18.

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— o que eu fiz? — Carol perguntou mais para si mesma do que para Day, tirando sua atenção da morena para olhar suas próprias mãos.

Day finalmente conseguiu se mover, e correu até onde Lucas estava desacordado graças à pancada contra o carro. a morena levou dois dedos até o ponto de pulso no pescoço de Lucas, suspirando em seguida.

— tudo bem, ele tá vivo. — falou, se levantando e olhou pros amigos que ainda estavam imóveis.

— Day, o que eu fiz? — Carol perguntou novamente, enquanto Day se aproximava.

Day segurou nos ombros de Carol e olhou brevemente para os amigos, antes de voltar a olhar nos olhos de Carol.

— a gente conversa sobre isso depois, ok? — a morena falou e Carol apenas assentiu. — precisamos ir pra casa.

— o que a gente faz com ele? — Bruno perguntou e Day mordeu o lábio inferior, pensando em algo.

— vocês levam a Carol pra casa, eu vou ficar. — Day se afastou um pouco de Carol e passou a mão por seus fios.

— m-me desculpa. — a ruiva disse, vendo os amigos se virarem para ela novamente. — eu... eu não sei como aconteceu. eu só... só queria... — Day a interrompeu.

— a gente sabe, baby. — falou, enquanto segurava as mãos de Carol entre as suas.— você só queria me proteger.

mesmo contra a vontade de todos, os amigos deixaram Day sozinha no estacionamento e levaram Carol para casa. Day suspirou ao ver os amigos sumirem, então caminhou novamente ao corpo de Lucas, que já estava despertando.

— hey, Lucas. — Day falou, enquanto ajudava o garoto, ainda desnorteado, a se levantar do chão.

— o que...? — Lucas levou a mão até sua cabeça, que provavelmente doía, mas não havia cortado.— PORRA, FOI VOCÊ. — o garoto gritou, assim que voltou à sua consciência total, empurrando o corpo de Day.

— ei, cara. eu não quero brigar com você. — a morena falou, se afastando um pouco do garoto. — eu mereci os socos que você me deu. você tem razão, eu fui culpada pela morte da sua irmã, mas você sabe tanto quanto qualquer pessoa que eu nunca faria mal à ela.

Lucas pareceu desistir, então Day sentiu confiança em se aproximar mais do garoto.

— Thay sempre foi minha melhor amiga, você sabe disso.— a morena mordeu a bochecha internamente enquanto os dois se encaravam. — aquilo foi um acidente, fomos idiotas e tivemos uma lição.

— então por que você sumiu depois daquele dia? — o tom de voz de Lucas ainda era mais alto do que o de Day, mas não era como uma acusação.

— isso é mais complicado do que parece. — a morena falou. — eu não posso explicar agora, e pode ter certeza que eu quis muito me bater depois daquilo. quando a ficha caiu, eu não consegui sentir nada, e o nada é pior do que sentir a tristeza. eu me senti vazia, minha irmã e minha melhor amiga mortas por minha culpa, você sabe o que é carregar essa informação?

o garoto permaneceu calado enquanto Day segurava o próprio choro, respirando fundo.

— é, Lucas. eu sei o que você tá sentindo, e eu entendo querer jogar a culpa pra alguém e fazer de tudo pra ver a pessoa sofrer, eu faria... — Day deu uma pausa, para se corrigir. — eu faço. — se corrigiu. — eu faço a mesma coisa. eu quero que eu sinta algo, que eu sofra por isso e seja condenada pro resto da minha vida. mas eu só consigo sentir o vazio, e eu deixaria você me bater só pela sensação de sentir algo. então se você quer me bater, vai em frente, me enche de porrada, mas isso não vai fazer sua irmã voltar.

Paredes. | DayrolOnde histórias criam vida. Descubra agora