Cama de gatas

Capítulo segundo

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Novos capítulos/histórias a cada uma ou duas semanas (de 2 até 4 capítulos por mês, depende da minha criatividade e tempo livre) sempre aos domingos às 12h.

A data da próxima atualização dessa história será no dia 01/11/2020.

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BEEP BEEEP BEEEEP BEEEEEP POW CRASH 

— Caralho... quebrei o celular... puta que pariu. 

É... meu dia não começou nada bem, tenho que controlar meu ódio involuntário com o despertador, ou então comprar um despertador de verdade, e que seja mais resistente à porradas em vez de usar um celular. Pelo menos era um antigo e agora eu tenho uma desculpa para comprar um novo. Antes de passar no DHPP eu passo no Iguatemi... digo... Shopping da Bahia e compro um outro. 

Olho as horas e... e não olho. Meu celular quebrou e sem ele eu sou um quase inútil. Como eu nunca estou atrasado, me convenço que não é hoje que estaria, então parti para a minha rotina matinal diária. Levanto e saio do quarto direto para a cozinha. Coloco minha maquininha de café para funcionar enquanto procuro pela massa de tapioca na geladeira. 

O bom da minha cozinha ser pequena é que pela manhã, momento mais letárgico do senhor Francisco Antunes aqui, eu não preciso me mover muito para alcançar as coisas. Em cinco passos já é possível trocar de cômodo, e em dois passos largos e calculados, é possível cobrir toda a área dela. Pena que a casa não é toda assim, principalmente o quarto. Acho a massa, e de quebra, pego queijo e presunto também. Após um passo largo, pego a frigideira e começo o MasterChef Francisco. 

Assim que terminei meu beiju misto, o café ficou pronto. Botei a tapioca no prato e açúcar e leite na xícara. Dei alguns passos largos e sentei no sofá. Liguei a televisão pelo controle e... GLOBO RURAL? SÉRIO?! 

— Ah, Zé, seu filho da puta. 

Com certeza foi ele que mudou o horário do despertador ontem, só pode ter sido ele... bem... pelo menos atrasado eu não vou chegar... terminei de comer sabendo o quanto aumentou o preço do gado bovino, e também o quanto a soja valorizou. Por conta do tempo livre, decido limpar a casa da bagunça de ontem. Após isso era a hora do banho e higiene bucal, e finalmente é hora de trancar a porta e ir para o trabalho.

Desço do prédio e vou para o ponto de ônibus do largo da vitória. Logo mais o Praça da Sé chegou. É o que eu quase sempre pego para ir ao trabalho. A porta se abre e eu subo, mas tenho certeza que esqueci de alguma coisa... 

— Bom dia, Ciscão. 

— Fala, Rapadura. 

Puta que pariu, foi só eu falar que já descobri o que tinha esquecido: eu escovei os dentes mas esqueci da língua... grave erro, grave erro demais. 

— Porra, Ciscão. — O cobrador falou. — Tem uma mais miudinha não cara? — Olhava para minha carteira gorda. — Trocar cinquenta logo cedo é foda. 

Calado, peguei a nota da mão dele e entreguei uma de dez. 

— Agora sim. — Falou liberando a catraca e me devolvendo o troco. — Pode passar.