24.

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Day não sabia o que falar, então apenas se manteve observando Thaylise de longe. queria entender tudo, ao mesmo tempo que preferia não saber de nada.

— você tá bem? — Carol perguntou, levantando seu rosto do ombro da morena para olhar em seus olhos.

Day desviou seu olhar de Thaylise até a ruiva, que estava sentada ao seu lado, com a cabeça deitada em seu ombro, e assentiu com sua cabeça.

— sim, sim.— a morena respondeu, antes de deixar um beijo sob o topo da cabeça da ruiva, vendo a garota deitar novamente o rosto em seu ombro.

— elas são namoradas, não são? — do outro lado da lancha, Thaylise perguntou à Bruno.

— acho que elas se gostam, Day parece gostar muito dela. — o garoto respondeu.— mas Carol passou onze anos sozinha, ela não deve entender os próprios sentimentos. a Day respeita isso.

— elas ficam bonitas juntas.— Thay falou, dando um sorriso ladino.

— até duas semanas atrás, eu diria que ela não superou o amor dela por você. mas vendo ela com a Carol, eu tenho certeza que ela nunca sentiu algo igual.— Bruno falou, e Thaylise afirmou com a cabeça.

— vocês não vão se falar? — Victor perguntou, sentando ao lado dos amigos, levando o olhar até as garotas no outro lado.

Day estava sentada, com os olhos fechados e um de seus braços passados por cima do ombro de Carol, enquanto a ruiva estava sentada de lado, metade deitada sob o corpo da morena, também com os olhos fechados.

— ela ainda deve estar confusa com isso. — Thaylise falou.— até horas atrás ela achava que eu tava morta.

— por culpa dela.— Bruno falou.— ela ainda acha que foi culpa dela.

— não foi, a gente não podia prever.— a garota falou, se remexendo um pouco e acabou resmungando.

— tem certeza que foi de raspão? — Victor perguntou e Thaylise assentiu.

— nós precisamos comer.— Dreicon falou enquanto saía da cabine da lancha, sentando ao lado das garotas que até o momento estavam em seus próprios mundos.

— eu tô sem fome. — Day falou, levando seu olhar para Carol.— você quer comer, ruivinha?

— o problema é que acho que aqui não tem nada, e não tenho idéia de como vamos conseguir comida.— Dreicon falou e se levantou, oferecendo sua mão para ajudar as garotas a levantarem.— eu vou procurar comida.

as garotas entraram junto com o Dreicon na cabine da lancha, onde Elana estava com seu notebook em mãos, fazendo algo.

— merda! — a loira exclamou, suspirando em seguida.

— o que foi? — Carol perguntou e Elana  levou o olhar até a ruiva.

— a entrada quebrou, ele caiu quando estávamos lá. — Elana falou ainda mexendo em algo no notebook.— eu descobri umas coisas ontem, antes de chegarmos, você lembra que eu te falei?

Carol concordou com a cabeça, indo até a garota, que colocou o notebook sob a bancada.

— eu lembro que você me falou que eram coisas que não ia nos ajudar a salvar a Day.— Carol disse, e agora Elana que concordou com a cabeça.

— cadê Thaylise e os outros dois? — Elana perguntou, tirando sua atenção do notebook para olhar para Dreicon, que assim como Day estava observando as duas garotas.

— vou chamar eles.— Day disse, indo para fora da cabine e em alguns instantes voltou com Bruno, Victor e Thaylise, que estava apoiada em Bruno.

— sempre pensei que não éramos os únicos a nascerem com poderes, e eu descobri de onde tudo isso começou. — Elana começou a falar, sem tirar os olhos de seu notebook.— em 1967, uma mulher foi parar no hospital diversas vezes por uso de diversos tipos diferentes de elementos químicos completamente tóxicos. tipo, tóxicos de verdade, completamente tóxicos. ninguém consegue explicar como ela conseguiu sobreviver ao contato com tantos elementos químicos. ela nunca explicou o porquê disso e foi considerada suicida. como os elementos eram algo restritos, começaram a investigar como ela conseguia acesso à eles. — Elana deu uma pausa, virando o notebook para os amigos, mostrando uma foto.— eles descobriram esse porão, ele tava cheio de elementos químicos, mercúrio era um dos que mais tinha. essa foto é de uma parte desse porão. — voltou a virar o notebook para si.— ela foi presa e levada à um centro médico pra ser tratada, acreditavam que ela era louca. mas ela conseguiu fugir, e ninguém a encontrou por anos. o caso foi deixado de lado, e em 1976, quase dez anos depois, em Nova Iorque, começou a ser espalhado panfletos de uma nova botique de perfumes que seria aberta e, na inauguração, todos que fossem iam poder experimentar completamente de graça os perfumes. como esperado, muitas mulheres foram, incluindo mulheres grávidas. ela havia estudado tudo, fazendo com que os elementos não acabassem matando as pessoas. infelizmente algumas grávidas acabaram perdendo o bebê, por serem muito frágeis, o contato com esses elementos os mataram. mas por outro lado, as crianças que nasceram e todas as mulheres que engravidaram depois de entrarem em contato com as toxinas, fizeram com que ocorressem um surto entre os anos 70 e 80 de várias crianças com poderes.

— nós não nascemos em nenhum desses anos.— Dreicon disse.— como...?

— isso tem uma explicação. — Elana interrompeu o garoto.— o nome dessa loja foi mudada, então ninguém sabe qual o nome atual. o antigo nome era Gravity Cosmetics, sim, bem tosco, mas depois que mudou, ninguém soube como se chamava.— Elana deu uma pausa.— a última botique com esse nome, foi fechada em 1986, dez anos após a abertura das lojas. quando estávamos lá dentro, eu vi uma sala com alguns "cosméticos", e tinha um nome escrito neles: GUC. assim que entramos nessa lancha, eu pesquisei sobre essa loja. a primeira loja foi aberta em 1987, um ano após o encerramento de vendas da Gravity Cosmetics. então, eu vi que essa empresa se tornou conhecida em vários países do mundo, o que explica a diversidade entre vocês. eles foram tão óbvios, que ne tentaram mudar o nome da empresa, apenas abreviaram. Gravity Universal Cosmetics, GUC.

— como ela fez isso? — Day perguntou, baixinho, para Carol.

— um dos poderes dela, faz ela ter um Q.I muito mais elevado que o normal, e ela é hacker.— Carol respondeu, dando um sorriso.

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— estamos chegando em Detroit.— Elana falou, enquanto os amigos terminavam de comer.

não havia comida dentro da lancha, mas quando estavam passando Soo Locks, o museu marítimo do Michigan, Dreicon se teletransportou até a cidade, levando consigo Day, que serviu de distração. enquanto Day comprava algumas coisas básicas, que podiam pagar, Dreicon acabou roubando outras coisas.

a comida havia sido suficiente para um dia e meio de viagem, por sorte havia galões de gasolina para a lancha.

— Day, posso falar com você? — Thaylise falou, e Day concordou com a cabeça.

não haviam se falado até então, e a morena saiu de perto de Carol para ir com Thaylise para o lado de fora da cabine.

Carol não queria admitir, mas estava com ciúmes das duas. mesmo Day tendo lhe falado, antes de se envolverem de alguma forma, que o amor que havia sentido por Thaylise era algo fraterno, se sentia insegura com a forma como Day estava reagindo à descoberta de que Thaylise estava viva.

aos poucos, Carol estava entendendo seus próprios sentimentos em respeito à Day, e isso estava deixando ela ainda mais confusa. ela sabia que estava gostando de Day, mas ao mesmo tempo pensava se não estava enganada sobre isso, e o medo de magoar Dayane estava acabando com a ruiva.

— precisamos chegar mais próximos pra deixarmos a lancha.— Elana disse, tirando Carol de seus próprios pensamentos. — mas que porra...?

Carol olhou para Elana, vendo ela com uma expressão assustada.

— eles tão nos cercando.— Day entrou com tudo na cabine e Carol demorou alguns segundos pra entender do que se tratava.

— eu acabei de ver.— Elana disse.— não tem pra onde irmos.

Paredes. | DayrolOnde histórias criam vida. Descubra agora