Era final de agosto de 1619, a estação do verão chegava ao seu ápice para logo ir embora. Entretanto, novidades estavam por vim assim como noite virar dia para um novo amanhã. O calor excessivo deixava as pessoas mais lentas e cansadas. E de noite os mosquitos atacavam em enxames. Sayuri secou sua têmpora com o pulso direito e soltou um suspiro exausto por estar ali o dia todo. A noite estava abafada e quente.
–Assim senhorita Sayuri! –A mulher de aparência delgada e com rugas abaixo dos olhos, sentava-se de maneira ereta sobre os calcanhares, com as mãos repousadas nas coxas e com olhos firmes para frente.
–Yasu, isso dói! –Resmungou a garota tentando imitar a posição.
–A senhorita tem que se sentar como uma dama!
–Eu sei! Quero ser como a mamãe! –Admitiu.
–Então, primeiro de tudo tem que ter modos ao conversar e sentar juntos das outras pessoas!
–Uhum... –Sayuri prestava a atenção ao deitar e apoiar sua mão no rosto e o cotovelo no chão deixando as pernas abertas.
–Não pode deitar ou se sentar desse modo... Ai ai... –A empregada colocou a mão no rosto ao vê-la desleixada. –Senhorita Sayuri, tem que ser...
–Ser? –Ela olhou-a ao coçar a cabeça despreocupada.
–Primeiramente, nada de exageros! Uma dama tem que passar delicadeza e beleza, além de educação e simpatia!
–Hummm! –Tentou imaginar.
–Não pode se jogar nos braços, fazer gritaria, se emocionar demais ou rir exageradamente! –Advertiu.
–Ah! –Sayuri levantou confusa e indignada. –Então vou virar uma planta ali no meio de todos?!
–Quase isso! Os homens conversam, e nós mulheres ficamos calada a não ser que seja requisitada nossa fala!
–É o que? –Ficou com raiva de tais coisas. –Não quero ser dama! Prefiro ser como meu pai e ir para o campo de batalha! –Fez beiço e cruzou os braços.
–Mulheres não podem ir!
–Como assim? –Levantou a sobrancelha e Yasu colocou a mão no rosto novamente. "O que faço com ela, meus deuses?!", pensou. –Mulheres podem lutar, mas...
–Senhorita Sayuri? –A voz baixa adentrou ao puxar a porta para o lado.
–Tsunade! –Sorriu alegre a moça.
–Seu pai e sua mãe requisita sua presença no jantar! Os convidados chegaram e já estão sentados!
–... –Sayuri arregalou os olhos e ao mesmo tempo ficou aliviada por Tsunade vim busca-la daquelas aulas exaustivas o dia todo que tinha. "Então... Eles estão todos aqui junto com ele!". –Tsunade, por favor ajeita meus cabelos! –Levantou-se rápido e foi ate a mulher que arrumou suas madeixas agilmente finalizando ao puxar o laço prendendo-as. –Kazuki-kun também esta lá?
–Sim, senhorita! Ele, Ichiro, Hinata, seus pais e seu tio Hayato-dono!
–Vamos! –Ela sorriu iluminadamente sentindo seu coração acelerar. –Muito obrigada, Yasu pelas aulas!
–De nada, senhorita! –Fez uma reverencia ao se levantar.
–Então, meu amigo tinha tantos soldados assim? –A voz de Akira ecoava pelos corredores da casa de madeira.
–Você nem imagina, Akira-san! Eu e esse moleque do meu sobrinho... –Começava ele ao puxar o rapaz pelos ombros para junto ao tomar um gole de saquê.
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KATSUO - O Lírio Branco Ato 1
RomanceA história se passa no Japão, no Período Edo. Encontrada no meio de cadáveres, um pequeno bebê foi salvo por um guerreiro-samurai chamado Akira Nomura após ouvir seu choro e levado consigo para sua casa para a felicidade de sua esposa Madoka Nomura...