— Como foi com o príncipe?
Estava deitada encolhida na cama desde a hora que voltei do almoço com o futuro rei de Monteblack. Era uma das poucas e raras vezes em que Ariadna fez uma interação comigo. Mesmo cheia de amargura, não pude evitar me virar, e me sentar para dar um pouco de atenção a ela.
— Deveria não ter ido. — respirei fundo tentando inutilmente não enlouquecer.
— Foi tão ruim assim? — Ariadna parecia mais nova fazendo essa pergunta. Ainda parecia incrivelmente preocupada comigo. O que me fez gostar mais dela, porque no quadro geral das coisas era difícil alguém parecer se importar em como isso tem me afetado.
Fechei meus olhos por um instante aplacando a sensação ruim em meu peito. Buscando as palavras corretas para abordar esse assunto.
— Tinha um anel. — A mulher em minha frente arregalou os olhos já entendendo o que eu estava tentando dizer. Um riso estrangulado rompeu do fundo de minha garganta. Essa situação estava me deixando desiquilibrada. — Então imagina o quão ruim foi esse encontro. Foi um desagrado total.
— Desculpe ter sugerido que fosse encontrar ele. — Ariadna se sentou aos pés de minha cama, e sua mão pegou a minha. Com esse pequeno ato, senti uma afeição enorme por ela, ainda mais do que já havia sentido. Estava completamente grata por sua presença aqui.
— Tudo bem... Eu deveria ir de qualquer forma. Mesmo que não quisesse ver o príncipe, precisava saber por que estava presa nesse quarto.
Ainda estava arrasada, mas minha cabeça não aparava de girar com a possibilidade de encontrar uma saída para toda essa situação. Não conseguia parar de pensar no que Elian tinha me falado sobre minha família. Uma vontade devastadora de mandar uma carta questionando todos os atos que cometeram contra mim era incrivelmente atraente, mas talvez se eu ficasse em silêncio houvesse uma pequena probabilidade de que eles ficassem perturbados. Então optei pela segunda opção, eles não mereciam notícias minha não depois de me traírem dessa maneira terrível.
Ariadna já estava em completo silêncio mais uma vez, e voltara a fazer algumas coisas pelo meu quarto. Como se estivesse fugindo das minhas perguntas e da minha companhia. Mesmo sem quase não trocarmos nenhuma palavra, eu preferia sua companhia assim a não ter mais ninguém aqui comigo. Era mais fácil assimilar minha própria falta de sorte assim.
— Você deveria ir dar uma volta e conhecer o palácio. — Estava olhando da sacada quando Ariadna surgiu do meu closet com uma pilha de vestidos de cores vivas que eu nunca usaria. Levantei a sobrancelha em uma pergunta silenciosa. Ela se apressou em continuar: — Eles deixaram a porta destrancada.
— Como sabe disso? — Mesmo eu que estava preocupada em prestar atenção em tudo para uma possível fuga não tinha percebido.
— Passo muito tempo em completo silêncio, então percebo com mais facilidade os sons a minha volta. — Ela apenas deu de ombros. Pela primeira vez eu sorri.
— Obrigada. — sussurrei como um segredo e já indo em direção à porta, que como ela havia falado estava aberta. A mulher em meu quarto abriu um pequeno sorriso em resposta, e eu já sabia... Tinha feito minha primeira e talvez única amiga nesse lugar.
Quando fechei a porta, e olhei ao redor, ainda tinha dois guardas com os rostos frios encarando vazio. Ninguém me impediu de passar, ninguém me falou para onde eu deveria ir. Levei isso como um bom sinal. Mesmo que aja uma grande porcentagem que o príncipe tenha ordenado para não ficarem no meu pé. E eu quase fiquei grata, estaria mais se não estivesse aqui.

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Reino Obscuro
FantasyExiste uma velha lenda de um Rei que doou seu próprio filho para a escuridão para salvar a vida de sua bela amada. Há um reino que vive obscuro, sem saber o que é amor, apenas o poder se torna um sentimento constante em seus governantes, o ódio perd...