Capítulo quinto

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Olá, caro leitor, tudo bem? Acredito que se você chegou até esse capítulo está mais do que óbvio que você leu, gostou da história, e já tá me seguindo, então né 😊 obrigado.

Próximo update: 15/11/2020

***

Olho para ela e me levanto. É engraçado quando me levanto e as pessoas se assustam com a minha altura. Quando não abrem bocas, arregalam os olhos. Espera um pouco… é por conta da minha altura, ou minha magreza? Prefiro pensar que é sobre a minha altura e continuar rindo da situação. Já que ela quer ir para a igreja de São Francisco, a gente vai nela. 

— Gostaram? — Perguntei às duas já dentro da igreja. — Não é linda? Olha essa quantidade de detalhes. 

— Realmente… — Luciana olhava tudo com brilho nos olhos. — Esses detalhes no azulejo... esse ouro todo... bem barroco mesmo. — Continuava a passar os olhos admirados em todo o seu redor. — Magnífica! 

— Esse tal de seu Francisco era rico mesmo, hein, sô. — A menina puxava a mão da mãe. — Né, mami? 

Começamos a rir e a menina ficou emburrada. 

— Por que ocês tão rindo? 

— Ô, minha filha. — Ela alisava a cabeça da filha. — São Francisco era considerado o pai dos pobres e… 

— Com esse dinheiro todo?! — A filha apontava para o ouro na igreja. — Assim fica fácil falar que é pobre. 

Gargalhar foi pouco para falar o que eu fiz, não importava o que a mãe dizia, "Seu Francisco" era um hipócrita para a menina. Bem, era melhor sair dali, o que tinha que ser mostrado já foi visto. Mas aproveitei a oportunidade para fazer o meu trabalho, afinal, um casal de turista com sua filha não levanta muita suspeita. Tudo bem que ela não parece ser muito minha filha pela cor de pele, mas o que não faltava era desculpa para cobrir isso. Vou usar desse tour para passar onde tenho que ir, isso é perfeito. 

— Querem conhecer outra igreja? — Dei um sorriso por causa da minha ideia. — Relaxem, não vou cobrar o trabalho de guia não. 

— Pode ser. — A filha estendeu os braços e a mãe colocou ela sentada nos ombros. — Qual a próxima?

— Só vem. 

O roteiro do tour não podia sair muito dali, e tinha que passar na Catedral Basílica de Salvador, e no Cravinho. Principalmente no Cravinho. Eu tenho que repetir o mesmo caminho que aquela família fez aqui no pelourinho antes do desaparecimento de sua filha. Por sorte, a Igreja de São Francisco foi exatamente primeiro local que a família Rocha fez. O tour já estava perto do fim, após o Cravinho, só restava a cubana. 

— Você bebe? — Bastou olhar para os olhos brilhando na dose de whiskey para ter a minha resposta. — Me vê duas doses de cravinho aqui. 

— Não, não quero não. — Ela tentava se afastar do local mas não tirava o olho do copo. — Eu não sou de beber. — Ela olhou para a filha. — E além do mais, aqui não é lugar de criança. 

Ao que tudo indicava, ela não curte a ideia de beber na frente da criança. Uma mãe exemplar, mas mesmo assim… a criança parecia já acostumada com o local em que estava. Então insisti, afinal, vir em Salvador, passar no Pelourinho, gostar de beber e não provar um cravinho é dizer que não gostou da cidade. 

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