Vou estar sempre com você

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Narrador - POV

Rafaella estava quebrada. Bianca estava em pedaços.

Bianca não queria ir pra casa, e Rafaella muito menos. Você consegue visualizar a morena dentro do carro chorando, e a cupido em cima do terraço de um prédio, olhando o horizonte? Bianca sentia-se suja, e Rafaella totalmente desmerecedora do amor da outra. Mas ainda assim, as duas se precisavam e ambas sabiam disso. Mesmo que a vida não pudesse uni-las, mesmo que não fosse para o que mais desejavam.

Bianca estacionou na garagem e subiu para seu apartamento em seguida. Abriu a porta e chamou por Rafaella, mas ela não respondera. Ela não estava lá. A cupido sabia que era errado não atender o chamado da humana, e por mais que seu coração estivesse esmagado, ela precisava voltar ao trabalho. Afinal de contas, ela não podia fugir do destino. Então era assim que tudo acabaria?

Dessa vez, Rafaella não deu susto, não apareceu do nada, ela simplesmente respirou fundo e abriu a porta do quarto de Bianca, a encontrando deitada na cama, agarrada a dois travesseiros. — Ei, estou aqui. Você me chamou, eu vim... — A cupido fora recebida com um sorriso fraco, e ela soube naquele momento que Bianca também não estava nos melhores dias. Se aproximou e sentou na cama.

— O que foi isso na sua mão?

— Nada, está tudo bem. Foi um acidente. — Bianca escondeu o restante do braço que estava com marcas dos seus próprios arranhões.

— Para de esconder de mim, me deixa ver isso. Posso? — A outra assentiu, e Rafaella pegou em sua mão com bastante cuidado, desatando a atadura que havia ali. — Isso está horrível, mas, eu acho que consigo dar um jeito. — Bianca sentou na cama, enquanto Rafaella, buscava com os olhos alguma coisa afiada suficiente para lhe cortar. —Bingo. — A cupido pegou o estilete e fez um pequeno corte em seu dedo indicador. Bianca não entendeu muito bem inicialmente, até Rafaella segurar sua mão outra vez. — Confia em mim? — A morena assentiu de novo e a loira pressionou o indicador com o dedão, fazendo com que o sangue preto-azulado começasse a pingar sobre a mão de Bianca, e também em partes do braço onde estava machucado.

— Logo vai melhorar. — E magicamente em segundos, o corte começou a se fechar, e as marcas a sumirem. Bianca permaneceu olhando para sua mão incrédula. — Se eu fosse fazer o chá iria demorar mais para sarar. — Rafaella concluiu e Bianca então caiu na real.

— Eu bebi seu sangue aquela vez?

— Não exatamente, mas, vamos dizer que sim. — A cupido sorriu fraco e Bianca também, logo após, a mesma deu um longo suspiro. — Preciso te contar algo. — Nesse momento, Rafaella já sabia em seu coração que seria sobre Bárbara.

Rafaella- POV

— Está tudo bem?  — Falei encarando-a, ela fitava a parede com um olhar vazio, talvez , triste. — Não sei, Rafa...

Então fala comigo, eu estou aqui não estou? Sou sua cupido. Me fala o que há de errado. — Eu tinha visto, e eu estava tão mal quanto Bianca, mas eu queria ouvir da boca dela, queria poder saber que aquilo era real, porque eu ainda não acreditava.

— Bárbara, ela voltou, está na cidade.

— Bianca... — Minha voz saiu mais embargada que o normal. Mas eu precisava me manter sã, se a escolha dela fosse Bárbara, eu apenas tinha que ajuda-la a ficar com a mesma. Eu não iria competir com o amor da vida dela, e talvez isso fosse o meu abismo.

— E ela me beijou. Eu não sei se está tudo bem. — Uma lágrima caiu dos olhos dela. — Talvez eu vá encontra-la hoje. — Sua fala foi como um tiro em mim, porém, continuei firme, tentando não me desestabilizar.

— Bia, calma. Você quer ajuda com isso? Eu te ajudo, é o meu trabalho. Se você a ama, você não pode fugir disso. — Ela podia sim, se eu estava fazendo aquilo, por que ela não. Eu estava fugindo do amor que eu sentia pela minha humana, sorrindo forçado.

— Eu não sei, Rafa. Eu não deveria estar assim, e eu não gostaria de estar, mas infelizmente eu estou. E eu não quero que você vá embora. — Bianca olhou em meus olhos e me abraçou forte em seguida. Eu só senti uma súbita vontade protege-la de tudo e todos. Minhas asas instantaneamente apareceram, envolvendo-a junto ao meu abraço.  E agora nós estávamos ali, sentindo o calor uma da outra. Eu chorei, chorei porque não queria que ela saísse dos meus braços e fosse para os de Bárbara. Seria tudo tão mais fácil, se não tivessemos cruzado a linha. Mas cruzamos, eu diria que, arrebentamos ela. — Eu sempre vou estar com você.

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