Capítulo 7

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"Se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas, isso basta para fazê-lo feliz quando a contempla."
-O Pequeno Príncipe

Depois do drama na cozinha, subi para o meu quarto, tomei um banho e peguei um livro para ler. Iria para a casa da minha mãe às 14:00, então teria que me distrair para o tempo passar mais rápido. Escolhi ler "O Pequeno Príncipe", pois era uma leitura rápida, que não exigia muito intelecto. Perfeita para a situação distraída que minha mente se encontrava agora.

Mergulhei na leitura por algum tempo, e já era quase 13:00 quando me assustei com uma batida leve em minha porta. Desviei o olhar do livro para abrir a porta, e me deparei com Cinco, já vestido, mancando para dentro do meu quarto.

-Ei, levanta - disse ele - estamos indo.

-Onde? - perguntei largando o livro e marcando mentalmente a página que havia parado.

-Salvar o mundo. - respondeu, com o olhar impaciente, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

-Ah não, na verdade não vai dar pra eu "salvar o mundo" hoje. Prometi à minha mãe que a visitaria, e se nós não conseguirmos impedir o Apocalipse, não quero ir sem me despedir dela antes. - expliquei. - mas você pode levar os meninos com você.

-Luther está se recusando a sair de casa, Diego saiu com Allison ontem para procurar a Vanya e Klaus não é exatamente o melhor parceiro para isso. - disse, soltando um longo suspiro.

-Eu sei. - respondi, me levantando e colocando uma mão em seu ombro. - me desculpe por não estar disponível hoje, mas eu realmente preciso fazer isso.

-Tudo bem, - disse colocando a mão por cima da minha, e me olhando profundamente - sei que isso é importante pra você. Eu posso me virar.

Sussurrei um "obrigada", antes de ouvir passos rápidos vindo do corredor. Eu e Cinco saímos do quarto e nos deparamos com Diego correndo em nossa direção.

-Onde você estava? Cadê a Allisson? - perguntei à Diego, que respirava pesadamente tentando recuperar o fôlego.

-Depois que saímos ontem, tive que nos separar por causa de um imprevisto. - explicou - Ela foi atrás de Harold sozinha e está correndo um grande perigo. Precisamos encontrá-la.

Olhei para Cinco alarmada, e ele imediatamente soube o que eu queria dizer.

-Está tudo bem, você pode ir se despedir da sua mãe. - disse apertando minha mão, em sinal de apoio. - Eu e os meninos vamos atrás de Allison.

Diego olhava para nossas mãos juntas com desconfiança, mas não disse nada. Talvez porque estivesse preocupado demais pensando na irmã que corria perigo. Murmurei um rápido boa sorte para os dois, soltei a mão de Cinco e voltei para o meu quarto. Não faria mal chegar na casa de minha mãe alguns minutos adiantada.

Peguei um casaco qualquer e disparei em direção à entrada da casa, sem me preocupar em respoder Pogo, que me questionava pra onde estaria indo. A casa ficava há uns 20 minutos da Academia. 15, se eu apertasse o passo. Durante a caminhada, fiquei pensando no que eu diria para minha mãe. Simplesmente me despediria, ou contaria tudo sobre a maluquice de Cinco e o Apocalipse iminente? Ela acharia que eu finalmente tinha ficado maluca. Não, eu não estragaria meu (provavelmente) último dia com ela, com essa bobagem de fim do mundo. Não havia motivos para preocupá-la.

Assim que pisei no jardim da residência, senti o cheiro de comida caseira. Era fato que uma das várias qualidades de minha mãe, era o dom de cozinhar. Os aromas que eu respirava, me traziam lembranças da infância quase comum que passei aqui com ela, e inevitavelmente, também traziam uma certa melancolia por saber que tudo isso seria destruído em pouco tempo.
Peguei minhas chaves e abri a porta da frente da casa. Fui em direção à cozinha e a encontrei, cantarolando uma música enquanto mexia algum tipo de molho no fogão.

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