Nove

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— Majestade!— Falei surpresa, me encolhendo atrás da porta. — O que faz aqui?

— O palácio é meu, então eu que deveria perguntar o que você está fazendo aqui. — Richard falou sombriamente e forçou a porta para eu dar passagem a ele.

Cambaleei para trás enquanto ele entrava. Meu quarto sendo preenchido por uma presença mortalmente sombria. Era como se a escuridão aflorasse por todo o interior, e meu corpo parecesse inteiramente menor com os olhos do rei cravados em mim. Me encolhi próximo a parede, sendo empurrada pelo seu espirito nenhum pouco convidativo.

Ele andava ao redor, observando, estudando, derrubando as coisas que estavam em cima de qualquer superfície. Quando um porta lápis caiu eu dei um salto, olhando os objetos caídos no chão.

— Por que está fazendo isso? — Minha voz estava me traindo e demonstrando seu breve tremor. O rei se voltou para mim com a maior calma existente no universo.

— O que você está fazendo com meu filho? — Richard parou bem a minha frente, segurando meu queixo com força, para que eu o encarasse ele nos olhos.

— Eu não estou fazendo nada! — sussurrei quando seus dedos tocaram minha garganta. Apertando, me sufocando. — Eu juro...

Mas o que falei por um último saiu mais como um suspiro estrangulado. Os seus dedos se apertaram mais, reprimindo e dificultando ainda mais minha respiração. Lágrimas estavam surgindo dos meus olhos, enquanto eu fazia força para não ceder e desmaiar.

— Eu não sei o que ele viu em você... — Seus lábios deslizaram pelo canto do meu rosto, e meu pavor se multiplicou. — É bonita, cheirosa, mas sem nenhuma graça da realeza. Nenhum traço que a destaque a faça ser útil para nós.

Queria responder, mas sua mão se apertou ainda mais, enquanto me debatia, parecia ser inútil, porque sua garra se prendia ainda mais a mim. Pontinhos pretos começaram a surgir em minha vista, e meu pulmão começou a arder como se estivesse pegando fogo.

— Sabia que ele estava noivo? Uma aliança bem produtiva para o nosso reino, a princesa de Lauren traria muitos benefícios para nós. Mas Elian abandonou tudo assim que te viu naquela maldita festa! — Richard me empurrou contra a parede fazendo que eu batesse a cabeça com força. Eu não conseguia entender o que estava se passando, mas minha nuca estava latejando muito além do que seria normal, e minha vista estava escurecendo. Estava morrendo. — Você nos causou muitos problemas!

Richard continuou falando, porém a essa altura eu já estava perdendo a consciência. A voz dele, mortalmente fria, parecia um sussurro distante. Meu corpo inteiro parecia estar amolecendo. Se entregando.

Entretanto, quando menos esperei o rei me soltou, e se afastou com a sua calma fria como gelo. Tão típica dos governantes do nosso país. Passei a mão pelo pescoço, como se fosse um aviso claro que o ar podia entrar, e meus pulmões ficaram gratos com a sensação de vida que os preencheu. Estava arfando. Buscando todo o oxigênio possível para entrar no meu corpo, enquanto estava curvada tentando recobrar o equilíbrio. Minha vista ainda estava turva, mas nada comparada com a sensação de poucos segundos atrás.

Levei a mão até a cabeça, onde mais doía e quando a trouxe com um gemido de frustração e dor, olhei o liquido quente e rubro na ponta dos meus dedos.

Quando a rainha me fez passar por aquela humilhação dias atrás para eu ver quem estava no poder, eu senti uma raiva desmedida dela. Porém, com o rei... Eu só senti o pavor absoluto, e o medo de que ele chegasse mais perto de mim. E Richard percebeu esse efeito que teve, pois havia um sorriso doentio em seu rosto, de pura satisfação ao ter o resultado esperado comigo.

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