você me tira do sério

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Rafaella - POV

Depois da cara de brava que Bianca fez pra mim, eu decidi que iria ficar quietinha. Fiz uma autopromessa de não interromper seus pensamentos ou falas. Ela e Marcela conversavam sobre a noite passada, e Bianca tentava a todo custo não parecer nervosa, mas eu sabia que ela estava, dava para perceber por suas mãos inquietas, e seu jeito de falar, ela mentia muito mal.

O trajeto até a oficina não demorou tanto, na verdade, foi até bem mais rápido do que eu previa. As duas mulheres se despediram, Bianca agradece a carona e obviamente, elas se veriam outra vez, logo mais.
Resolvo sair do carro também e acompanhar Bianca até o seu automóvel.  — Viu? Dessa vez não vou assustar você. Qual deles é o seu?

— O mustang clássico verde, ali no canto.

— Uau, não imaginava que gostava dos antigos. Eu vou entrar, te espero nele.

Enquanto ela conversava com os mecânicos eu pensava. Pensava que realmente não sabia dizer se isso seria fácil ou difícil, digo, convence-la de amor não é só dor ou fraqueza. Em geral, cupidos são como uma esponja, nós sentimos, e nós captamos tudo que alguém sente, as vezes até, o que ela pensa. Mas com Bianca é diferente, parecia quase impossível de decifra-la, como se ela me bloqueasse sem o mínimo de esforço, como se nossa barreira não tivesse sido quebrada no momento em que me conheceu, como deveria ser. Bianca não era um livro muito aberto, se é que você está me entendendo.

E aí se vem ela.

— Tudo certo?

— Uhum. — Ela balança a cabeça em sinal positivo e saímos da grande garagem. Fiquei calada por um tempo enquanto ela seguia pro trabalho, mas não me aguentei. — Bianca.

— Meu nome... — Ela respondeu, mas não tirou a atenção do trânsito. Bom, pelo menos agora não gritou comigo.  — Você sabe que eu vim pra te ajudar, certo?

— É o que você diz, Rafaella. Acredito em você.

— Então, deixa eu ver como vou te explicar. Nós cupidos temos um conselho, ele é comando pelo meu irmão e blá blá blá, isso não é interessante agora, enfim. Esse conselho analisou sua ficha. 

— Certo, você havia me dito sobre. Continue.

— Sim, todos tem uma ficha amorosa ou o HRP. Vendo a sua, o conselho achou pertinente que eu te propusesse algo. — Ela me olhou rapidamente e voltou a atenção para a rua, o sinal fechou e ela me encarou de novo. — O que você quer de mim?

— Bom, não é muito "o que eu quero de você" Srta. Andrade . É o que você gostaria para si mesma. — Ela fez uma cara confusa após o que eu havia dito.

— Ta bom... mas, o que quer dizer com isso?

— Quero dizer que seu histórico de relacionamentos, fez com que, enquanto você não veja que o amor pode dar certo e funcionar, você não vai encontra-lo. Conclusão: ou você vai acreditar nele ou nunca vai ter. Por isso o conselho permitiu que eu fizesse um acordo com você.

— Um acordo? — A morena arranca novamente com carro e eu me calo até que ela pare.  Em questão de mais alguns poucos minutos ela estaciona o carro no pátio do estacionamento posterior do museu, e então eu continuo.

— Voltando a falar sobre o acordo, é muito simples... tudo que você vai precisar, é fazer um casal se apaixonar.

— E depois disso? — Ela pergunta mas não parece levar nada do que eu falo a sério. — Seu verdadeiro amor será revelado. — Disse firme, mas ela riu.

— Qual é, Rafaella. Meu verdadeiro amor vai surgir do nada. Pow, igual você quando some e aparece? Uhum. Tô crendo nisso.

— Bianca , o amor não é para covardes. Ele existe, é verdadeiro e junto dele vai haver percalços ao longo do caminho. Mas você tem certeza que quer viver sem ele?

Ela parou de rir e pareceu refletir. Eu estava séria, muito mesmo, diferente da Rafaella que ela conheceu antes, eu queria passar toda minha confiança a ela, a esperava que isso desse certo.  — É a sua chance de achar seu amor,Bianca.— Ela me olhou e quando pareceu balbuciar algo, eu falei antes.

— Ah, e esta oferta inspira em duas semanas. Se você continuar sem acreditar e não conseguir formar um casal até la, sua sorte vai acabar pra sempre.

— O que? Mas eu só tenho duas semanas?

— Não é justo? É o tempo que eu tenho para fazer isso, achei que você fosse capaz.

— Você me tira do sério! Ai olha, como eu vou fazer duas pessoas se apaixonarem tão rápido? Rafaella?

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