Capítulo 5

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— SAÚDE, amigo! — exclamou Jaehyun, batendo o copo de cerveja de leve de encontro ao de Jungkook na festa de aposentadoria do almirante. O tilintar do vidro se perdeu no mar de vozes bem moduladas, de música entediante de câmara e do ruído quase inaudível do ar-condicionado da mansão. — Deve ser dito, o velho tem estilo.

Jungkook deu de ombros. Havia crescido como pobre o bastante para saber apreciar o fato de que, ao usarem copos ali na festa em vez da habitual e vulgar garrafa de cerveja, o sujeito do bufê incumbido de lavar a louça não ficava sem serviço e sem seu meio de sustento. Para além disso, no entanto, a opulência mais o confundia do que impressionava. E de que adiantava? Os ricos se preocupavam mais em ostentar sua fortuna do que os caras fortes em ostentar os seus... Músculos.

Nem sonharia em dizer isso a Jaehyun, naturalmente. Em comparação aos Lee, a família dele, o almirante Park não vivia num lugar muito melhor que o estacionamento de trailers onde Jungkook crescera.

— O que acha que ele vai fazer agora que está aposentado? — perguntou Jaehyun num tom corriqueiro, enquanto olhava ao redor, observando a multidão de convidados. — Colocar uma daquelas camisas floridas e ficar cuidando do jardim?

— Espero que alguém tire fotos. — Jungkook riu. Depois de mais um gole de cerveja, deu de ombros. — Ele mencionou que vai dar consultoria em Daegu e talvez iniciar alguns programas aqui na base naval.

Ali estava algo excelente em Jaehyun. Não se importava com o fato do almirante e Jungkook terem uma relação um pouco mais próxima. Por outro lado, o tio de Jaehyun era senador e o pai possuía metade do Norte de Busan, o que lhe assegurava seus próprios contatos influentes.

— Para que se aposentar, então? — indagou ele. — A aposentadoria foi feita para uma pessoa relaxar, certo? Não é como estar de licença remunerada diariamente?

Jungkook fez uma careta. Aquilo era relaxar demais a seu modo de ver. Como aquela festa. Esse tipo de evento não era do seu feitio. Olhou ao redor, à procura de um garçom e outro copo de cerveja.

Ao contrário dos pobres civis que se viram obrigados a usar smokings, ele e Jaehyun, juntamente com outros oficiais, tiveram permissão para usar os uniformes brancos de gala. Não eram como a farda de serviço, mas semelhantes o bastante para fazê-lo sentir-se confortável.

— Senhor. — O garçom fez uma ligeira mesura enquanto trocou o copo vazio dele por um repleto de cerveja gelada.

Jungkook moveu os ombros contra o tecido restritivo do uniforme. Ao menos, costumara se sentir confortável antes. Pela primeira vez, era como se o uniforme não lhe caísse bem.

— O que está havendo? — perguntou Jaehyun, trocando o próprio copo. — Você está inquieto como nunca desde que chegamos.

— Quero apenas ir embora assim que possível. Este tipo de festa não faz o meu estilo.

— Amigo, você tem que festejar onde houver música tocando. — O sorriso de Jaehyun desapareceu tão logo as palavras saíram da sua boca. Essa havia sido a frase favorita de Wooshik.

Jungkook olhou para o próprio copo de cerveja. Haviam sido treinados para isso. Haviam embarcado em toda e qualquer missão cientes de que havia não apenas a possibilidade, mas a probabilidade, de que, cedo ou tarde, um deles não voltasse. Então, qual a razão do drama emocional? Por que não diminuía, passava?

— Jeon, Lee, fico contente que tenham vindo — declarou o almirante num tom alto, social e caloroso. Em contraste à voz autoritária e seca que costumava usar para vociferar ordens. Não havia muita diferença, na verdade, a não ser pelo sorriso largo no rosto.

Atração Fatal ↠  jjk • pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora