Capítulo 14

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Era por volta das três da manhã quando as meninas decidiram ir embora, porém nem eu,nem Lena permitimos isso. Nenhuma das duas estavam em condição para dirigir, mesmo minha prima falando que o apartamento de Sam ficava a poucas quadras dali.

Com toda paciência e cuidado do mundo, levamos as duas lá para cima e a colocamos no quarto que era de nossos pais. As duas não valiam por uma naquele momento, mal paravam em pé, e quando se jogaram na cama começaram se agarrar bem na nossa frente. Rao!

- Elas já estão seguras. -brincou Lena fechando a porta sorrindo. A mesma nem corou com agarração das duas a segundos atrás. -Você fica linda toda vermelhinha.

- Pare de ser besta, Lee. -ri ficando ainda mais vermelha. Empurrei a mesma pelos ombros. Não tínhamos bebido tanto, afinal tínhamos que ficar de olho na bolinha de olhos claros, eu tinha avisado a morena que ela poderia se embebedar, que estarei atenta, mas ela esta até que sóbria.

- Venha! Vamos pra cama.-passou o braço pelos meus ombros, me puxando contra si.

- Lena?!

- O quê? Não quis dizer cama nesse sentido, o que não seria uma má idéia. -sorriu deixando um mordidinha em minha bochecha. -Apenas dormir abraçadinhas.

- Você é uma depravada, Lena Luthor. -belisquei seu braço. Confesso que eu adorava esse lado da Lena, sempre arranjando um jeitinho de jogar suas frases de duplo sentido, mas sempre de um jeito fofo. Impossível não ser trouxa por uma mulher dessa.

Lena empurrou a porta que estava apenas encostada, Liam dormia ali em seu berço, parecendo bem tranquilo. E o olhando percebi que estava na hora dele voltar para o seu quartinho, antes que ele começasse a ficar mal acostumado. De fato tê-lo tão perto, era mas para o meu bem, quero dizer, eu tinha acabado de perder minha mãe e meu padrasto, estava assustada,  com medo, e Liam era meu ponto de paz. Era por ele que estava sendo forte, e eu percebi que sou mais forte que eu imaginava.

- Ele é muito lindo né? - disse Lena com a voz rouca próximo ao meu ouvido. Suas mãos se repousam em minha cintura, enquanto seu queixo descansa sobre meu ombro direito.

- Sim. A genética boa dos Luthor's. Ele é a sua cara. -sorri entrelaçado nossos dedos. Era uma sensação boa. Seus toques, sejam eles os mais simples que fossem, deixam meu peito quente.

- Bom, ele tem sorte não acha? -disse convencida me fazendo rir.

- Você se acha muito. -respondi me afastando do berço, tendo a outra agarrada a mim ainda. -Estava pensando. -me sentei na pontinha da cama. -amanhã voltarei o berço de liam para o seu quartinho. Você acha que estou fazendo o certo?

- Acho sim. É bom que ele tenha o seu cantinho de volta. -bocejo engatinhando até esta no canto da cama, o lado que ela dormiu na última noite. - eu preciso de um quarto, não posso viver para sempre naquele sofá.

- Você disse que estava tudo bem dormir nele. -murmurei me levantando novamente, afim de procurar uma roupa para dormir.

- Por um tempo sim. -a olhei por cima dos ombros, Lena estava sentada com as costas na cabeceira da cama. A mesma juntava os cabelos, fazendo um coque,deixando seu rosto livre.

- Você pode ocupar o quarto dos nossos pais. Não é como se eles fossem se importar -tentei brincar. Peguei meu pijama de seda e entrei no banheiro.

Alguns minutos depois quando voltei, Lena estava na mesma posição, porém com o celular em mãos, a mesma sorria para a tela, me deixando curiosa para saber quem estava lhe fazendo sorrir aquela hora da noite do outro lado da tela. Deixei todo o incomodo de lado, e subi na cama. Ainda era novo para mim, estar dormindo ao lado de uma mulher, isso tudo ainda era muito novo para mim.

- Posso apagar a luz? -perguntei ganhando sua atenção.

- Pode sim. -respondeu bloqueando seu celular, a mesma o colocou na mesinha de cabeceira. Me estiquei um pouquinho, alcançando o interruptor deixando o ambiente todo escuro, sendo iluminado apenas por um abajur infantil ao lado do berço do meu irmão. -amanhã você vai que horas, pra casa da sua tia?

- Depois das dez. Querendo se livrar da gente já?

- Jamais. -sussurrou me abraçando por trás, me apertou mais contra seu corpo. - Gosto de ter vocês por perto.

Apenas sorri permitindo que meus olhos se fechassem. E acabei sendo vencida pelo cansaço.

[……]

Na manhã seguinte acordei com Lena, conversando com Liam. Lena parecia se arrumar, enquanto Liam estava em pé em seu berço, segurando a grade. Naquele dia tomamos café da manhã juntos, Lena ficou responsável pela arrumação da casa, enquanto eu e Alex, saiamos com Liam para a casa de nossa tia. Nos despedimos somente com um rápido selinho, quando fui até a sala para pegar a bolsa de fraldas.

Passei o resto de minha manhã e o incio da tarde em minha tia. Liam parecia estranhar um pouco, mas nada que o fizesse chorar, apenas queria ficar agarrado a mim. Mike, meu ex-namorado também estava na festa, apesar de termos terminado a um ano e meio atrás, ele ainda era bem próximo de minha família, e apesar dos fatos, ainda nos falamos, não como antes, e muito menos somos amigos, apenas nos respeitamos quando estamos no mesmo ambiente.

Ele até tentou puxar papo comigo, das coisas que fazíamos quando namorávamos. Dizendo que sentia minha falta, e blá blá blá, eu fui sincera dizendo que não tínhamos chance nenhuma mais, que ele deveria seguir a sua vida. O que lhe fez me questionar se eu tinha alguém. Claro que gaguejei, perdida em qual resposta dar. Deveria dizer que agora sou lésbica? Que talvez esteja apaixonada por uma mulher, que por acaso é a meia irmã de meu irmãozinho, e que agora vivemos como uma família. Claro que não, eu nem sei o que realmente esta rolando entre mim e a irlandesa. E se realmente algum dia teremos alguma coisa, essa "paixão" pode ser apenas por ela estar me ajudando com Liam, e só o tempo dirá.

- Ah não. -choramingo quando a minha quinta ou sexta tentativa de ligar o carro falha miseravelmente.

- Precisa de uma mãozinha ai? -pergunta Mike aparecendo na janela do carro. Levo um pequeno susto, fazendo o homem pedir desculpas enquanto solta uma risadinha.

- Esta tudo bem. -olho para trás checando meu irmão que brinca com seu urso. -meu carro parece ter pifado.

- Deixa-me ver. -pede. Eu apenas assinto, uma mãozinha não seria de todo mal. Desço do carro, e pego Liam nos braços. O homem tenta, tenta e tenta e nada. -deve ser algo com o motor, e mecânico a essa hora em pleno domingo é meio difícil.

- Isso é péssimo. -reclamo ajeitando o neném em meus braços. Alex já tinha ido a algumas horas, e não iria adiantar já que a mesma estava de moto. Tinha Lena, mas eu não queria incomoda-la -só me resta chamar um Uber.

- Pra que Uber se tem o Mikinho aqui. -apontou para si mesmo me fazendo rolar os olhos enquanto ria. - Ainda preciso conquistar esse rapazinho.

O mesmo tentou apertar as bochechas gordas de Liam, mas ele virou o rosto resmungando, tendo um grande bico nos lábios. Liam, realmente não tinha ido com a cara dele.

Chegamos em casa por volta das seis da noite. Agradeci a Mike e entrei em casa depois do homem deixar a cadeirinha, o carrinho e a bolsa do neném na sala, quando se sai com um bebê carregasse consigo a casa toda. A casa estava silenciosa e escura, Lena ainda não havia chegado. Às horas foram passando e nada da morena aparecer, cheguei a ficar preocupada, tentei ligar porém só dava caixa postal.

Liguei para minha prima, para conseguir o número de Sam, e para a minha sorte ou azar, a Arias estava com Alex naquele exato momento, e as informações que tive foram: não se preocupe, Lena esta bem. Quando Sam foi embora do barzinho, Lena acompanhou uma amiga até em casa.

Aquilo não deveria me afetar, não sem antes de saber os fatos, mas me atingiu.

Juntas Pelo Acaso| KarlenaOnde histórias criam vida. Descubra agora