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Bárbara tentou explicar — da melhor forma que pôde — tudo, cada coisa que havia acontecido e cada detalhe de como planejavam tirar Caroline daquele lugar e os amigos apenas escutavam tudo, calmos, prestando atenção as palavras ditas pela morena, que agora estava passeando o olhar entre cada um dos garotos.

— relaxa.— Achaga sussurrou, a tensão de López era clara.

— em quanto tempo? — Elana perguntou após alguns instantes de silêncio. — em quanto tempo tiram ela de lá?

— é provável que ela saia em menos de seis dias. — Macarena quem respondeu.— nós temos vantagem com a idéia deles de mandarem ela para lutar contra o grupo que tentou invadir antes de vocês.

— ela vai ser transportada conosco, podemos mudar a rota e tirar ela de lá. — López complementou.— depois, é estar pronto para a guerra que vai se instalar entre todos nós.

— e como vamos entrar em contato com esse grupo? — Day perguntou, encarando as duas mulheres enquanto brincava com os próprios dedos.

Bárbara suspirou ao se endireitar na poltrona na qual estava sentada, estralando os dedos.

— vocês tiraram os chips rastreadores, mas eles sequer sabem que esses chips existem.— respondeu, passando a mão por entre os fios soltos e escuros.— desde que entrei nunca vi um grupo conseguir fazer tanto estrago quanto vocês fizeram, estão determinados. Macarena vai enviar a localização para vocês e tudo que vão precisar é ir até lá, eles vivem se escondendo desde que tentaram lutar a primeira vez.

— vocês poderiam acabar com eles sem o mínimo esforço. — Bruno comentou.— sabem a localização.

— podíamos. — a morena afirmou, encarando Bruno.— mas Tucker é traiçoeiro, ele gosta de jogos. ele vê tudo e deixa com que eles achem que estão vencendo, que estão conseguindo se esconder e com a esperança de surpreender a nós alguma hora.

— eles perderam três dos integrantes no meio tempo que tentam lutar contra eles.— Achaga adicionou a informação. — agora são seis, como vocês, e se conseguirem encontrar com eles e mostrar que são confiáveis, eles vão se juntar.

os amigos se entreolharam, como sempre faziam, como se pudessem conversar pelo olhar.

— e depois vamos todos lutar.— não foi uma pergunta e Day estava falando mais para si do que para os amigos.— acabar com eles.

— vai ser uma tarefa difícil, Tucker tem ótimos soldados, bem treinados... sabem lidar com pessoas como vocês. — López lembrou, observando a morena.— eles vão vir com tudo quando descobrirem que a Carol não seguiu o trajeto esperado, vão querer recuperar ela a todo custo.

— e sobre o outro? — Victor perguntou. — o garoto. com quem ele vai ser transportado?

— digamos que eles não se dêem tão bem, na verdade, ele tem um sentimento... peculiar pela Carol. — Bárbara falou. — eles são transportados em veículos diferentes. eu e a Macarena somos a escolta da Carol, ela sempre está sob nossa supervisão, então não vai haver problemas com ele.

— nós estamos prometendo que vamos tirar ela de lá.— Day notou a verdade no tom de voz da loira que agora falava.— e vamos lutar ao lado de vocês se precisar.

— queremos acabar com eles. — López falou por fim, trincando o maxilar.

»

Day não havia conseguido dormir durante a noite pensando e repensando sobre tudo que havia ouvido na noite anterior e, ao primeiro raio de sol, ela estava de pé.

não costumava beber café, mas se serviu de uma xícara cheia enquanto tentava pensar em algo útil, algo que fosse ajudar. se sentia impotente por ter que esperar mais tempo e estava tão absorta nos próprios pensamentos que não percebeu as malas feitas no canto da sala de jantar até Dreicon e Thaylise aparecerem arrumados ali.

o café estava quente, era sua segunda xícara, e a morena não se deu trabalho de levantar.

— boa viagem.— desejou, num tom frio, tomando um longo gole do café antes de se levantar e deixar a xícara na pia.

passou pelos amigos sem se importar em olhar para eles, não os julgava mas também não esperava aquilo deles. cada vez mais sufocante, era isso que sentia.

— Dayane. — Thaylise chamou, mas a morena não olhou para trás. — espera.

os pés de Day pararam de andar no meio do corredor, a irmã de Elana ainda dormia e, só por isso, a morena segurou a vontade de berrar para Thay tudo que estava sentindo.

— nós precisamos tanto de vocês dois.— Day disse, tentando disfarçar o tom de voz embargado.— mas podem ir, não quero ouvir nenhuma palavra pra justificar. se querem ir, podem ir. devem estar com pressa, já que não puderam esperar nem ao menos três dias para irem embora.

falou, sem se virar para encarar Thaylise ou Dreicon, e voltou a andar indo em direção ao quarto que estava dividindo com Elana e Bruno.

não pôs o pé para fora do quarto nem por um minuto até que Dreicon e Thaylise não estivessem mais lá, nem mesmo quando ouviu os berros de Elana para os dois ou os xingamentos de Victor e Bruno para eles também.

os dois haviam antecipado o voo... mesmo Dreicon tendo dito que estava com eles na noite anterior, mesmo com aquelas palavras ridículas, eles não haviam se dado nem ao menos três dias a mais.

estava despedaçada, perdida, agarrada num fio de esperança que nem ao menos sabia como havia sobrevivido a toda a frustação e desastre dentro de si. mas, o fio de esperança estava lá, e ela não o soltaria até ter Carol a salvo.

— eles foram embora.— Bruno anunciou ao adentrar o quarto.— e o Victor foi pra casa, os pais dele vieram buscar ele.

— a Elana recebeu alguma coisa?

Day perguntou, mas seu olhar ainda estava fixo no teto, sem desviar por nenhum segundo.

— ainda não, mas quando receber vamos atrás deles e tentar fazer eles se juntarem à nós. — Bruno respondeu, se sentando ao lado do corpo da morena e segurou sua cabeça, a levantando antes de a deixar sob seu colo.— ela tá bem, Day. vai ficar bem.

a morena encarou os olhos do amigo, que agora lhe fazia cafuné, tentando lutar contra o peso que esmagava seu peito.

— vamos tirar ela de lá.

foi a última coisa que Bruno disse antes que o silêncio fosse estabelecido.

Carol não obteve respostas ou vira Achaga ou López no dia seguinte ao que elas haviam ido até os seus amigos, mas antes de anoitecer foi puxada por López até a sala de jogos; agora oficialmente o lugar onde podiam falar sobre qualquer coisa.

— eles aceitaram.— López foi rápida em falar.— hoje a noite Achaga irá enviar a localização do grupo e eles poderão ir até os outros.

a ruiva se sentiu aliviada com aquilo e prestou atenção em tudo que López lhe explicou de uma só vez, dando destaque para a fuga que fariam em alguns dias, quando Carol fosse ser transportada. tentou guardar o máximo de detalhes que pôde antes que López saísse se esgueirando entre os corredores até que já não estivesse mais a vista da ruiva.

por um momento, Carol se permitiu sorrir, pensando que em breve iria rever Day, independente das consequências que enfrentariam; iria ver Day. a garota que, agora, sabia que amava.

nada mais importava para a ruiva naquele momento e se tivesse que fazer qualquer que fosse a coisa para se ver livre daquele lugar e perto de seus amigos, da garota que tanto desejava ver, ela faria. de novo uma luz se acendeu dentro de Carol, esperança, força... Carol estava forte e pronta pra qualquer coisa.

Paredes. | DayrolOnde histórias criam vida. Descubra agora