Os dias que se seguiram foram marcados pelo meu êxtase. Todas as vezes que duvidava de que tudo aquilo tinha acontecido, olhava para minhas mãos. O anel que encontrei largado no apartamento coubera perfeitamente no meu dedo, como se tivesse sido feito para mim. Aquela era a prova imutável de que tudo havia de fato acontecido, e eu estava completamente radiante por ter tido aquela grande oportunidade.
Tudo parecia mais intenso, a grama era mais verde, os pássaros entoavam seu coro com mais vontade. Era como se nada no mundo pudesse me abalar. Esse êxtase pós-encontro foi uma sequela significativa, como o resultado de uma droga poderosa agindo no sangue.
Meus pais notaram a diferença, assim como Camile:
— Ninguém fica feliz assim sem motivo— minha irmã falava, num dia qualquer, enquanto assistíamos à uma animação antiga— o que aconteceu com você?
— Oh... Nada. Só estou tentando lidar com as coisas com um pouco mais de entusiasmo, que mal há nisso?
Mas eu não sabia mentir para ninguém.
Apesar disso, ninguém soube do ocorrido, e era daquela forma que queríamos que ficasse. Conversei com Caetano por rede social nesses dias sequenciais, ele parecia bem, não tocávamos tanto no assunto, e eu queria que ele vivesse tudo no seu tempo. Quando fosse necessário conversarmos sobre tudo isso, assim o faria.
Lá no fundo era evidente que Caetano não gostava de mim da mesma forma, afinal, eu estava nas nuvens, feliz pelos acontecimentos, mas ele parecia cabisbaixo, pensativo. E eu já poderia imaginar o motivo: Bruna.
Não tornamos a nos ver por muitas semanas, nesse meio tempo era quase impossível ignorar o fato de que eu estava o amando. Era isso, eu estava, era verdade. Não sabia como, mas sabia que era. Eu o conhecia há anos, e agora, mais do que o suficiente, qualidades e defeitos a ponto de entender que sim, ele me faz bem e eu o amava.
Mas... Ele não deve sentir o mesmo, ou sente?
Acabei contando tudo para Camile, sem rodeios ou enrolações, precisava desabafar aquele peso para alguém, e ela já desconfiava que algo estava acontecendo.
— Vá e fale para ele— Camile disse. Ela sabia decifrar minha vida inteira só olhando para meus olhos.
— Não é tão fácil como parece. Ele namora.
— Então você foi a amante. A outra.
— CLARO QUE NÃO— Respondi, com raiva.
Mas não era mentira. Eu havia sido a amante naquele rolo todo, a outra, a pessoa que ninguém sabe que existe nos bastidores da coisa.
— Não me orgulho do que fiz— eu respondi— mas...
— Eu já sei... Mas você não queria perder a oportunidade de saber como é a sensação de reciprocidade. De se sentir parte de alguma coisa, depois de tanto tempo tentando se encaixar em tudo nessa vida, falhando miseravelmente.
Eu estava boquiaberta.
— Como... Como sabe de tudo isso.
— É só observar sua vida... Você acaba sendo óbvia às vezes.
Camile devia fazer psicologia, eu vivia falando isso para ela. A amava mais do que tudo nesse mundo, mas às vezes ela me assustava com aquele ar de indiferença, com leves doses de inteligência, ironia e zero sentimentalismo. Sempre tenho grandes coisas para aprender com ela.
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Amorizade
RomanceAlice nunca imaginou ser "A outra", mas Caetano era do tipo cativante, que despertou na garota sentimentos que jamais havia sentido, ela nunca pensou nas consequências. Nunca busca implacável para conquistar o coração do jovem intelectual comprometi...