Capitulo 11 : Quando Alice foi embora do País das Maravilhas

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Eu já estava acordada quando o sol apareceu, imersa em meus devaneios, tentava buscar dentro de mim a coragem que nunca tive. Era meu último dia, antes de Bruna fazer o pedido e ele ter a chance de aceitar.

— Você não acha que se ele lhe amasse, estaria num relacionamento contigo? — Camile me perguntou ainda naquela manhã.

— CALADA— respondi, indignada. Não era daquele jeito que as coisas estavam funcionando em minha cabeça— talvez ele esteja confuso com seus verdadeiros sentimentos, talvez aqueles dias no apartamento tenham significado alguma coisa.

— As pessoas fazem sexo mesmo sem estar apaixonadas, Alice. Você precisa acordar e sair desse mundo das maravilhas que anda criando. Sei que estar apaixonado deixa a gente vulnerável, mas ele está prestes a receber um pedido de casamento... DA NAMORADA DELE.

— Mas eu o amo, Camile... Eu o amo. Não posso deixar essa oportunidade passar— respondo, querendo chorar.

Levanto-me da cama e me inclino diante da janela, contemplando o dia que estava lá fora.

— Mesmo que não seja recíproco... Mesmo que ele não me ame de volta, é um voto que fiz a mim mesma.

— Que voto?

— De quando eu amasse alguém de verdade, ser corajosa o suficiente para contar. Ele precisa saber disso, eu preciso fazer com que ele saiba.

— Então faça isso antes do pedido de casamento, ou então será mais constrangedor ainda. Já lhe disse, Alice, tenha coragem... Seja sincera. Se você quer falar, fale.

* * *

Camile não entendia. Não entendia que tínhamos uma ligação, que aquela noite não foi algo qualquer. Houve sentimentos, ao menos da minha parte. De qualquer forma, quanto mais eu divagava, mais o tempo passava. Mandava mensagens para Caetano e ele não me respondia, devia estar ocupado.

"O que eu faço? O que eu faço?" Eu me perguntava, começando a esbanjar os indícios do desespero que eu estava evitando.

Decidi ir até a universidade onde ele estava tendo aula. Eu só precisava falar a verdade, e quando eu dissesse, talvez tivesse chances dele dizer a mesma coisa:

"Eu tentei esconder esses sentimentos de mim mesmo, por que achava errado", ele diria, após minha declaração, " você despertou em mim, sentimentos que eu jamais ousei ter em outra pessoa.

Era isso, só podia ser isso.

Seria injusto não haver um pingo de sentimentos sobre eu e Caetano, tinha me envolvido de forma tão profunda, que era tarde demais pensar nas consequências. Eu queria fazer parte de sua vida, queria compartilhar toda minha excitação com ele, poder passar horas dialogando sobre as coisas da vida, sentir de novo ele me tocando, me acariciando, me abraçando. Cada vez que eu pensava em tudo isso, mais animada eu ficava com essa idealização.

Na universidade eu não o encontrei, e o telefone só dava na caixa postal. Eu não conhecia sua família e não sabia qual era o seu apartamento, o andar e o número. Caetano era reservado até nisso, como poderia encontrá-lo?

Rodeei os lugares que ele frequentava igual uma sociopata, não o encontrando em lugar nenhum. Aquilo era de fato preocupante, será que ele havia descoberto o plano do pedido de casamento e fugiu? Será que o pedido já havia acontecido e eles estavam agora numa lua de mel por quinze dias no Caribe? Tantas coisas passaram pela minha cabeça.

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