Juntas Pelo Acaso| Karlena

Capitulo 08

Ñ é uma miragem, é att mesmo gente. Desculpas?! Kkkj

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Enquanto eu preparava o jantar, Lena digitava algo em seu laptop repousado em cima na mármore da bancada. A irlandesa tinha o lábio inferior preso entre os dentes bem branquinhos, e sempre que eu a olhava pelo canto dos olhos, ela estava bagunçando seus cabelos negros como a noite. Como alguém conseguia ser tão bonita com gestão tão simples?

- Graças a Deus terminei isso daqui -murmurou a mais velha fechando seu laptop enquanto seus dedos passam entre seus cabelos sedosos.

Pare de ser tão gay, Kara . Grita meu subconsciente me alertando o quanto estou observando demais cada pequeno gesto da irlandesa. Saio dos pensamentos ao ouvir sua voz, ai que me dou conta que não faço idéia com o que Lena trabalha.

- Lena?

- Sim - a morena ergue o olhar para mim.

- Você trabalha com o que? Desde os últimos acontecimentos só te vejo em casa, nos barzinhos com sua amiga, enfim - divago percebendo o quão invasiva estou sendo. Sinto minhas bochechas corar. -Desculpa em ser invasiva.

- Tudo bem, Kara -diz a mais velha - Sou do tipo faz tudo um pouco. Sou fotógrafa, produtora de eventos, e quando necessário babá de amigas bêbadas - acabo deixando um sorriso escapar de meus lábios. Estar assim com Lena, na perfeita harmonia, conversando normalmente como duas adultas era bom.

- Me parece ser legal. Melhor que ficar escrevendo matérias que não fazem seu tipo -digo torcendo meu nariz.

- Qual seria a matéria que faria seu "tipo"?

- Bom, qualquer uma que não seja a página de fofoca, que diz o que a realeza fez, ou deixou de fazer. No que notícias fúteis irão acrescentar em nossas vidas?

- Você pode dizer novamente? Minha amiga Sam, precisa ouvir isso -a mesma levanta seu celular em minha direção me fazendo rir.

- Preciso assinar os papéis permitindo o uso de minha imagem -brinco jogando meus cabelos para trás do ombro, fazendo minha melhor cara de esnobe.

[……]

- Devo te parabenizar agora, ou depois pelo belíssimo jantar, Kara Carosella? - Lena se levanta com seu prato na mão, logo colocando a porcelana dentro da pia.

- Nem é pra tanto, Lena -sorrio sentindo minhas bochechas esquentaram.

- Ah, e não era você que até um tempo atrás estava dizendo que era quase uma Paola Carosella?

- Esta certa -sorrio começando a retirar a mesa com a ajuda da morena. - Mas, quando eu fizer meus famosos frango grelhado ao molho branco, você poderá me parabenizar.

- Olha que eu vou cobrar - diz quando nos damos de encontro na cozinha - Desculpa - pede gentilmente me segurando pelos ombros.

- Podemos deixar essa louça para amanhã. Já é tarde - murmuro me afastando. Ajeito nervosadamente meus óculos. Eu não sabia exatamente o que esta acontecendo entre mim, e a Luthor. Tudo tem sido tão intenso nos últimos dias, que chega a me assustar.

- Quer ver um filme comigo? - caminhamos para fora da cozinha.

- Hm, melhor não, amanhã tenho que acordar cedinho.

- Esta bem - encolhe os ombros. Eu jurava que podia ter visto uma pontada de decepção em seus olhos, mas deve ser apenas coisas da minha cabeça.

- Boa noite, Lena.

- Boa noite, Kara - seus lábios se encostam no cantinho do meu, mais um pouquinho para direita teria pegado em meus lábios. Não sei se isso seria bom, depois da noite de ontem, dos amassos em minha cama, podia se esperar de tudo.

Sem olhar para trás, e acabar me deitando naquele sofá ao lado da irlandesa, subo as escadas em passo largo. Faço minha higiene antes de me deitar, e dou uma olhada em Liam que parecia que iria dormir a noite toda.

[……]

- Já vai - digo ainda sonolenta com as batidas na porta. Olho para a janela e ainda está escuro lá fora. Coço os olhos e desço da cama quase sem enxergar por estar sem meus óculos.

- Lena?! - falo surpresa ao me deparar com a morena  parada ali. - Esta tudo bem?

- Desculpa em te acordar -sussurra mechendo em suas mãos. Mesmo sem óculos percebo a face de Lena vermelha - É, uh, posso ficar aqui? Só preciso de um tempo. Pensei em ligar pra Sam, mas já é tarde.

- Não. Entra, venha - a puxo pelas mãos. - Deita-se ali. Quer conversar?

- Não, apenas ficar aqui em silêncio. -assenti puxando o Edredom para os nossos corpos. Fico olhando pro teto sem saber o que dizer, ou como agir. Afinal eu não estava entendendo nada.

Depois de alguns minutos ali no escuro, dividindo o mesmo Edredom com a enteada de minha mãe, ouço a mesma fungar baixinho e logo sua voz embargada soar pelo cômodo.

- Meu pai morreu. Ele se foi, e eu nem pude me despedir. Ele se foi assim como minha mãe, tão de repente, sem se importarem se eu ficaria bem aqui sozinha. Que porra de vida é essa. Que droga de amor que eles diziam sentir por mim.

- Você não esta sozinha, Lena. - me viro ficando frente a frente com a mesma. - Você tem a mim, o Liam, sua amiga Samantha. Eu sei que não podemos substituí-los, mas estamos aqui com você, e por você - passo as costas de minha mão sob sua bochecha molhada. - Eu não te conheço tão bem, o quanto eu gostaria, mas percebo que você é uma menina/mulher forte. E eles continuam te amando.

- Eu não sou forte. Pessoas fortes não choram como estou fazendo agora -sorriu entre as lágrimas.

- Chorar não é sinal de franqueza. Jamais pense nisso. -sussurro, e sem pensar duas vezes puxo a mais velha, trazendo-a para os meus braços - Além do mais você tem o direito de sofrer pelo luto de seu pai -beijo sua testa, sentindo seu corpo se agarrar mais ao meu.

- Obrigada. - diz alguns minutos depois. Deixo Luthor chorar em meus braços, lágrimas que ela esta a dias segurando, guardando para si. Longos minutos passamos ali, naquela posição, mas sinto um alívio ao perceber que a irlandesa finalmente adormeceu, se dando o devido descanso.

Uma vez minha avó me disse: "chorar, é a melhor forma de aliviar a dor."