IGUALES OU NADA

Capítulo 8

*Macarena*

A semana começou e ao entrar na delegacia sigo para minha sala, vejo uma pilha de processos, crimes que estou a investigar.
Na parede o mural com as fotos da cena do crime montam um quebra cabeça que aos poucos começava a se encaixar.
Recebi os vídeos das câmeras de segurança da casa do senador Hierro, hoje boa parte do meu tempo vai ser usada para analisar as pessoas que circulavam perto do condomínio dele nos dias que antecederam o crime, e ver se encontro algum suspeito.

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- Maca você não vai almoçar? Diz Cachinhos parada de frente à minha mesa.

Retiro os fones de ouvido lentamente.
- Nossa já são 12h, nem me dei conta. Mas pode ir almoçar agora, falta só mais uma gravação pra eu analisar, assim que terminar eu vou.

- Ok, vou com a Sole e a Cásper do administrativo. Se você quiser aparece lá no restaurante que sempre comemos .

Cachinhos sai da sala e eu retorno a rever exaustivamente a última gravação. Percebo que dois dias que antecederam o crime um carro preto parecia vigiar a vida do senador. Aproximo a câmera dando um zoom para pegar a placa. Pauso o vídeo enquanto faço uma ligação.

- Alô, Fábio... será que você pode puxar pra mim o dono dessa placa? MEE6Z66.

- Oi inspetora, sim claro. Só um minuto.

- Ok. Respondo enquanto olho atentamente o monitor pausado naquela imagem. Alguns minutos depois obtenho a resposta.

- Sinto muito inspetora, mas nas bases de registro não tem nome de nenhum dono, tenho apenas a informação de que é um carro alugado, pertence a empresa Hertz.

- Que merda! Resmungo do outro lado da linha.
- Mas você pode me passar o endereço de onde fica essa empresa?

- Sim. Fica em Torrijos, número 4.500.

- Muito obrigada Fábio, tenha um bom dia. Digo desligando o telefone.

Eu sabia que aquele carro tinha alguma ligação com o crime. Peguei as chaves que estavam sobre a mesa e sai.
Decidi que iria no meu carro e não com uma viatura e um policial me acompanhando como de costume. Meu faro me dizia que lá eu encontraria respostas.
40 minutos depois cheguei ao local indicado por Fábio.
Desci do carro, de óculos escuros, cabelo preso num rabo cavalo e a franja pouco desorganizada. Abri dois botões da camisa social azul bebê que eu estava usando e expus o meu  instintivo para fora.
Entrei na agência e fui direto ao balcão de atendimento.

- Bom dia! Sou a inspetora Macarena Ferreiro, gostaria de falar com o dono do estabelecimento por gentileza.

- Bom dia senhora. Só um minuto que vou chamá-lo.

Uns minutos depois um homem veio em minha direção.

- Bom dia inspetora, sou Sandoval. Dono do estabelecimento, no que posso ajudá-la?

Retiro os óculos e o encarando respondo:
- Sandoval eu preciso saber quem alugou o veículo com essa placa há duas semanas atrás. Digo entregando pra ele a numeração.

- Ok senhora, venha comigo até a minha sala.

Pesquisando nos arquivos do computador ele me disse:

- Bom, ele foi alugado no nome de Fátima Hamadi.

- E vocês não tem nenhum contato além do nome da pessoa que solicita o aluguel?

- A gente também solicita um comprovante de residência, além dos dados como identidade.

- Faça a gentileza de me passar esses dados.

- Certo. Aqui está uma via do contrato. Ele estende as mãos para me entregar o papel.

- Muito obrigada por colaborar com a polícia. Respondo segurando o contrato.

Assim que saio da agência de carros, coloco meus óculos escuros novamente e sigo em direção ao meu veículo. Com o endereço em mãos sigo na busca de respostas para o caso do senador Hierro.
No caminho para o lugar paro num drive-thru, peço um lanche e sigo a viagem. Vou comendo enquanto dirijo. Deixo o refrigerante no suporte lateral e nas pausas de farol fechado eu tomava um gole. 
Enquanto degustava o meu refrigerante sinto o impacto de um carro na traseira do meu veículo, imediatamente o refrigerante se espalha me molhando completamente.

- Puta que pariu. Resmungo enfurecida soltando o cinto de segurança, retiro o óculos para logo em seguida descer do carro.

Irritada vou em direção ao carro que colidiu com a traseira do meu. Os vidros escuros me impedem  ver quem estava dentro do carro.

- Então você bate no meu carro e ainda por cima não tem a dignidade de abrir a porra desse vidro pra se desculpar. Digo dando uns chutes na lateral do carro.

- Me desculpar pelo o que loira? Se você está errada? Diz a mulher abrindo o vidro do carro.

- Eu devo ter jogado pedra na cruz... respondo ao encarar a ruiva no volante do carro.

-Desce da porra do carro agora! Digo olhando fixamente para a mulher.

- Calma, sem estresse. Ela responde abrindo a porta do carro saindo lentamente.

- Olha o estrago que você fez. Aponto para o carro.

- Isso não teria acontecido se você não tivesse entrado sem dar seta. Disse enquanto acendia o cigarro. Respirou fundo, encostou na lateral do meu veículo, deu um trago e após soltar a fumaça me olhou com o ar de superioridade:

- Agora olha aí... porra, você não aprendeu na autoescola que ao sair de uma pista e entrar em outra você é obrigada a sinalizar com a seta para avisar quem está vindo atrás de você? Justamente pra evitar esse tipo de situação.

- Você se acha esperta demais não é mesmo? Respondo a encarando fixamente.

- Eu posso te garantir que não dormia nas aulas da autoescola. Ela diz enquanto traga o cigarro mais uma vez.

- Eu não tenho tempo pra perder aqui discutindo com você. Ainda estou em horário de trabalho, quero saber como vamos resolver essa situação? Digo caminhando de um lado para o outro muito irritada.

- Bom, a culpa não foi minha. Não sei o que você quer resolver loira.

- Olha porra, não me tira do sério. Eu não quero ser obrigada a te levar para a delegacia.

- Nossa loira, você não sabe resolver as coisas sozinhas não? Tem que chamar reforço? Suspira a ruiva me encarando com aquele ar de quem estava sempre com a razão.

- Você sabe com quem você está falando? Deveria ter um pouco mais de respeito.

- Respeito? Você veio chutando o meu carro sem se quer me ouvir. A descontrolada aqui não sou eu! Ela diz após jogar o cigarro no chão e pisando ele me encara seriamente.

- Foda-se. Olha o estado da minha roupa.

- Garanto que a lavanderia dá um jeito fácil.

- Você vai pagar o estrago ou vamos ter que resolver isso de uma forma menos amigável?

- Você que sabe loira. Quer mesmo me ter como inimiga?