20 - Dar um Tempo

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Senti meu sangue gelar quando me dei conta do que tinha falado.

Lauren deu um jeito de sair de baixo do meu corpo, me o obrigando a sair de dentro dela e endireitar a postura. Ela abaixou a saia, a arrumando no corpo e me olhou de olhos arregalados, com o rosto contorcido em horror. Eu já senti minhas mãos começarem a tremer e tive vontade de me estapear por ser tão imbecil e deixar esse tipo de coisa escapar... digo eu nem sei se estava apaixonada por ela... né? E foi algo soltado involuntariamente...poderia ser uma coisa desconexa... não é? Só poderia ser... eu não podia estar apaixonada por ela...e se estivesse, não poderia ter falado para ela! Eu estava paralisada, não sabia oque dizer, só lhe olhava apavorada.

—  CAMILA?!

—  Eu...eu... droga...oque foi?—  perguntei, na tentativa de me fazer de sonsa, mas pareceu mais uma tentativa frustrada de formar uma frase trêmula. Ela negou com a cabeça e colocou as mãos cobrindo o rosto, enquanto resmungava baixinho.

—  Droga! Droga! —  eu simplesmente abaixei minha cabeça, arrumando meu membro dentro das calças —  meu Deus...Camila?

—  Eu não sei... —  suspirei, sem coragem de olhar para seu rosto, eu estava em pânico, prestes a desmaiar, parece que toda a dor (a mesma que estava esquecida) que eu tinha sentido pela pancada, tinha ficado duas vezes pior, provavelmente era psicológico, e Lauren, não estava muito melhor... parecia estar surtando... droga, a ideia de me ter apaixonada por ela era tão terrível assim? E eu?! Ela não pensava que isso estava sendo difícil para mim também? Não é como se eu tivesse desejado gostar dela de outra MANEIRA! E foi ela que começou com toda essa ideia de amizade colorida, estaríamos na mesma se não fosse essa ideia maluca dela, claro, eu não fui obrigada a aceitar...qual é meu problema?! Porque eu tinha que me apaixonar logo pela Lo?! Eu nem percebi quando comecei a gostar dela assim...e se eu gostasse sempre dela... só estivesse negando para mim mesma...como estava fazendo nesses últimos dias?

—  Camila...eu...eu disse que isso não podia acontecer...—  ela disse baixinho, com pesar, a ouvi respirar fundo —  Camz...eu...eu acho melhor pararmos...dar um tempo... isso deve ser coisa de momento... —  ergui meu olhar pela primeira vez, encarando ela com descrença, mas não podia negar que estava cheia de medo, ela disse terminar? —  você deve estar confundindo tesão...com paixão...vamos dar um tempo... até você... Não sei... droga... isso não vai dar certo... não era pra confundir... —  eu senti minha garganta fechar e meus olhos ficando marejados, mas logo olhei para o chão, para ela não perceber isso, mas ela viu, visto que suspirou pesadamente —  Camz... é o melhor...

—  Eu sei... —  disse nervosa, mordi meus lábios e neguei com a cabeça —  eu...estou com meu olho doendo...acho melhor ver isso... —  engoli em seco ainda sem olhar para ela.

—  Certo...eu vou com você até a...

—  Não...acho melhor não —  cruzei os braços e dei um pequeno sorriso forçado em sua direção, logo desviando meu olhar novamente —  vai para a sua aula, não quero te causar problemas.

Sem a deixar falar nada, sai do banheiro, e caminhei até a quadra do colégio, a essas horas estaria vazia, e eu poderia ficar sozinha.

Quando cheguei nas arquibancadas, fui até o fundo e sentei, abracei meus próprios joelhos e afundei minha cabeça entre eles, deixando as lágrimas caírem.

[>>>]

—  Cam... Camila? —  ouvi uma voz masculina perguntar, me causando um susto, e sem pensar, olhei para pessoa, era Shawn, ele estava de pé, segurando uma das mãos me olhando preocupado. Quando viu o provável estado deplorável do meu rosto, arregalou os olhos e se sentou ao meu lado —  Eu devia ter matado aquele imbecil! —  ele trincou o maxilar, e estava prestes a se virar, pronto para se afastar, mas eu deixou um soluço escapar, o fazendo me olhar novamente.

— Shawn...me abraça, por favor?—  disse baixinho, a feição dele amoleceu um pouco e sem demorar o rapaz se voltou para mim novamente, me envolvendo nos seus braços.

—  Vai ficar tudo bem...—  deixou um beijo na minha cabeça enquanto me ouvia soluçar no seu peito.

— E-e-eu sosou u-u-u-ma completa imbe-cil — soluçava e ele em resposta me abraçava mais forte — eu... é tu-tudo mi-mi-nha culpa...

— Eu estou aqui Mila, pode chorar...

E eu chorei, não sei por quanto tempo, mas chorei até não conseguir mais, e Shawn, a todo momento esteve ali.

[>>>]

— Você tem certeza que está melhor, Mila? — ele perguntou, me olhando ainda preocupado — se quiser eu posso ficar com você...se seus pais não se importarem...

— Estou... não ótima, mas na medida do possível estou, obrigada — sorri agradecida na sua direção, Shawn deu um sorriso também, segurou minha mão.

— Quer me dizer o porquê está assim?

— Eu... só se me dizer como me achou lá...

— Na verdade eu não estava procurando, achei que estaria com a Lauren...a Dinah me disse que viu vocês se afastando juntas — engoli em seco, ao ouvir o nome dela, mas me limitei a sacudir a cabeça — eu queria respirar um pouco, para voltar para a aula, e então encontrei você na quadra, eu sempre vou para lá quando quero ficar um pouco sozinho, nem os professores vão lá quando não é para dar aula.

— Sim... — então abri a boca em choque e arregalei meus olhos — eu, eu ao menos perguntei como você está! Sou uma péssima amiga! você está bem?

Ele deu de ombros e apontou para a sua mão direita, que percebi estar com um pequeno corte, provavelmente devido ao soco que ele deu, peguei sua mão e comecei a avaliar ela.

— Estou bem Mila, sério, quem não está, nem um pouco, é o imbecil do covarde que te bateu, por sorte, nem um dos alunos, nem mesmo os amigos dele, ficaram do lado dele, falaram que ele bateu em você, chamaram minha avó para me dar uma advertência, mas fora isso, estou bem, ainda sai como o salvador de garotas em apuros! — riu negando com a cabeça, mas não puxou a mão que eu estava segurando, eu sorri também — veja, sai no lucro! Mas definitivamente as coisas vão ficar pior para ele quando seus pais virem isso — apontou para meu rosto — sinto muito, Camila... Eu cheguei tarde demais, não deveria ter permitido que você tivesse apanhado — disse parecendo envergonhado.

— Shawn, você foi um amor hoje, não sei como te agradecer — sorri para ele — não sei o que poderia acontecer se você não tivesse me "salvado" —  ele riu parecendo ficar ainda mais envergonhado, com as bochechas vermelhas —  obrigada.

— Eu só fiz o mínimo, Mila, nunca deixaria ele te tocar e sair como se nada tivesse acontecido.

Eu novamente não pude evitar sorrir e me inclinei, deixando um beijo na sua bochecha.

— Obrigada novamente, por tudo.

Friendly Feelings (Interx)Onde histórias criam vida. Descubra agora