–Meu lírio, você está tão triste... –Comentou a mulher de beleza imensurável, afagando aqueles longos cabelos castanhos com fios dourados.
–Estou preocupada com meu pai, só isso! –Respondeu ao dar um meio sorriso, estava com a cabeça deitada em seu colo. Com seus olhos verdes fitando, o pouco da paisagem que podia ver da varanda pela porta semifechada. Parecia que a neve não parava ou dava uma trégua lá fora, mas o ambiente estava quente pelo o braseiro no chão que as esquentava.
–Realmente? –Indagou ao observar mais sua expressão e parar segurando sua cabeça nas mãos.
–O casamento me preocupa... –Começou enquanto embolava seus dedos nos outros. –Estou um pouco nervosa e receosa!
–Porque meu lírio? Não gostou do senhor Hayashi?
–Não é isso, minha mãe. –Ela ergueu-se deixando aquele longo cabelo descer como ondas do mar. Olhou nos olhos da mãe. –Ele é um homem adorável e que toda moça ficaria lisonjeada de se casar, mas...
–Hum. –Madoka entendeu suas palavras, dando um singelo sorriso.
–Senhora. –A voz de Yasu retumbou atrás das portas de correr.
–Entre Yasu! –Disse e a mulher deslizou para o lado, ainda sentada. –Diga.
–O filho da senhora Naomi, trouxe suas pomadas e medicamentos. –Comentou ao erguer a cesta.
–Oh, que ótimo. Pague-o e agradeça por mim... Mande lembranças a minha amiga!
–Como à senhora desejar! –A empregada deixou-os no canto da entrada e fechou as portas.
–Onde estávamos... Meu lírio? –Sayuri ficou um minuto calada, com seu olhar vago e a franja cobrindo sua face. Levantou-se de imediato. –Onde vai, querida?
–Já volto, minha mãe! –Abriu a porta rapidamente e saiu, com a sua mãe perguntando. Correu pelo o corredor segurando as pernas do kimono longo e verde que usava. Com seu ombro quase aparecendo, que era puxado para ficar no lugar. Assim que apareceu na varanda da frente, Yasu subia o último degrau de pedra. A moça olhou-a. –E o Kazuki?
–Ele já foi senhorita! –Respondeu ao inclinar a cabeça. –Deseja algo?
–Não, obrigada Yasu. Pode voltar aos seus afazeres! –Respondeu cabisbaixa, com a mulher se curvando e seguindo para dentro do casarão. –... –Sayuri notou de longe perto da entrada, ele indo devagar. Cabelos amarrados, kimono sujo e desbostado. Mas bem vestido para aquele tempo frio. O rapaz parou perante a aquela neve que caia com vento soprando, e institivamente olhou para trás.
Seus olhares se encontraram em completo silêncio. Sayuri se encostou a pilastra de madeira com a brisa gélida eriçando seus cabelos, e deixando mais linda do que era. Enquanto que em suas mentes algo ecoava a cada momento: "Como te amo... Preciso de você...". A moça abaixou o olhar. Porém se ela tivesse corrido até ele e ambos se perdoassem, algo diferente teria ocorrido. Mas não, simplesmente viraram de costas e seguiram seus caminhos que estavam destinados.
–Meu lírio? –Chamou ao vê-la adentrar o quarto e sentar-se bruscamente no chão, e voltar para seu colo materno.
–Quando papai chega? –Perguntou frustrada.
–Vai demorar um pouco querida, você sabe...
–Que a guerra é demorada, na ida e chegada também. Mas nem ao menos ele vai vim para o nascimento do meu irmão... –Deu uma pausa ao se erguer, acariciar a barriga e tentar escutar algo. –... ou irmã. Já pensou em nomes, mãe?
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KATSUO - O Lírio Branco Ato 1
RomantiekA história se passa no Japão, no Período Edo. Encontrada no meio de cadáveres, um pequeno bebê foi salvo por um guerreiro-samurai chamado Akira Nomura após ouvir seu choro e levado consigo para sua casa para a felicidade de sua esposa Madoka Nomura...