Mari - POV
Faz mais ou menos uns três meses e meio desde voltei pra W.dc, voltei pra casa. Há 5 anos perdi minha família, e desde então, depois de uma época muito sombria, eu quis conhecer o mundo enquanto estudava moda. Morei em Paris, Nice, Veneza, fiquei uma temporada na Espanha e Bueno Aires, até cogitei a possibilidade de morar no Brasil também, mas a vontade de voltar para minha casa foi maior que meus desejos internos. Então dicidi ficar definitivamente, pedi transferência e agora estou trabalhando numa das maiores revistas do mundo, me sentia verdadeiramente livre, finalmente estava limpa.
Ir na cafeteria Tonk's era algo de praxe desde a minha volta. Eles eram bem tradicionais na cidade, e eu amava vir aqui quando criança, a dona Maria faz o melhor milkshake da cidade. Sentar numa mesinha lá fora e sentir a brisa do crepúsculo enquanto tomava meu café, era minha hora favorita para escrever minhas matérias e, postar no blog. E apesar de tudo isso ser comum, hoje eu não encontrei somente as pessoas que sempre via, mas a diferente que vi, também não era uma desconhecida por mim.
— Bia? — Ela tirou a atenção do celular e olhou pra mim. Não soube ler sua expressão, talvez ela não se lembrasse de mim, ou estava surpresa demais para esboçar alguma
— Meu Deus, Mariana ???? Eu não posso acreditar.
— Isso! — Ela lembrou.
Bia se levantou e me abraçou. Eu não sabia se acreditava que realmente aquilo estava acontecendo; deixei que meus olhos marejassem um pouco, ela foi alguém muito importante pra mim. — Cara, isso é surreal. A última vez que nos vimos, tínhamos o quê? 14 anos?
— 13, na verdade. — Ela concluiu. — Eu estou em choque. Real. Menina, por onde você esteve? E o Jonas ? Como estão o tio Alfredo e a Tia Sonia ?
— Acho melhor você sentar, é uma longa história.
Eu e Bia éramos inseparáveis na nossa infância, crescemos juntas, na verdade, nossos pais eram vizinhos, então nos conhecíamos antes mesmo de nascer. Quando eu me mudei para a Grécia, eu perdi contato com todo mundo, literalmente, foi uma época difícil pra mim. Lidar sozinha com um país novo, uma língua nova, pessoas diferentes, cultura, comida, TUDO. Toda essa bola de neve acarretou em mim uma série de problemas, eu desenvolvi ansiedade, depressão, e tentei tirar minha própria vida várias vezes, então, nada mais fazia sentido pra mim. Eu me afastei de tudo e todos, a única coisa que eu queria era me adaptar e ser aceita, mas parecia uma tarefa difícil demais. E num dia, numa viagem em família, todos estavam felizes, eu havia me recuperado dos piores anos da minha vida, e finalmente esboçava sorrisos outra vez; foi então que o acidente aconteceu. Quando eu acordei, já estava no hospital, saindo de uma coma induzido por 2 meses. A única sobrevivente. Foi um baque pra mim, e eu ficava me perguntando por que de acontecer tudo aquilo comigo. Depois que eu me recuperei 100%, eu decidi que queria voltar a estudar, mas queria viajar pelo mundo a fora, então o fiz.
Contei tudo a Bia, ela ficou perplexa, e entendeu tudo que havia acontecido. Eu não esperava menos do ser mais doce que já tinha conhecido na vida. É, ela parece durona, mas no fundo é uma manteiga derretida, pode apostar.
— Eu sou sozinha no mundo. — Ri sem graça, e ela segurou minha mão.
— Jamais estará. Mari, você cresceu comigo, você era minha confidente, tudo bem que eu não contei a você que beijei a Luiza no 7º ano, mas acontece. — Ela riu e eu também.
— Você perdeu o bv com a Luiza? Bianca Andrade , eu tô muito passada! Por que não me contou?
— Eu não sei, tive medo da sua reação, de não querer mais ser minha amiga.
— Sério? Que droga. E se... eu disser pra você que eu também beijei a Luiza no 7º ano. Você me mata agora ou depois?
— Eu não acredito nisso, Mari . Meu Deus, a gente é muito otária. Sempre fomos gays assim?
— Para, okay. Eu sou só 80% gay. Mas, me fala de ti, na verdade, eu acho que vi algo sobre você em alguma revista depois que cheguei aqui. Parou de modelar?
— Sim, quando fiz 20. Pra falar a verdade, ainda aceito fotografar, mas passarela de novo, jamais.
— Compreendo. Seus amigos devem estar chegando por aqui, certo? Acho melhor eu ir embora.
— Não, Mari. Fique, aproveito e te apresento a eles. Manu deve estar chegando já.
— Oh, a Manu que comentou seu tweet?
— Isso, oh, falando nela. Acabou de mandar mensagem dizendo que chegou. — Bia apoia o cotovelo no braço na cadeira e gira um pouco seu corpo, a fim de enxergar Manu e chama-la para a mesa. Eu estava meio sem graça de atrapalhar o encontro com 3.
A mulher se aproxima da mesa e então levando minha visão para vê-la e: Meu Deus!
Se eu tinha alguma vontade de ir embora passou naquele instante.
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Brigdes
FanfictionBianca teve seu coração partido e decide desafiar Afrodite: Se ela realmente existe, por que o amor era tão doloroso? Irritada, a deusa envia Rafaella, sua melhor cupido, para provar o contrário. Mas quando se trata de amor, nem mesmo o próprio cupi...