o senhor bonzão

804 114 11
                                    

Pyong - POV (Eros)

Limpei o líquido que escorrida no meu pulso e estiquei a palma da mão para mostrar a turma como era rápido o efeito curativo do nosso sangue. De repente, um vento mais forte nos atingiu, não era natural, e eu sabia que era ela chegando. — Rafaella. — Olhei para cima e esperando vê-la, e em seguida, larguei meu melhor sorriso a ela.
As crianças e os jovens estavam impressionados com suas asas, não era por menos, eram enormes e fortes, sempre tive inveja delas. Rafaella pousou no pátio e então se aproximou.

— Crianças, hora do intervalo, se formos voltar para a sala eu mando um aviso, fiquem de olho em seus relógios. — Então eles partiram.

— Que saudade! Um dia sem você pra me zoar parece uma eternidade. — Abracei a loira.

— Oi, irmão. Também senti sua falta. Como estão as coisas por aqui, por que mandou me chamar?

— Vai indo tudo bem, mesma rotina de sempre. Casa, aula, conselho, etc. Eu mesmo a chamei. O conselho quer marcar uma reunião com você. — Rafaella ficou um pouco surpresa, ou talvez assustada com minha fala.

— O conselho? — Sua voz sai mais aguda que o normal.

— Você achou mesmo que poderia esconder o que está acontecendo? Isso é um problema sério.

— Eros, eu, eu juro que não tiv... — Não me contive em ver seu rosto assustado. Eu ri, ri demais. Eu não consigo mentir e ficar sério. — O que? O que foi? — Ela parecia nervosa.

— Rafaella, eu tô brincando. Eu só te chamei porque Harmonia e eu sentimos saudade.

Rafaella - POV.

Meu coração quis sair pela boca ao momento que meu irmão falou a palavra "Conselho", mas quando começou a rir eu quis mata-lo ali mesmo.  — GAROTO! Achei que tivesse feito algo de errado, sei la.

— Mas fez? Você ficou esquisita de repete. Vamos sentar. — Ele me puxou para perto na fonte, onde havia um pergolado com bancos embaixo. Nós sentamos e eu continuei procurando palavras para me explicar.

— Não. Mas por que quer saber? — Ele olhou para mim como quem sabia que eu estava aprontando, e de fato, sabia.

— Rafaella... tem algo que queira me contar?

— Okay, tem. Você já mostrou suas asas para alguém? — Eros ouviu e soltou um longo suspiro. Eu continuei. — Bianca pediu que eu mostrasse minhas asas e.... eu mostrei. — Falei sem jeito. Eu sabia que não seria punida por isso, eu estudei muito sobre as leis e eu sabia todas de cór e salteadas. Não lembrava de nenhuma que me impedisse de fazer aquilo, mas ainda assim, estava receosa. — Ela também tocou nelas, eu me senti estranha, nunca tinha me sentindo da forma que senti. Não existe lei sobre isso, certo?

— Está certo, não existe. Mas você sabe bem o porquê de não existir.

— Sei. — Balancei a cabeça positivamente. — É intimidade.

— Exato. Não se espera que um cupido tenha tanta intimidade com um humano, Rafaella. Não ficamos íntimos deles. Fazemos nosso trabalho e depois vamos embora, nada mais.

— Eu sei .

— Você não tá sentindo? Não percebe que está quebrando a barreira entre nosso mundo e o deles? Não percebe que está criando uma pequena possibilidade de se permitir sentir algo por essa garota?

— Eros, não. Para! Eu não vou fazer isso, não vou dar abertura a esse ponto. — Ele pega delicadamente minha mão e aperta. — Cupidos como nós não podem amar.

— Eu sei... — Engoli a seco e antes que meus olhos pudessem formar uma lágrima, suspirei me contendo.

— Preciso te lembrar que se ela se apaixonar novamente, ou se a pessoa que ela gosta, o/a pretendente, criar sentimentos recíproco e ficarem juntos, ela não vai mais conseguir te ver?

— Não, eu sei. — Eu sabia, é claro. Esse era meu trabalho, e quando um cupido finalmente tem êxito na missão, ''seu humano'' nunca mais o verá. O mesmo acontece se o humano muda de sentimento ou se, no fim das contas, as coisas derem todas erradas. Seja qual for o caso, o humano perde a capacidade de ver, sentir, ouvir ou chamar pelo seu cupido, e então o mesmo deve partir para outro trabalho. Por isso alertei Bianca, se o que ela realmente queria na vida era permanecer sem amor e sem acreditar nele. — Não ficarei mais íntima, prometo.

— Não é proibido, é só perigoso demais. Você lembra do que aconteceu com o anjo Babu?

— Perfeitamente. Não quero que isso aconteça comigo, muito menos com Bianca. Eu vou ajuda-la em sua missão, ela vai conseguir e não vamos precisar tomar medidas extremas. Nenhuma sequer.

— Eu espero que dê tudo certo. Você sabe que o conselho não me permitiria julgar casos familiares, então eles tomariam as próprias decisões. Não quero perder você,Rafaella, e não quero que você sofra.

— Eu sei. Vou tomar cuidado.

— Promete que não vai fazer nenhuma besteira?

— Ora, parece que os papeis se inverteram por aqui. — Antes que eu falasse mais, ouvi a voz de Bianca na minha cabeça. — Ela está me chamando, pode ser algo sobre a missão, eu preciso ir, mas voltarei em breve. E por favor, dê um beijo na mamãe e na Harmonia por mim. Te vejo depois, irmão. Amo você. — Abracei o velho e depositei um beijo singelo em sua bochecha.

— Até a volta, maninha.

Brigdes Onde histórias criam vida. Descubra agora