Capítulo sexto

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Gente, vocês acreditam que as outras histórias desse perfil são DO MESMO AUTOR? Omg, tô in shokk, mas já passei lá pra ler a outra tbm e adorei, vocês deviam fzr o mesmo, recomendo pacas.

Próximo update: 22/11/2020

***

— Ôôôô, dona. — O mendigo tirou minhas mãos que o balançavam. — Cê num tinha filha ninhuma não. — Ele apontou para o banco. — Só botei você na cama, calma.

Eu não acreditava no que ele estava falando. Como assim minha filha nunca esteve aqui? HEIN?! Eu estava sempre com a minha filha, não me desgrudei dela nem um segundo, não é? Eu tenho certeza que não me desgrudei dela... mas então... por que eu não lembro de nada? Só me lembro do cara que serviu de guia... e... 

— Dona? — O mendigo me balançava. — Tá bem? 

Quando dei por mim, as lágrimas já tinham molhado o chão várias vezes. Levantei ainda cambaleando e saí pelas ruas de Salvador, quem me olhava de longe, prudentemente se afastava. Peguei a direção oposta do Corredor da Vitória. 

— VALENTINA! 

— A dona é maluca... 

— VALENTINAAA! 

— VALEN... — Minha voz falhou e junto com as tosses e soluços, tive que esperar um tempo até poder falar novamente. — VALENTIIINA! 

Desabei no chão, sentindo os impactos no joelho e querendo arrancar os meus cabelos naquela cena patética, gritava, chorava, e nada da minha filha. Voltei ainda em um ataque de fúria contra o mendigo, e dei-lhe uma rasteira seguida de um chute na cara quando ele caiu no chão. 

— CADÊ A MINHA FILHA?! 

Minhas lágrimas caíam na cara do mendigo, que estava bastante assustado com minha reação repentina. Alguns corredores matinais que perambulavam pela praça no momento sumiram rapidamente, e então eu voltei a chutá-lo. 

— CADÊ. — Um chute. — A. — Mais um chute. — MINHA. — Um outro chute. — FILHA?! 

— EU NÃO SEI DE NADA NÃO, DONA! — Ele se encolhia no chão por causa dos chutes. — EU NÃO SEI DE FILHA NÃO!

— EU VOU CHAMAR A POLÍCIA. — Uma voz saiu de dentro da praça. — SUA FILHA DA PUTA! 

Meu desespero aumentou, não ia conseguir achar nunca a minha filha se eu tivesse dentro de uma cela. Corri desesperada adentrando o Corredor da Vitória. Enquanto corria via as pessoas atravessando de pista, ou então andando quase costuradas aos prédios para não entrarem em contato com a maluca. Corri, corri até o hotel em que estava hospedada, com certeza não olhei para os recepcionistas, já sabia o que pensavam, e não me importava. 

Comecei a apertar o botão do elevador e rapidamente ele chegou, Jubileu queria me ajudar naquela situação, mas eu não lembrava do andar que estava, era o quê? Décimo? Décimo primeiro? Só sabia que tinha dois dígitos. Apertei no dez e Jubileu me tirou do mundo exterior. Aquele calor dele era como se ele me abraçasse, como se estivesse realmente vivo, como se me consolasse. Mas eu sabia que não tinha como me perdoar, olhava para o passado, tudo que eu já fiz e onde estava agora. Eu não merecia perdão. Nesse momento um flashback veio na minha mente. 

" — Bora passar no Cravinho, filha? 

— Mas por quê, Mamizinha? 

— Quero comprar uma garrafa de cravinho pro seu pai, acho que ele vai gostar, não acha?!" 

Cama de gatasOnde histórias criam vida. Descubra agora