Capítulo 23 - A luta nunca tem fim!

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–Agora vai falar comigo? –Questionou Sayuri ao suspirar um pouco brava. A neve caia lentamente, grudando nos longos cabelos do casal e se misturando ao chão branco com arvores secas de madeiras enegrecidas.

–... –Kazuki bateu o pé freneticamente ocasionando uma marca naquele gelo fofo. Estava aborrecido.

–Kazuki-kun? –Chamou sem ter resposta. –OLHA PRA MIM! –Vociferou ao mandar, soltando fumaças pela boca.

–... –Em silêncio ele virou seu rosto afeiçoado e a olhou. –Satisfeita?

–Ainda está com raiva, porque me viu com ele?

–Não só isso. –Comentou ao desviar.

–Então o que é? Me diz. –Quis entende-lo.

–É tudo. –Deu uma pausa ao gesticular, ajeitou os panos que pareciam luvas nas mãos. –Não gostei nem um pouco que ele a tocou e beijou sua mão. Ou...

–Ou? –Ergueu a sobrancelha esquerda querendo esclarecer aquilo.

–Que sempre manda mensageiros ou presentes, soube pela minha irmã que ele está querendo te ganhar nisso!

–... –Sayuri riu disso.

–Está rindo de que? –Se enfureceu.

–Da sua infantilidade! –Exclamou num deboche.

–Eu não sou infantil. –Comentou ao cruzar os braços.

–Infantil, ciumento e bobão!

–É O QUE? –Vociferou.

–Kazuki-kun, eu aceito as mensagens e presentes de Kentaro-san, porque meus pais não querem fazer desfeita de devolver!

–Olha, já o chama pelo o primeiro nome intimamente! –Ironizou. –Daqui a pouco está aceitando mais que presentes...

–KAZUKI! –O tapa rasgou o ar deixando uma marca vermelha no rosto do rapaz, que ficou espantado e paralisado encarando-a. –Você é o amor da minha vida, o único homem que realmente amo!

–... –Em silêncio ele passou os dedos no lugar que levou o tapa. Virou numa expressão séria para ela e disse: –Sabe, você não é a única mulher para eu ficar correndo atrás como um idiota... É melhor eu ficar com alguma moça da vila, que valha a pena! –O rapaz deu as costas e saiu andando com seus passos afundando na neve.

–... –Sayuri ficou de queixo caído e de repente sentiu seus olhos arderem com lágrimas, que começaram a rolar por seu rosto. –Kazuki, seu idiota. Nunca mais me procura... –Falou numa voz embargada de tom alto, para que ouvisse.

–... –O rapaz virou para trás e observou-a sair correndo aos prantos. Foi a vez dele de fazer uma expressão que tremeu seus lábios e coçar seus olhos com as pontas dos dedos, e num suspiro deu um soco no tronco da arvore onde parou e filetes de neve caíram em cima do mesmo. Fechou os olhos evitando as lágrimas ao fungar. –Aaah Sayuri!

–Sayu-chan? –Hinata que estava na entrada da floresta, percebeu sua amiga correr em lágrimas. Agarrou-a pelo o braço e parou ambas. Estava preocupada. –O que houve? Meu irmão a machucou? Se ele fez alguma coisa...

–Nós brigamos! –Secou o choro com as mangas do kimono.

–Mas por quê? –Tentou tranquiliza-la.

–Porque seu irmão é um cabeça dura!

–Disso eu sei. Mas me conta o que aconteceu para brigarem!

–Eu não valho a pena, foi o que ele me disse! –Respirou fundo ao desviar o olhar.

–Ah, mas ele vai me ouvir! –Falou brava.

KATSUO - O Lírio Branco Ato 1Onde histórias criam vida. Descubra agora