Não há nada mais poderoso que o amor

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Narrador- POV

Quando a claridade sumiu, e a dor amenizou, Rafaella se viu em meio a escuridão de um beco, ouviu buzinas, vozes, e olhou para todos os lados tentando buscar uma saída. Ela usava apenas um top e uma calça branca, rasgada e seja, Ela não sabia onde estava, nem como tinha ido parar na terra outra vez, mas sabia que estava no meio da cidade, e que agora não era mais uma cupido.

Todas as pessoas pessoas eram repugnantes, todos eles tinha olhares frios. Rafaella odiava a todos, e qualquer um que cruzasse seu caminho iria morrer. Mas aquela antiga Rafaella, ainda dominava sua mente, mesmo que como uma chama quase se apagando, e esta, queria travar uma batalha com esse novo ser que habitava em seu corpo, e seu coração. Eros tinha que chegar logo, caso contrário, todo plano poderia dar errado.

Rafaella agora carregava marcas, cicatrizes profundas que ainda sangravam em suas costas desnudas, ela nunca mais saberia qual a sensação de voar outra vez. A loira era um anjo caído agora, um ser carregado de ódio trazido pela dor, e essas eram suas marcas.

Bianca - POV

Eu estava sentada na minha cama olhando o twitter para ver qual estilo de roupa tinha ganhado a votação, eu já tinha me maquiado, estava pronta para sair, praticamente. A roupa era a única coisa que me faltava. Olhei o aplicativo e fiquei satisfeita com as respostas que havia recebido: eu iria usar terninho.

Por fim, me vesti, e fui em direção ao banheiro para dar uma última arrumada no meu cabelo, mas antes que eu chegasse lá a porta foi fechada com agressividade, como se alguém a tivesse empurrado com força. Não tinha sido o vento, minha janela estava fechada dessa vez.

Não sabia o porquê, mas era como se eu já tivesse vivido algo assim antes.

— Okay... — Andei devagar até a porta e bem devagar fui girando a maçaneta, até que...

— Com licença. — Uma voz forte e grave chamou minha atenção. Meu coração congelou na hora, e eu me virei lentamente para olhar, desejando que não fosse alguém que quisesse me matar, ou algum fantasma. — Bianca Andrade, não é?

PUTA MERDA. TINHA UM HOMEM COM ASAS DENTRO NO MEU FUCKING QUARTO. Eu tremi inteira quando ele citou meu nome, e eu não fui capaz de responder nada.

— Desculpa chegar assim, mas não temos muito tempo. Você poderia falar algo?

Falar? Eu estava em choque. Até tentei balbuciar alguma coisa, mas nada saia.

— Por favor, não tenha medo. —Ele caminhou se aproximando e eu dei passos mais atrás. — Eu vou devolver suas memórias.

Minhas memórias? Quem era Rafaella? O que estava acontecendo? Era como se meu peito fosse explodir, eu comecei a lembrar de tudo. Cada pedaço que estava em branco na minha mente, agora tinha uma resposta: Rafaella, meu anjo cupido. Eu lembrei de nossos momentos, nossos risadas, das conversas, da nossa dança, da maciez de suas asas, e de como eu havia me apaixonado por ela. Meu coração tinha sido preenchido novamente.

Como eu pude ter esquecido disso?

Olhei para o desenho que ela havia feito para mim e chorei. — Minha Rafa.

— Pronto, acho que eu te devolvi tudo. — O homem alto e forte falou. Mas eu ainda estava tentando entender tudo que tinha acontecido. — O que houve?

— Vou ser sucinto. O conselho apagou suas memórias para que você não lembrasse de que se envolveu com uma cupido. — Ele explicou.

Decidiram tirar tudo dela de mim, e eu nem sequer podia ter direito de saber. Me senti vazia ao perceber o que tinham feito. Minha cabeça ainda tentava processar.

— Quem é você?

— Eu sou Eros, mas aqui na terra pode me chamar de Pyong Lee. Sou irmão da Rafaella. — Ok, o próprio EROS, estava falando comigo, assim, como se não fosse nada...

— Como eu consigo te ver? Você também é um cupido, não é? Rafaella disse que eu só posso ver ela.

— Bianca, eu quebrei mais protocolos hoje do que você pode imaginar.

— E por que diabos tudo isso está acontecendo? Por que tiraram minhas memórias, e por que você as devolveu? Por que a Rafa não está aqui? — Joguei tudo em cima do deus de uma vez só.

— Porque ela está pra morrer agora, e eu preciso fazer uma coisa, mas nunca o fiz. Então, eu quero que você tente ajuda-la antes d'eu ter que tomar essa decisão. Bianca.... talvez você seja a única que possa salva-la.

Rafa iria morrer?

— Como eu vou fazer isso? Por que tudo aconteceu? — Perguntei e Eros suspirou. Ele precisava me explicar o quanto antes. E então ele me disse, me contou tudo, desde o momento da cela, até a hora que a levaram. Rafaella preferiu ser banida para sempre do passar pela reabilitação. Eros também me contou da dor que um castigo perpétuo causava, e que isso poderia mudar um ser para sempre, e ele temia que isso tivesse acontecido com Rafaella. Cada pedaço meu se sentia culpada por tudo que tinha acontecido com ela.

— Vocês duas são culpadas, mas não podiam evitar isso. E também, não é hora de termos essa conversa.

— Me diga o que eu preciso fazer, então.

— Eu não faço a mínima ideia. Só estou torcendo para que, se Rafaella estiver da forma que estou pensando que esteja, que seu amor seja capaz de curá-la. Não há nada mais poderoso que o amor,Bia. E caso isso não funcione, eu terei que tomar medidas extremas.

Assenti, e eu sabia que em algum lugar dentro de mim aquilo era verdade. Eu precisava acreditar que eu a salvaria antes que tudo estivesse perdido.

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