Rafa vc me prometeu

886 117 18
                                    

Bianca - POV

A reunião durou pouco mais de 1h30. Me despedi de Miguel e fui direto ao museu buscar o restante de meus materiais que tinham ficado por lá no sábado. O expediente já tinha acabado, então naquele enorme local só havia eu e o sr. Derek, que é um velhinho bastante adorável. Ele passava seus finais de semana inteiro no museu, era quase que como um vigia, e sua única companhia era o Doc, seu cãozinho, que hoje estranhamente não o acompanhava.

Peguei tudo que havia de pegar e fui em direção a saída, mas antes, eu precisava parar na recepção para abraça-lo. Não sabia quando nos veríamos outra vez.

— Sr. Derek? Tem café?

—Oi, minha filha. — Eu amava quando ele me chamava assim. — Hoje está no jeito que você gosta, bem forte e quase sem açúcar.

— Eu adoraria beber uma xícara com o senhor. — Ele deu um sorriso (mínimo) e virou-se de costas para abrir a garrafinha térmica preta.

— Doc não veio esse final de semana por que? — Ele permaneceu calado. E então eu pressenti que naquele momento, tinha feito a pergunta errada. — Sr. Derek, está tudo bem? — Percebi que ele estava chorando baixo, aproximei-me para acalenta-lo.

— Doc ficou muito doente nos últimos dias, ele já era tão velho quanto eu, Senhorita Bianca. Eu, eu tive que sacrificá-lo. — Lágrimas escorreram por suas bochechas levemente rosadas.

— Eu sinto muito, muito mesmo. Sei o que ele era especial para o senhor. — O abracei. — Doguinhos deveriam ser eternos.

— Agora eu estou sozinho, como sempre estive em toda minha vida, eu só tinha ele, Bianca. — O meu coração estava partido em incontáveis pedaços. Foi aí que me veio uma ideia. Dias atrás eu tinha visto um anuncio de uma feira de adoção não muito longe daqui, eu poderia levar ele lá, pelo menos para anima-lo um pouco.

— Quer ir num lugar comigo? Prometo que não vai se arrepender. Eu posso ligar para o Vitor Hugo e convence-lo a ficar no expediente hoje no seu lugar. Topa?

— Não acho que seria uma boa ideia. Eu não me animo mais para nada.

— Por favor!!!!!!! — Juntei as mãos em sinal de oração e fiz o olhar mais convincente que podia. — Prometo que não vai se arrepender.

Resolvo as coisas da substituição de expediente e parto com o sr. Derek  para a feira. Assim que chegamos, pude ver seu olhar brilhar a cada cercadinho que passávamos. — Pode me esperar aqui um segundo? — Ele confirma e eu saio em busca da organizadora da feira, a sra. Meredith, que por sinal era veterinária e dona da clínica do outro lado da rua. Quando a encontro, conto a historia do senhor Shepherd  e peço a mesma que me mostre um cãozinho, para que assim, eu pudesse apresenta-los.

Ela escolhe um com carinho e fica arrumando-o enquanto eu vou buscar o Derek.

— Senhor,Shepherd. Está pronto?  — O puxei para debaixo de uma tenda. — Eu quero que você conheça este...

—Meredith ? — Sua fala corta a minha.

— Derek Shepherd ? É você mesmo?

— Vocês se conhecem? — Eu olho para os dois incrédula.

— Nós estudamos juntos desde o colegial, na época que os dinossauros ainda andavam pela terra. — Ele afirmou.

— Meu Deus, você está ótimo.

— Você que está. — Os dois começaram uma conversa paralela e eu somente os observava sorrindo, estava boba! — E como vai o Bob, seu marido?

— Ele faleceu, há 15 anos...

— Eu sinto muito. 

— Agradeço todos os dias por ter conhecido ele, foram anos felizes.

Shepherd mudou de assunto e perguntou então sobre o cachorrinho. Ele ficou encantado, mas não sabia se devia ficar com o filhote.

— não sei se estou preparado para substituir o Doc.

— Ora, Shepherd. Não é uma substituição, será algo novo! — Eu disse e Meredith reforçou. — Fora que todo mundo tem direito a uma segunda chance, Derek. — Eles se entreolharam e Shepherd tomou o filhote em seus braços. — Devo chama-lo de Gael.

Meu coração estava definitivamente aquecido, como eu iria imaginar que os dois ficariam de papinho um para cima do outro? Agora eles estavam lá, sozinhos e conversando sobre a adoção e sabe-se lá mais o que. Eu estava sentada num banco mais distante de tudo e todos, apenas olhando os dois se paparicarem. — Queria que Rafaella tivesse aqui para ver isso. — Desejei. E como um gênio de uma lampada, ela aparece, se materializando em minha frente.

— Ora, nada mal. Vejo que alguém andou trabalhando na missão por aqui.

— Viu? O que o conselho acha disso agora?

— Acha perfeito. As fichas deles batem uma com a outra. — Rafaella diz e eu nem espero que ela termine, para comemorar.

— Então minha missão foi completa? — Sem demora ela rebate me respondendo. — Não.

— Por que não, Rafa? — Quase entro em desespero. — Aquilo ali não é amor pra você?

— Claro que sim. Mas as regras são claras, Bianca. Você tem que formar o casal.

— Mas eu não fiz isso? Eu trouxe o sr. Riddle pra cá.

— Mas você o trouxe para buscar um cachorro, e não com segundas intenções. Além do mais, eles sempre foram apaixonados, a vida que atrapalhou um pouco. Você não teve trabalho nenhum. — A cupido soltou a bomba em cima de mim e ao invés de sumir, como sempre fazia, sentou ao meu lado. — Não é tão fácil quanto parece, né?

— Nenhum pouco. Rafa você me prometeu. — A loira riu de mim e puxou um chocolate do bolso da jaqueta.— Oh, come aqui um chocolate, ele tem o poder de atenuar a dor do fracasso.

— Nossa, como você me coloca pra cima, Rafaella. — Peguei o chocolate que ela ofereceu e abri a embalagem, mordendo um pedaço da barra em seguida.

— Ué, foi você que começou tudo isso, agora aguenta.

— Uma droga, odeio admitir que você tem razão. E eu seria uma péssima cupido!

— É claro que eu tenho. Sempre tenho. Pena que você não pode falar o mesmo de mim. — Ela fez uma cara de achismo e eu me segurei para não puxar aqueles fios de cabelos dourados. Que ódio, Rafaella. Para de ser tão convencida. (De novo ela tinha razão).

— Ha ha, engraçadinha. E já que é tão boa, por que não me ensina? — Falei de boca cheia.

— Você vai aprender por bem ou por mal. — A cupido se aproximou mais e passou o braço por trás da minha nuca, descansando o mesmo em meu ombro. — Você nunca vai saber. Mas você precisa descobrir o que realmente mexe com as pessoas. Senão nunca vai ajuda-las a se apaixonar e nem você mesma vai conseguir isso.

Meu. Deus. Do. Ceu. Por alguns segundos eu esqueci que o mundo existia. Era a primeira vez que eu estava tão próxima assim dela. Seu olhos verdes pareciam ainda mais bonitos daquela pouca distancia. Então eu sorri, saindo do meu próprio transe.

— Tem razão, eu vou fazer mais que isso.

— Acho bom, você só tem 10 dias. — E ela se foi, como de costume.

Brigdes Onde histórias criam vida. Descubra agora