que ainda estava aberta e a fecho. Empurro Dylan para fazê-lo andar.

- Esse é meu amigo Dylan.

- Prazer. -Dylan estende a mão para meu pai, que não demora muito para apertá-la.

- Me desculpe pela confusão. Sou Christian. Pai da Emma.

Jade tosse discretamente e olha séria para meu pai.

- Oh, me desculpe. Está é Jade. Minha esposa.

- Prazer em conhecê-los. -Dylan repete.

- Por favor, sente-se. Coma alguma coisa. -Meu pai fala enquanto pega um copo de suco.

Dylan se senta e me olha como se quisesse dizer "por favor, senta e seja gentil". Respiro fundo e sento ao seu lado.

- Então, Dylan, -Jade começa. - Você trabalha?

- Sim. Na lanchonete Food & Chill.

- Você cozinha lá? Ouvi dizer que os melhores croissants da cidade são desta lanchonete.

- Não senhora. Sou o garçom.

Jade arregala seus olhos e me olha horrorizada.

- Garçom? Bom, não é um funcionário importante, então?

- Quem leva a comida até sua mesa, Jade? Corujas? - Falo levantando para pegar um biscoito.

- Garçons são tão importantes quanto qualquer um dentro de uma lanchonete ou restaurante, querida. -Meu pai fala deixando Jade com a cara fechada.

Dylan não fala nada e percebi que aquilo tinha o deixado desconfortável.

- Okay. -Digo levantando e batendo as mãos para os farelos de cookie cairem. -Essa conversa já está longa demais.

- Mas acabamos...

- Dylan tem que trabalhar. - Interrompo meu pai. -Certo?

Dylan balança sua cabeça afirmando e puxo seu braço para fazê-lo levantar.

Passando pelo hall de entrada,  penso em várias maneiras de como pedir desculpas pelas palavras grossas de Jade mas nada vinha em minha cabeça por que o que ela havia feito era injustificável.

Quando saímos de casa, minha boca está aberta mas nada sai.

- Não precisa falar nada. -Dylan fala. -Se é isso que está tentando fazer.

- Olha, me desculpa. Eu falei que ela ia ser ridícula.

- Não tem problema.

- Claro que tem. Não se fala aquilo para ninguém.

- Acho que ela só está acostumada a ver garçons a servindo e não fazendo "uma visita" em sua casa.

Dylan olha para a casa que acabamos de sair. Seu olhar está diferente.

- Estou certo? - Ele dá uma batidinha em meu ombro.

- Me desculpa mesmo.

- Esquece isso. Não tem problema. -Dylan olha para o relógio em seu pulso. - Tenho que ir.

Ele me dá uma piscadela, se vira e vai embora.

Fico alguns segundos parada no mesmo lugar. Eu simplesmente não consegui acreditar na falta de respeito que Jade teve.

Enquanto estava no jardim, eu conseguia sentir meu corpo inteiro queimando de raiva.

Não vou deixar isso para trás...

Não vou deixar isso para trás

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